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Base do Flamengo Ignorada? Filipe Luís e a Ausência de Jovens Titulares
Por Redação Flapress em 10/10/2025 11:11
A chegada de Filipe Luís ao comando técnico do Flamengo gerou uma esperança renovada quanto à valorização e maior integração das categorias de base ao elenco principal. Contudo, a realidade que se desenha nos gramados rubro-negros aponta para um cenário já conhecido e, para muitos, preocupante: a preferência por atletas mais experientes em detrimento dos jovens talentos formados no próprio clube.
Um dado alarmante sublinha essa tendência: completaram-se dois meses desde a última vez que um jogador oriundo das divisões de base do Flamengo figurou entre os titulares. Este hiato levanta sérias questões sobre a estratégia de desenvolvimento e aproveitamento dos talentos que o Ninho do Urubu se propõe a formar.
O último a iniciar uma partida foi Evertton Araújo, em 9 de agosto, no confronto contra o Mirassol. Naquela ocasião, o volante desfrutava de uma sequência de quatro jogos consecutivos como titular, um indício de potencial promissor. Entretanto, a partir desse ponto, o cenário se inverteu drasticamente. Dos doze embates seguintes, Evertton teve apenas sete minutos em campo em uma ocasião e treze em outra, sendo relacionado e permanecendo no banco em dez oportunidades, sem ser acionado.
O Declínio da Presença Jovem no Time Principal
A situação se agravou a ponto de, antes do embate contra o Bahia, o clube registrar cinco jogos consecutivos sem que sequer um atleta da base fosse utilizado. A última aparição de um jovem havia sido contra o Juventude, quando Wallace Yan substituiu Arrascaeta no intervalo. Esse distanciamento da base contrasta com um levantamento anterior, realizado em maio, que indicava que Filipe Luís havia empregado 14 garotos desde sua ascensão, número que subiu para 15 com a participação de Victor Hugo antes de seu novo empréstimo.
Apesar do número absoluto de atletas utilizados, a profundidade de suas participações revela a escassez de oportunidades reais, especialmente em momentos cruciais. A tabela a seguir detalha o uso dos jovens jogadores sob o comando de Filipe Luís :
| Jogador | Jogos |
|---|---|
| Wesley | 41 |
| Evertton Araújo | 38 |
| Wallace Yan | 24 |
| Matheus Gonçalves | 22 |
| Matheus Cunha, João Victor e Cleiton | 6 |
| Lorran | 4 |
| Guilherme | 3 |
| Shola e Daniel Sales | 2 |
| Pablo Lúcio, Joshua, João Alves e Victor Hugo | 1 |
Em termos comparativos, Filipe Luís se equipara a Abel Braga, ambos na terceira posição entre os treinadores que mais utilizaram a base desde 2019. Rogério Ceni lidera essa lista, com 19 jogadores, seguido por Dorival Jr., com 16. Os números, embora pareçam expressivos à primeira vista, não refletem a consistência e a confiança depositada nos jovens para atuações regulares.
Desafios e a Cautela Excessiva na Transição
Além da concorrência intensificada com a chegada de reforços na janela de meio de ano, os atletas da base enfrentam outros obstáculos significativos: episódios que geram polêmica e uma notável cautela por parte da comissão técnica. Wallace Yan exemplifica o primeiro ponto, sendo expulso com apenas dez minutos em campo contra o Bahia, um incidente que resultará em multa na reapresentação.
Lorran, outro talento promissor, também vivenciou um período de instabilidade. Embora não tenha tido um episódio tão evidente quanto o colega, sua descida para o sub-20 sob o comando de Tite e a ausência de retorno sob Filipe Luís , que o conhecia da base, são notáveis. As desavenças entre o clube e seu estafe quase o levaram ao CSKA, antes de um retorno e, mais recentemente, um empréstimo ao Pisa, da Itália.
A respeito da cautela, Filipe Luís foi impelido a escalar Cleiton após a expulsão de Danilo na última rodada do Brasileirão. O defensor, de 22 anos, com apenas quatro partidas na temporada, está fora dos planos para 2026, com seu contrato se encerrando no final deste ano e as partes não chegando a um acordo de renovação. Isso demonstra uma falta de planejamento a longo prazo para alguns jovens.
O elenco conta ainda com Iago e João Victor, que transitam entre o profissional e a base. Iago , capitão do sub-20, não atuou com Filipe em 2025, enquanto João Victor fez cinco jogos com o treinador, mas nenhum pelo Campeonato Brasileiro. Ambos estiveram com a Seleção no Mundial sub-20. Recentemente, o treinador justificou a não utilização dos garotos nas vagas de Léo Pereira e Léo Ortiz, alegando evitar desgaste:
? A zaga é um lugar delicado. Não gosto de me mexer na última linha. Tento mexer o menos possível. E hoje, pensando nesse desgaste desses dois jogadores, existe também o adversário. Um adversário que nos gera muitas dificuldades e muitos problemas na nossa última linha. E eu achei que não seria justo que os dois meninos jogassem esse jogo ?
A declaração de Filipe Luís , embora compreensível em um contexto de alta pressão, reflete uma abordagem conservadora que, paradoxalmente, impede o amadurecimento e a consolidação dos jovens talentos. A ausência de um plano claro e consistente para a transição dos atletas da base para o time principal permanece como um ponto crítico a ser endereçado pela gestão do clube.
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