Nasser Al-Khelaifi admite que temeu derrota para o Flamengo

O Flamengo consolidou sua posição de potência financeira e esportiva ao encerrar o ciclo de 2025 com uma arrecadação sem precedentes. Durante encontro com o quadro de sócios na última terça-feira, o presidente Bap oficializou que o clube atingiu um faturamento superior a R$ 2 bilhões. Este montante não apenas sustenta as quatro taças levantadas no ano, incluindo o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores, mas também fundamenta uma postura agressiva para o futuro do departamento de futebol.

A diretoria rubro-negra enviou um recado direto aos concorrentes nacionais e internacionais. Com o caixa robusto, a promessa é de que o Flamengo não permitirá que nenhum adversário supere seus investimentos nas próximas janelas de transferências. O objetivo é transformar a hegemonia financeira em uma soberania técnica incontestável, visando retornar ao topo do mundo após o título mundial ter escapado por detalhes na última decisão.

Estratégia financeira e o domínio nas próximas janelas

Apesar da galeria de troféus ter aumentado, o sentimento nos bastidores da Gávea é de que o projeto poderia ter alcançado o ápice máximo no Catar. A performance diante do Paris Saint-Germain na final da Copa Intercontinental deixou uma marca profunda, não pela derrota nos pênaltis após o empate por 1 a 1, mas pela demonstração de paridade técnica contra um dos elencos mais caros do planeta. Bap ressaltou que houve uma "Sensação de dever cumprido" ao analisar o balanço da temporada.

O mandatário rubro-negro enfatizou que o reconhecimento global obtido pela equipe de Filipe Luís superou o peso da medalha de prata. Para o dirigente, o Flamengo conseguiu desmistificar a ideia de que clubes sul-americanos entram como meros coadjuvantes em confrontos desta magnitude. A postura em campo refletiu um planejamento de longo prazo que agora busca novos patamares de excelência.

? É muito raro você perder e as pessoas terem o nível de reconhecimento que elas tiveram. Claro que foi pelo conjunto da obra, não pelo resultado do jogo em si. Em que pese, eu não queria comentar, mas vou falar: uma pena porque na maior parte do jogo a gente jogou mais do que o PSG. Essa é a beleza do futebol. Muita gente achava que o Flamengo era o underdog (azarão, em inglês), vamos jogar por uma bola como o Botafogo ganhou do PSG. E aí querem os Deuses do futebol que você comece pior, chega junto, começa a jogar melhor, tem chances importantes, para perder nos pênaltis. Eu estava em campo durante a disputa de pênaltis e estava lembrando que as pessoas diziam: "Ah, europeu não dá importância a isso, não estão preocupados". A euforia deles quando venceram, parecia que tinham ganhado uma Copa do Mundo ? afirmou Bap.

O reconhecimento de Nasser Al-Khelaifi nos bastidores do Catar

Um dos momentos mais emblemáticos da passagem pelo Catar ocorreu após o apito final, no contato direto entre as cúpulas dos dois clubes. Bap revelou o teor da conversa com Nasser Al-Khelaifi, o influente empresário catari e proprietário do PSG. Segundo o relato, o dono do clube francês demonstrou surpresa com a resiliência e a qualidade técnica apresentada pelos brasileiros, admitindo que o favoritismo europeu esteve seriamente ameaçado durante o confronto.

O diálogo expôs o impacto que o Flamengo causou na elite do futebol europeu. Al-Khelaifi foi enfático ao elogiar a eficiência administrativa do Mais Querido, que conseguiu competir em alto nível mesmo operando com uma fração do orçamento disponível para o gigante de Paris. A postura do xeique foi vista como um atestado de que o trabalho realizado no Ninho do Urubu está no caminho correto.

? Parabéns a eles, tiveram mais sorte, foram mais competentes, mas nós chegamos lá. O próprio xeique lá, o emir que é dono do clube, ao final do jogo falou para mim: "Olha, a maior parte do jogo eu fiquei muito preocupado. Porque eu comecei muito confiante, depois comecei a ficar não muito confiante, comecei a achar que a gente ia perder e, no final, nos pênaltis, estava muito nervoso e não consegui nem usufruir. Vocês estão de parabéns, devem ter um investimento que é 1/8 do nosso e tiveram esse tipo de performance". Ele podia ter sido elegante, só me cumprimentado, mas acho que ele foi superlativo em relação ao Flamengo. Isso faz parte do orgulho que todos nós sentimos de que perder é uma m..., mas a gente perdeu de cabeça erguida ? relatou o presidente rubro-negro.

Análise técnica de Luis Enrique e o futuro de Filipe Luís

A superioridade momentânea do Flamengo no tempo regulamentar não foi notada apenas pelas tribunas. No campo, a organização tática imposta por Filipe Luís gerou dificuldades extremas para o esquema de Luis Enrique. O treinador espanhol, conhecido por seu rigor analítico, não poupou elogios à maturidade do time carioca e à capacidade de seu jovem comandante em ler o jogo e explorar espaços contra uma defesa de elite.

O desempenho sólido, especialmente na segunda etapa, quando o Flamengo buscou o empate e pressionou o adversário, serviu como uma vitrine para o potencial de Filipe Luís no cenário mundial. A análise do técnico do PSG reforça que o clube carioca atingiu um patamar onde sua identidade de jogo é reconhecida e respeitada internacionalmente, independentemente do palco ou do oponente.

? (O Flamengo) defende em qualquer tipo de campo, alto, baixo, time compacto, tem excelentes jogadores. Mentalidade de equipe parecida com PSG. Tivemos de bater no limite superior para bater o Flamengo. Filipe pode treinar qualquer equipe do mundo, é muito jovem. Uma equipe que jogou com a bola de maneira perfeita, que também jogou no espaço. São muito rápidos. Esteve num nível muito alto. Foi muito difícil, mas a mentalidade e a qualidade dos meus jogadores, de jogar um bom futebol... Primeiro tempo defensivo nosso foi incrível, pressionamos o tempo todo. Depois do pênalti, a partida ficou mais equilibrada. É parabenizar o Flamengo por toda a temporada ? concluiu Luis Enrique.