Gabigol decide contra Flamengo no Mineirão: Reencontro, xingamentos e o gol da vitória do Cruzeiro

O palco estava montado para um reencontro carregado de emoções. O Mineirão, com seus 50 mil lugares ocupados, testemunhou a volta de Gabriel Barbosa, agora vestindo a camisa do Cruzeiro, para encarar o Flamengo, clube onde ascendeu ao status de ídolo inquestionável. O desfecho, contudo, foi digno de um roteiro dramático, culminando em uma vitória da Raposa por 2 a 1, decidida nos instantes finais por ele próprio, em meio a um misto ensurdecedor de hostilidade e celebração.

A atmosfera era tensa desde o momento em que o time celeste subiu ao gramado para o aquecimento e durante o anúncio oficial da escalação. Das arquibancadas ocupadas pela torcida rubro-negra, ecoavam impropérios dirigidos ao antigo camisa 9. A mensagem era clara e direta: "Gabigol, vá se f*, o meu Flamengo não precisa de você."

A Recepção no Gigante da Pampulha

Em resposta aos protestos, os torcedores do Flamengo entoavam cânticos em louvor a Pedro e Arrascaeta, atletas que, ao lado de Gabriel, foram pilares em conquistas históricas e permanecem no elenco. Paralelamente, a massa cruzeirense respondia com manifestações de apoio ao seu novo atacante, criando uma dicotomia sonora marcante no estádio.

Ainda antes de a bola rolar, em um gesto que denotava respeito e carinho pelos laços passados, Gabi fez questão de dirigir-se ao banco de reservas do clube carioca. Ali, distribuiu abraços calorosos aos antigos companheiros e, de forma especial, a Filipe Luís, que o teve como colega de equipe e, posteriormente, como comandado técnico.

Uma Trajetória Vencedora no Rubro-Negro

Gabriel Barbosa chegou ao Flamengo em 2019, vindo de uma passagem discreta pela Europa e um retorno triunfal ao Santos, onde havia sido artilheiro do Campeonato Brasileiro. Sua integração foi imediata e impactante. Já em seu primeiro ano, por empréstimo da Inter de Milão, foi peça fundamental na equipe comandada por Jorge Jesus, que conquistou o Brasileirão e a Copa Libertadores, selando sua compra definitiva por um valor estimado em R$ 80 milhões e um contrato de cinco anos.

Os anos seguintes consolidaram seu status. Entre 2020 e 2022, Gabi manteve-se como titular absoluto e acumulou estatísticas impressionantes. Embora tenha enfrentado momentos de instabilidade e chegado a frequentar o banco nos dois últimos anos de seu vínculo, encerrou sua passagem de forma decisiva, marcando o gol que garantiu o título da Copa do Brasil do ano anterior.

Ao longo de seis temporadas pelo clube da Gávea, Gabriel acumulou 13 títulos, registrou 161 gols e distribuiu 44 assistências em 306 partidas. Sua transferência para o Cruzeiro, ao final do ano passado, foi consequência direta de impasses nas negociações para uma possível renovação contratual.

O Momento Decisivo em Campo

Durante boa parte da partida, Gabriel permaneceu no banco, observando o desenrolar do confronto. Sua entrada em campo ocorreu apenas aos 41 minutos da etapa final, a pedido do técnico Leonardo Jardim, sendo recebido por uma nova onda de vaias da torcida flamenguista ao ter seu nome anunciado. Antes disso, já havia demonstrado envolvimento com o jogo, levantando-se para celebrar o gol de Kaio Jorge com os companheiros no banco e trocando palavras com o treinador.

Atuando ao lado de Kaio Jorge (e depois Bolasie), Gabi teve pouco tempo para construir jogadas de grande perigo. No entanto, o destino reservou a ele a oportunidade mais crucial do jogo. Nos acréscimos, um pênalti foi assinalado a favor do Cruzeiro após falta em Eduardo. Gabriel pegou a bola, preparou a cobrança, que foi defendida pelo goleiro Rossi. Mas, atento ao rebote, o atacante não hesitou e mandou a bola para as redes.

Em um claro gesto de respeito ao seu ex-clube, Gabriel optou por não comemorar o gol. Contudo, foi imediatamente cercado e festejado por todos os seus companheiros de equipe, incluindo o goleiro Cássio, que atravessou o campo para parabenizá-lo. Após o apito final, a emoção contida no momento do gol explodiu em vibração intensa ao lado dos companheiros e da torcida cruzeirense, selando um reencontro que ficará marcado na memória do Mineirão.