Polêmica no Flamengo: Diretor da Base Causa Repercussão Negativa com Declarações

Uma recente coletiva de imprensa no Ninho do Urubu, que deveria marcar a apresentação de Alfredo Almeida como o novo diretor-executivo das categorias de base do Flamengo, transformou-se em um foco de controvérsia significativa. As declarações proferidas pelo dirigente português sobre as características de jogadores de diferentes continentes provocaram uma onda de críticas e uma recepção desfavorável por parte da comunidade esportiva.

Almeida, que havia desembarcado no Flamengo em janeiro de 2025 como auxiliar direto de José Boto, então diretor técnico do futebol profissional, ascendeu à posição de liderança na base rubro-negra na última segunda-feira, 14 de julho, após a saída de Carlos Noval. Sua promoção, no entanto, foi ofuscada por uma fala que gerou imediata repercussão negativa.

As Observações que Despertaram Críticas

Ao ser questionado sobre a essência do futebol praticado no Brasil e a importância de resgatar a "magia" na formação de jovens talentos, o diretor português optou por traçar comparações que se revelaram problemáticas. Inicialmente, ele destacou a singularidade dos atletas nacionais:

O que o atleta brasileiro tem, provavelmente, não há em mais nenhuma parte do mundo. Tem a ver com o dom, a magia, a irreverência, a relação com a bola.

Contudo, a sequência de suas ponderações incluiu generalizações sobre jogadores de outras regiões do globo, que foram amplamente percebidas como estereotipadas. Almeida prosseguiu:

A África tem valências físicas como em quase nenhuma parte do mundo. Na parte mental, temos que ir a outras zonas da Europa e do globo.

Para complementar sua explanação, o dirigente fez referência a exemplos do futebol brasileiro, reiterando sua perspectiva:

Exceção nós temos o Ronaldo Fenômeno, que tinha tudo. Mas a regra é termos os Neymares da vida. Jogadores franzinos, mas que a bola faz parte do corpo, que descobrem soluções em campo como ninguém.

Essas observações, que buscavam categorizar habilidades com base na origem geográfica, foram prontamente repudiadas por grande parte do público e da imprensa, gerando um debate intenso sobre a sensibilidade e o rigor necessários em posições de tamanha influência.

A Retratação Oficial e o Compromisso com a Diversidade

A intensidade da repercussão negativa impeliu o Clube de Regatas do Flamengo a agir prontamente, divulgando uma nota oficial de esclarecimento. Alfredo Almeida, por meio do comunicado, reconheceu que suas palavras haviam sido objeto de má interpretação e expressou publicamente seu pedido de desculpas pelo incidente.

Em sua declaração oficial, o diretor afirmou:

Um trecho específico da minha fala, isolado do contexto geral, acabou gerando interpretações que em nada refletem meu pensamento. Por isso, peço desculpas se a forma como me expressei causou qualquer desconforto.

Na mesma nota, Almeida fez questão de reforçar sua visão sobre as diversas qualidades presentes em atletas ao redor do mundo, buscando corrigir a percepção gerada por suas falas iniciais:

Tenho total consciência de que há atletas com grande capacidade tática no futebol africano, assim como existem jogadores europeus com enorme talento criativo e brasileiros com impressionante força física.

O dirigente português concluiu sua retratação reafirmando os princípios que, segundo ele, guiam sua atuação profissional e seu empenho no Flamengo . Ele enfatizou seu compromisso com um trabalho de formação que valoriza a inclusão e a diversidade.

Reforço meu respeito a todas as culturas, povos e escolas do futebol. Sigo comprometido com o trabalho de formação no Flamengo, pautado por valores como inclusão, diversidade, ética e desenvolvimento integral dos nossos atletas.

O episódio, embora lamentável, sublinha a sensibilidade do debate em torno da formação de atletas e a necessidade de uma comunicação cuidadosa por parte de figuras públicas no esporte.