Sucesso do Flamengo faz mercado buscar ex-gestores rubro-negros

A hegemonia esportiva e financeira estabelecida pelo Flamengo na última década não apenas empilhou troféus na Gávea, mas também transformou seus quadros diretivos em referências para o mercado nacional. O fenômeno de exportação de talentos administrativos evidencia que os rivais buscam replicar o modelo de sucesso rubro-negro através da contratação de quem esteve nos bastidores das grandes conquistas recentes.

Um dos nomes mais emblemáticos desse processo de reestruturação inicial, Eduardo Bandeira de Mello, que presidiu a instituição entre 2013 e 2018, optou por um rumo distinto da gestão esportiva direta. Após o término de seu mandato, ele ingressou na carreira política. Embora tenha enfrentado um revés inicial no pleito de 2018, Bandeira de Mello consolidou sua trajetória em 2022, quando foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, cargo que ocupa atualmente.

No âmbito técnico-administrativo, o ex-zagueiro Juan também seguiu novos caminhos. Após atuar como gerente técnico no Ninho do Urubu até o início de 2024, onde servia de elo entre o elenco e a cúpula, ele foi recrutado pela CBF. Na entidade máxima do futebol brasileiro, ele desempenha a função de coordenador técnico da Seleção Brasileira, mantendo as atribuições de integração que exercia no clube carioca.

A Herança da Reestruturação na Gestão Esportiva

O movimento de migração também atingiu cargos de diretoria executiva e consultoria estratégica. Fred Luz, CEO do Flamengo durante a gestão de Bandeira de Mello, levou sua experiência para o Corinthians. Apesar de uma passagem marcada por indefinições contratuais, ele atuou como consultor da diretoria paulista até o final de 2024, aplicando conceitos de governança desenvolvidos no Rio de Janeiro.

Da mesma forma, Fabinho Soldado, que gerenciou o futebol rubro-negro até janeiro de 2024, tornou-se peça-chave no mercado. Após uma breve passagem como diretor-executivo no Corinthians, ele foi anunciado pelo Internacional para exercer a mesma função. Essa rotatividade demonstra como o currículo construído no Flamengo abre portas imediatas nas principais potências do país.

A tabela abaixo detalha as movimentações recentes desses profissionais no cenário nacional:

Do Campo para os Negócios: O Caminho das SAFs

A influência rubro-negra estende-se agora ao universo das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs). Rodolfo Landim, mandatário do clube entre 2019 e 2024, utilizou sua expertise empresarial para investir diretamente em clubes. Através da empresa LG2, fundada em parceria com Gustavo Oliveira, ex-vice de comunicação, Landim adquiriu o controle do Confiança-SE e mantém tratativas para assumir a gestão do Sampaio Corrêa.

Outro personagem central do futebol flamenguista, Marcos Braz, provou sua eficácia fora do Rio de Janeiro em 2025. Contratado pelo Remo, o ex-vice de futebol foi o arquiteto da campanha que devolveu o clube paraense à elite do futebol brasileiro após um hiato de mais de três décadas. Braz, que teve duas passagens vitoriosas pela Gávea, reafirmou sua capacidade de montagem de elencos competitivos sob pressão.

Bruno Spindel e o Desfecho no Cruzeiro

A mais recente movimentação desse tabuleiro envolve Bruno Spindel. O agora diretor-executivo do Cruzeiro chega ao clube mineiro após uma negociação conturbada com o Corinthians. No final de 2024, Spindel chegou a aceitar uma proposta do clube paulista e iniciou trabalhos internos, mas a ausência do envio formal do contrato por parte do Timão travou o processo.

O desfecho da situação ocorreu de forma abrupta quando o Corinthians desistiu do negócio para assinar com Marcelo Paz. Diante do cenário, Spindel oficializou sua retirada das tratativas e, logo em seguida, aceitou o projeto do Cruzeiro. A Raposa, ao garantir o profissional, reforça a tendência de buscar no histórico recente do Flamengo a fórmula para estabilidade e sucesso institucional.