Nunes e Lívia: O Dilema Familiar Rubro-Negro x Vascaíno no Clássico Carioca

O Clássico que Divide Gerações: Nunes e o Coração Vascaíno de Lívia

O cenário para mais um Flamengo versus Vasco está montado, e com ele, a peculiar dinâmica familiar dos Nunes entra em evidência. De um lado, o renomado ídolo rubro-negro, artilheiro da emblemática geração dos anos 80. Do outro, sua primogênita, Lívia, que, contrariando as expectativas, desenvolveu uma profunda paixão pelo futebol, mas vestindo as cores do arquirrival cruzmaltino. Uma ironia do destino que adiciona uma camada particular à rivalidade histórica.

A surpresa de Nunes diante da escolha clubística da filha é palpável. "Jamais eu imaginava que minha filha iria ser vascaína. Quando ela está na torcida do Vasco liga para mim (para provocar)", revela o ex-jogador, demonstrando o impacto dessa lealdade dividida. Lívia, por sua vez, não hesita em narrar os desdobramentos dessa provocação familiar: "Ele já me bloqueou no WhatsApp por causa de mensagem, de áudio, de figurinha..."

Legado Rubro-Negro e a Inevitável Paixão Cruzmaltina

Lívia veio ao mundo um ano após seu pai consolidar seu status de herói, marcando o gol do título carioca de 1981 justamente contra o Vasco. Cresceu testemunhando os feitos de Nunes pelo Flamengo , ouvindo sobre os inúmeros gols e, em especial, os dois tentos decisivos na final do Mundial contra o Liverpool. Contudo, nem a glória paterna foi capaz de moldar suas convicções clubísticas.

A persistência do ídolo em tentar converter a filha foi uma constante. "Durante muito tempo ele tentou, não falava que eu era vascaína, ainda acreditava que eu pudesse virar flamenguista. Mas não tem jeito (risos)", afirma Lívia, com um toque de resignação e humor. O destino, caprichoso, quis que Lívia se apaixonasse pelo único dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro em que seu pai não atuou profissionalmente.

A Trajetória de Nunes e a Escolha Inesperada da Filha

A carreira de Nunes, embora icônica no Flamengo , teve passagens por outros gigantes cariocas. Ele iniciou nas categorias de base rubro-negras, mas sua trajetória profissional o levou primeiro ao Fluminense entre 1978 e 1979. Retornou ao Flamengo para se tornar um ídolo na década de 1980 e, posteriormente, defendeu o Botafogo por uma temporada em 1984. Essa diversidade de camisas, no entanto, não previu a singularidade da escolha de sua filha.

No aguardado confronto deste domingo, com a bola rolando às 17h30 (horário de Brasília) no Maracanã, a "ordem" estabelecida é clara: o reencontro só ocorre após o apito final. "Junto não vai ter como", sentencia Lívia, delineando a separação temporária imposta pela paixão clubística. Nunes, com a expectativa de quem anseia pela vitória, completa: "Ela lá na torcida do Vasco e eu na do Flamengo . Depois passar, olhar e dizer: 'Não falei'?" Uma cena que se repete, ano após ano, no vibrante palco do futebol carioca, onde a lealdade clubística, por vezes, supera até mesmo os laços familiares mais profundos.