Bap Revela Planos para Janela do Flamengo e Explica Caso Johnston

O presidente do Clube de Regatas do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, concedeu uma entrevista divulgada recentemente pela FlamengoTV, o canal oficial da instituição, onde apresentou um balanço dos primeiros seis meses de sua gestão. Entre os tópicos abordados, o dirigente fez questão de elucidar a controversa não contratação do atacante irlandês Mikey Johnston, do West Bromwich (Inglaterra), bem como as expectativas para as próximas movimentações no mercado de transferências.

A desistência da aquisição de Johnston, que seria comprado por 5 milhões de libras (equivalente a aproximadamente R$ 37 milhões na cotação da época) e já tinha sua viagem agendada para o dia 8, gerou considerável debate. Bap, no entanto, defendeu o processo decisório do clube, enfatizando a complexidade das etapas envolvidas na avaliação de um atleta de alto nível.

Flamengo Projeta Janela de Transferências Mais Ativa

Em um dos pontos centrais de sua explanação, Bap sinalizou uma postura distinta para a janela de transferências que se aproxima, contrastando-a com a do início do ano, quando o clube trouxe apenas o atacante Juninho e o zagueiro Danilo.

Eu espero que essa janela do meio do ano seja mais agressiva do que foi no início do ano. Mas sempre bom entender que tem gente do outro lado também que acha que quando a gente recebe o dinheiro da multa do Gerson ou do Mundial, que é tudo lucro e estou pronto para comprar qualquer jogador à vista. E que o jogador que vale 5, agora querem 8. O que valia 5 e você comprava em duas parcelas de 2,5, uma esse ano e outra ano que vem, ele quer 8 agora e joga com a sua ansiedade. O torcedor pressiona, quer o jogador amanhã, e isso faz com que o jogador fique mais caro.

A declaração do presidente sublinha a percepção de um mercado aquecido, onde a valorização de atletas é constante e a pressão externa, especialmente da torcida, pode inflacionar os custos das negociações. A gestão adota uma postura cautelosa, reconhecendo que o capital advindo de multas rescisórias ou de participações em competições de grande porte não se traduz automaticamente em um poder de compra ilimitado sem que haja uma reação do mercado.

O Caso Mikey Johnston: Rigor Médico e Necessidade Esportiva

A explicação para a não efetivação da contratação de Mikey Johnston foi detalhada por Bap, que desmistificou a ideia de que a avaliação médica é um mero formalismo. Segundo ele, o processo de prospecção de atletas é um "funil", onde a análise clínica aprofundada ocorre apenas nas fases finais, com os candidatos mais promissores.

São várias etapas. Então as pessoas falam: "Mas como é que a avaliação médica detona ou acaba com a contratação"? Gente, você está avaliando 40 atletas, você não faz a avaliação médica de 40, é um funil. Se fosse um campeonato, você só ia fazer isso no semifinal. Então quando é que ia fazer o exame médico? Só nos finalmente que você olha essa parte, não faz sentido ficar avaliando jogadores numa quantidade enorme. O processo é desenhado dessa maneira. Eu não sou médico, não entendo de medicina esportiva, apesar de poder dar palpite. Quando você pergunta alguém que é profissional, ele não vai responder tecnicamente se o jogador é bom ou ruim. Se o cara está apto a jogar no 4-3-3 ou no 3-5-2, se é um jogador combativo... Não é essa a praia dele. O que ele vai dizer é o seguinte: "Olha, esse atleta está íntegro do ponto de vista físico, ele não tinha problema físico nos últimos três anos".

O foco da avaliação médica, conforme explicado, não é o estilo de jogo do atleta, mas sim sua integridade física e histórico de lesões. No caso de Johnston, o relatório médico apontou uma limitação importante:

Por que não? Porque o relatório médico no clube de lá diz que ele está apto para jogar 1.800 minutos ao ano. Quanto já jogou esse ano? 900. Então eu vou trazer um jogador para jogar 900 minutos quando eu ainda tenho que jogar 4 mil? São escolhas que você tem que fazer. Não é contra o atleta, é a favor do Flamengo. Ele pode ser ótimo atleta, ótimo profissional, mas para as necessidades do Flamengo, neste momento, na minha opinião, não era o ideal. Esse é o meu trabalho, isso é ser profissional, independentemente da opinião de outras pessoas. A gente escuta o pessoal do scout, o Filipe Luís, o (José)Boto, o departamento médico... A única certeza que eu tenho é o seguinte: esse processo é mais longo, é mais penoso, mas ele traz muito mais certeza e acuracidade no final das coisas. E benefício ao longo prazo.

Para ilustrar a questão da capacidade física e a necessidade do clube, apresentamos os dados mencionados:

A decisão, portanto, não foi um juízo sobre a qualidade técnica ou profissional de Johnston, mas sim uma avaliação pragmática sobre sua capacidade de atender à demanda física imposta pelo calendário do futebol brasileiro, que exige um volume de jogo muito superior ao que o atleta vinha apresentando ou era considerado apto a cumprir.

Transparência e Rigor nas Decisões do Clube

Bap reforçou que a postura da diretoria é de profissionalismo e que as decisões são tomadas com base em um processo colaborativo e rigoroso. A escuta ativa de diversos departamentos ? como o scout, o departamento médico, e figuras importantes como Filipe Luís e José Boto ? é fundamental para garantir a maior acuracidade e benefício a longo prazo para o Flamengo .

Essa abordagem, embora por vezes mais demorada e complexa, visa minimizar riscos e assegurar que as contratações sejam estratégicas e verdadeiramente alinhadas às necessidades do clube. A gestão rubro-negra busca, assim, um equilíbrio entre a expectativa do torcedor por reforços imediatos e a responsabilidade de realizar investimentos que tragam retorno esportivo e financeiro duradouro.