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Bruno Henrique Denunciado: Escândalo de Apostas e Fraude Esportiva no Futebol
Por Redação Flapress em 12/06/2025 00:00
O renomado atacante Bruno Henrique, peça fundamental do Flamengo, encontra-se no centro de uma grave controvérsia jurídica. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) formalizou uma denúncia contra o atleta, apontando sua alegada participação em um intrincado esquema de manipulação de resultados em apostas esportivas. A denúncia abrange, além do jogador, mais oito indivíduos, e as imputações contra Bruno Henrique são de estelionato e fraude a evento associado a competição esportiva. As possíveis sanções penais, caso condenado, podem ascender a 17 anos e 8 meses de reclusão. Adicionalmente, o MP requereu a imposição de uma reparação por danos morais coletivos no montante de R$ 2 milhões, valor este também sugerido como fiança para assegurar sua presença em todas as etapas do processo judicial.
A Acusação Formal e o Cartão Amarelo Questionado
A essência da acusação, conforme trecho da denúncia do MP, revela uma ação deliberada:
"O denunciado Bruno Henrique, que atuava como atacante da primeira agremiação, agindo de forma livre e consciente, fraudou, por meio de provocação intencional e premeditada, evento associado à competição esportiva, consistente na sua punição por cartão pelo árbitro da partida."
A narrativa prossegue detalhando o modus operandi:
"Então, na oportunidade planejada, na arena do Mané Garrincha, instigado pelo irmão WANDER, BRUNO HENRIQUE provocou deliberadamente situação de jogo, um golpe temerário contra o adversário, que sabia que redundaria na sua punição com cartão amarelo."
Este ato, supostamente premeditado, visava justamente a obtenção de um cartão amarelo para favorecer as apostas.
A petição ministerial, fundamentada no art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, busca a reparação dos prejuízos coletivos. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) "requer seja fixado o valor mínimo de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para efeitos de reparação dos danos morais coletivos causados pelos atos criminosos praticados pelos denunciados."
A Rede de Envolvidos e os Laços Familiares
Além de Bruno Henrique , a denúncia do MPDFT abrange outros oito indivíduos, muitos deles com laços familiares ou de proximidade com o jogador. Entre os nomes citados estão Wander Nunes Pinto Júnior, irmão de Bruno Henrique , apontado como instigador da ação no campo; Ludymilla Araújo Lima, cunhada do atleta; Poliana Nunes Cardoso, sua prima; e Claudinei Vitor Mosquete Bassan, amigo de Wander. Completam a lista Rafaela Cristina Elias Bassan (esposa de Claudinei), Henrique Mosquete do Nascimento (irmão de Claudinei), Andryl Sales Nascimento dos Reis (amigo de Claudinei) e Max Evangelista Amorim (amigo de Andryl). Um nono investigado, Douglas Ribeiro de Pina Barcelos, escapou da denúncia ao celebrar um acordo de não persecução penal, comprometendo-se a colaborar com as investigações.
A gênese dessa complexa investigação remonta a um momento específico: o cartão amarelo recebido por Bruno Henrique durante a partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023. Naquela ocasião, agências e sistemas de monitoramento de apostas acionaram um sinal de alerta, detectando uma movimentação atípica e suspeita no mercado de apostas relacionadas a cartões. Tal anomalia impulsionou uma minuciosa investigação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público em Brasília. O desdobramento natural foi o pedido de indiciamento do jogador pela PF, culminando agora em sua inclusão entre os formalmente denunciados.
As Provas: Conversas Interceptadas e o Esquema de Apostas
As investigações revelaram um panorama detalhado da suposta fraude, amparado em interceptações telefônicas, notadamente do celular de Wander Pinto Júnior, conhecido como Juninho, irmão de Bruno Henrique . Tais diálogos, segundo a denúncia, evidenciam a existência de apostas pré-combinadas acerca do cartão amarelo que o atacante do Flamengo receberia na partida contra o Santos. Wander, também denunciado, teria sido o elo inicial, recebendo de Bruno a intenção deliberada de ser advertido. As conversas indicam que ele, inclusive, utilizou a conta de sua esposa para ampliar o volume das apostas. A partir de Wander, a informação, descrita como "A letra", teria sido disseminada para um segundo círculo de apostadores, liderado por Claudinei. Essa "informação privilegiada" teria impulsionado um volume significativo de apostas em diversas plataformas, com movimentações registradas desde a véspera do jogo.
Os registros das apostas, apresentados na denúncia, corroboram a tese da manipulação. Diversos valores foram apostados, com retornos significativos, em plataformas distintas, muitas vezes com contas criadas em datas suspeitas, próximas ao evento. A Betano, inclusive, tomou a medida drástica de travar pagamentos e cancelar as apostas envolvidas.
Apostador | Plataforma | Aposta | Retorno Potencial | Observação |
---|---|---|---|---|
Claudinei Mosquete | KTO | R$ 375 | R$ 1.125 | Conta criada no dia do jogo |
Rafaela Bassan (mulher de Claudinei) | GaleraBet | R$ 380 | R$ 1.178 | Conta criada na véspera do jogo |
Rafaela Bassan (mulher de Claudinei) | Betano | R$ 380 | R$ 1.178 | Pagamentos travados e apostas canceladas |
Henrique Mosquete (irmão de Claudinei) | Betano | R$ 380 | R$ 1.178 | Pagamentos travados e apostas canceladas |
Henrique Mosquete (irmão de Claudinei) | KTO | R$ 375 | R$ 1.125 | Conta criada no dia do jogo |
Ludymilla Araújo Lima | GaleraBet | (Não especificado) | (Não especificado) | Conta criada na véspera do jogo |
Max Evangelista Amorim | GaleraBet | (Não especificado) | (Não especificado) | Conta criada na véspera do jogo |
Andryl Sales Nascimento dos Reis | GaleraBet | (Não especificado) | (Não especificado) | Conta criada na véspera do jogo |
Consequências Atuais e o Futuro da Carreira do Atleta
Com a denúncia formalizada, a próxima etapa crucial é a análise do Poder Judiciário. A Justiça deverá deliberar sobre a aceitação do pleito ministerial, o que, uma vez concedido, transformará Bruno Henrique em réu no processo criminal. É notável que o atleta, apesar do imbróglio jurídico, integrou a delegação do Flamengo que viajou aos Estados Unidos para a disputa do Mundial de Clubes, evidenciando sua condição legal de seguir atuando.
Importa ressaltar que o jogador já havia sido objeto de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), procedimento que foi encerrado recentemente. Embora a procuradoria desportiva tenha um prazo de 60 dias para eventuais novas denúncias que poderiam levar a uma suspensão, sua participação em campo permanece, por ora, inalterada.
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