STJD recorre: Bruno Henrique pode ter pena agravada e futuro no Flamengo em risco

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) está novamente no centro das discussões, com a Procuradoria buscando intensificar a sanção imposta a Bruno Henrique. O atacante do Flamengo, que já havia recebido uma suspensão de 12 partidas em primeira instância, agora enfrenta a possibilidade de uma punição ainda mais severa. A condenação original decorreu da acusação de ter provocado intencionalmente um cartão amarelo em uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023 contra o Santos, com o intuito de favorecer apostadores.

Paralelamente, a defesa do atleta também busca reverter o veredito junto ao Pleno do tribunal, indicando uma batalha jurídica complexa pela frente. A situação de Bruno Henrique transcende a esfera individual, colocando em xeque questões de ética desportiva e a integridade do futebol brasileiro.

O Recurso da Procuradoria: Detalhes da Acusação Ampliada

Na sessão de julgamento inicial, que ocorreu em 4 de setembro, Bruno Henrique foi considerado culpado sob o Artigo 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Este artigo sanciona a conduta antiética que visa influenciar o desfecho de uma partida. A penalidade estabelecida foi de 12 jogos de afastamento e uma multa pecuniária de R$ 60 mil. No entanto, o jogador rubro-negro foi inocentado da acusação referente ao Artigo 243, que aborda a atuação deliberadamente prejudicial à própria equipe.

É precisamente sobre esta absolvição que a Procuradoria do STJD direciona seu pedido de revisão ao Pleno, buscando uma nova avaliação do caso. A instância superior terá a responsabilidade de reexaminar as evidências e os argumentos, ponderando sobre a extensão da responsabilidade do atleta.

A linha argumentativa da defesa do jogador, por sua vez, sustenta que o Clube de Regatas do Flamengo não sofreu qualquer prejuízo direto em decorrência da ação de Bruno Henrique . Pelo contrário, a tese apresentada é que a obtenção do cartão amarelo teria sido uma estratégia interna, orquestrada pelo próprio clube, visando que o atleta cumprisse suspensão em uma partida específica contra o Fortaleza, garantindo sua disponibilidade para um confronto subsequente de maior relevância, diante do Palmeiras.

Foto: (Adriano Fontes/Flamengo)

A Defesa do Atleta vs. os Argumentos da Acusação

Em contrapartida, a Procuradoria, em sua argumentação recursal, enfatiza dois pontos cruciais que a levam a questionar a absolvição parcial. Primeiramente, aponta para um suposto benefício pessoal do atacante, alegando que Bruno Henrique teria comunicado ao seu irmão, Wander, sobre a iminência de receber o terceiro cartão amarelo. Este detalhe, se comprovado, adicionaria uma camada de complexidade à intenção do jogador.

Em segundo lugar, a Procuradoria refuta a alegação de ausência de prejuízo ao Flamengo . Argumenta que a simples associação do clube a um episódio de manipulação desportiva inevitavelmente impacta a imagem da instituição e, consequentemente, o valor de mercado de seus atletas, considerados ativos valiosos. A discussão, portanto, transcende a questão pontual do cartão, abordando a reputação e os interesses comerciais do clube.

Implicações e o Futuro de Bruno Henrique no Futebol

O cerne do pleito da Procuradoria é a reanálise do Artigo 243 pelo tribunal. Se o STJD, em sua instância superior, acolher o recurso e determinar a culpabilidade de Bruno Henrique também sob este artigo, o cenário para o atleta se agrava consideravelmente. As consequências podem ser severas, com a possibilidade de uma suspensão que pode se estender por até dois anos de todas as atividades ligadas ao futebol profissional.

A Procuradoria reforça sua posição com uma declaração contundente, evidenciando a seriedade com que o caso é tratado:

Se a pena for mantida pelo Pleno, carregará uma sensação de impunidade, o que possivelmente não desestimulará comportamentos futuros.

Esta afirmação sublinha a preocupação com a integridade do esporte e a necessidade de que as sanções reflitam a gravidade das infrações, servindo como um elemento dissuasor eficaz para preservar a ética e a credibilidade das competições.