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Aventuras de um Torcedor: De La Paz a Porto Velho em uma Jornada Inusitada

Por Redação Flapress em 12/09/2024 11:10

Uma Viagem que Virou Saga: Do Estádio Hernando Siles à Fronteira com o Brasil

A paixão pelo Flamengo levou o torcedor rondoniense Tim Orellana, de 49 anos, a uma jornada épica que começou em La Paz e terminou em Porto Velho, após assistir à classificação rubro-negra sobre o Bolívar nas oitavas de final da Libertadores. O que era para ser uma viagem rápida e emocionante, se transformou em uma saga de dias de espera, improvisos e uma viagem de ônibus que atravessou a Bolívia de ponta a ponta.

A aventura começou na terça-feira, 20 de agosto, quando Tim deixou Porto Velho rumo a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, para se hospedar no mesmo hotel do Flamengo . O plano de ter contato com os jogadores deu certo, e a viagem começou com o pé direito. No dia do jogo, Tim acompanhou a classificação do Flamengo de perto no estádio Hernando Siles, em La Paz. Mas, enquanto o time retornava para o Brasil no dia seguinte, Tim decidiu prolongar sua estadia em La Paz por mais 24 horas para aproveitar a cidade.

A Fumaça, a Greve e a Longa Viagem de Volta

Após o jogo, as coisas começaram a dar errado. As queimadas na fronteira entre a Bolívia e o Brasil geraram uma grande quantidade de fumaça, impossibilitando os voos para a região Norte do Brasil. Sem opções, Tim embarcou em um ônibus para Cochabamba na noite de sexta-feira, 23 de agosto, na esperança de encontrar um voo ou ônibus para Porto Velho. No entanto, o problema era maior do que ele imaginava, e o transporte para o Norte do Brasil estava comprometido.

Tim então voou de volta para Santa Cruz de la Sierra no domingo, 25 de agosto, mas seu voo para Porto Velho foi remarcado várias vezes devido à fumaça. Para piorar a situação, uma greve de ônibus em Santa Cruz de la Sierra, motivada pelo aumento do preço do diesel, complicava ainda mais a situação. "Fiquei com medo de ficar isolado, por isso peguei ônibus. Na minha cabeça a coisa estava ruim só em La Paz, mas quando cheguei em Cochabamba não tinha avião e nem ônibus para a região Norte do Brasil. Fui para Santa Cruz e também não tinha nada naquela direção, ficavam remarcando meu voo por causa da fumaça. E para piorar houve uma greve de ônibus na cidade por causa do diesel. Tempo foi passando, e eu só pensava: "Preciso sair daqui" - contou Tim ao ge.

Uma Jornada Intensa: De Santa Cruz de la Sierra à Fronteira com o Brasil

Após uma semana de espera e frustração, Tim decidiu cruzar a fronteira com o Brasil por terra. Em meio à greve em Santa Cruz de la Sierra, ele se juntou a outros bolivianos para fretar um ônibus até Trinidad, na noite de terça-feira, 2 de setembro. Após nove horas de viagem, ele chegou a Trinidad na manhã de quarta-feira, 3 de setembro.

De Trinidad, Tim pegou um ônibus leito e encarou 13 horas de viagem até Riberalta. Em Riberalta, ele encontrou uma van que o levou até Guayaramerín, município que faz fronteira com o Brasil. Após uma longa jornada, Tim chegou ao Rio Mamoré, que divide a Bolívia e o Brasil, na noite de sexta-feira, 4 de setembro. Atravessou o rio de balsa e chegou à cidade brasileira de Guajará-Mirim, de onde pegou um táxi para as últimas quatro horas de viagem até Porto Velho, chegando em casa na madrugada de sábado, 5 de setembro.

O Prejuízo Financeiro e a Esperança de Ver o Flamengo Novamente

Durante sua longa jornada de volta, Tim filmou trechos dos percursos e compartilhou sua saga nas redes sociais. Ele viajou acompanhado de Deile, uma conterrânea que também ficou presa na Bolívia. A aventura teve um alto custo financeiro: "Meu cartão internacional estourou o limite, e minha mãe me ajudou mandando dinheiro. Mas pagava taxa para depositar no Brasil e outra para eu sacar na Bolívia. Até onde fiz as contas, gastei uns R$ 12 mil. Ainda bem que a nossa moeda lá é forte, coisa de dois para um, senão seria pior. E a sorte é que sou autônomo, senão estava f... (risos), estaria demitido há muito tempo - brincou.

Apesar do grande prejuízo, Tim não se arrepende da aventura. Ele acredita que a experiência inspirou o time de Tite e espera ver o Flamengo novamente na Bolívia na Libertadores de 2025. A passagem de avião que comprou em Santa Cruz de la Sierra não foi reembolsada, mas a companhia aérea a deixou com validade de um ano para ser remarcada. "Tomara, né? A gente tem que ser campeão, pelo menos já estou com a passagem certa para a Argentina, esperando a final. Comprei deve ter uns dois, três meses. Vamos estar lá. Se não der certo, pelo menos eu vou passear.", disse Tim.

A saga de Tim Orellana é um exemplo de como a paixão pelo futebol pode levar a aventuras inusitadas e desafiadoras. A jornada, repleta de perrengues e improvisos, demonstra a força do amor pelo Flamengo e a persistência para superar obstáculos.

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