Plata: O Caminho do Herói ao Vilão no Flamengo em um Ano

Há exato um ano, em 10 de novembro de 2024, o nome de Plata era eternizado na memória rubro-negra. Com uma jogada individual primorosa, culminando em uma cavadinha sobre o goleiro Éverson, do Atlético-MG, o atacante selou o gol que garantiu o título da Copa do Brasil para o Flamengo. Contudo, em um giro dramático dos acontecimentos, o mesmo atleta que um dia foi aclamado como herói, agora se vê imerso em uma fase de questionamentos, acumulando uma preocupante sequência de cartões vermelhos que o posicionam como uma figura controversa dentro do clube.

A mais recente manifestação dessa guinada desfavorável ocorreu na partida contra o São Paulo, disputada na Vila Belmiro. O Flamengo , que havia virado o placar para 2 a 1, viu sua vantagem ser ameaçada quando, aos 21 minutos da etapa final, Plata cometeu uma infração severa no tornozelo esquerdo de Arboleda. O incidente, que se deu apenas três minutos após Samuel Lino colocar o Rubro-Negro à frente, resultou na expulsão do equatoriano. Pouco depois, o time paulista conseguiu o empate, finalizando o confronto em 2 a 2. Apesar do impacto direto no resultado, o técnico Filipe Luís optou por isentá-lo de responsabilidade pública.

Em declaração pós-jogo, Filipe Luís defendeu seu atleta, minimizando a intencionalidade do lance:

Sobre punições, sempre depende da diretoria do clube. Claro que eu participo. O que acontece? A expulsão do Plata, hoje, foi sem querer. Ele quis ir na bola e acabou pegando a perna do jogador. Um jogador (Plata) que estava dando absolutamente tudo para equipe durante o jogo, estava correndo. Jamais eu virei aqui, irei botar o dedo e culpar o jogador por cometer um erro desses, pelo contrário. Estou aqui para colocar a culpa em mim mesmo. Esse impacto é culpa sempre do treinador, que é o maior responsável.

A postura do treinador, assumindo para si a responsabilidade, reflete a complexidade da gestão de um elenco sob pressão.

A Preocupante Reincidência Disciplinar

Contudo, a recente expulsão na Vila Belmiro não representa um evento isolado na ficha disciplinar do atacante. Na semana anterior, durante o decisivo confronto de volta das semifinais da Libertadores, em Buenos Aires, contra o Racing, Plata foi igualmente advertido com o cartão vermelho. A infração, desta vez, foi mais grave: um soco desferido contra o jogador Marcos Rojo, na região da genitália. Apesar do incidente, o Flamengo conseguiu manter o empate em 0 a 0, assegurando sua vaga na final da competição.

Previamente, nas quartas de final do mesmo torneio continental, Plata já havia sido expulso no jogo de ida, contra o Estudiantes, no Maracanã, ao receber o segundo cartão amarelo. Curiosamente, a Conmebol, após análise do lance, decidiu por anular a suspensão do atacante, reconhecendo um equívoco da arbitragem na aplicação da segunda advertência. Tal decisão permitiu sua presença no jogo de volta, também em Buenos Aires, onde o Rubro-Negro obteve uma classificação dramática nos pênaltis.

Ainda mais delicada se mostra a relação de Plata com a apaixonada torcida rubro-negra, já fragilizada por episódios extra-campo. Em 25 de outubro, um dia após a derrota por 1 a 0 para o Fortaleza, circularam amplamente fotos do jogador em uma balada na Zona Sul do Rio de Janeiro. A percepção de falta de comprometimento em um momento de resultados adversos gerou forte insatisfação entre os torcedores.

Entre a Crítica da Torcida e a Proteção do Clube

O descontentamento escalou a ponto de o atacante ser confrontado por torcedores no próprio estabelecimento. Posteriormente, as redes sociais de Plata foram inundadas por xingamentos e ameaças, evidenciando o quão sensível é a imagem de um atleta de elite para a base de fãs.

A diretoria do Flamengo , por sua vez, optou por não aplicar qualquer sanção disciplinar ao jogador, argumentando que o elenco havia sido liberado para folga no dia 26. Essa decisão, embora alinhada às normas internas, pode ter contribuído para a percepção de impunidade por parte de alguns setores da torcida.

Em meio a esse turbilhão de eventos disciplinares e extra-campo, a performance ofensiva de Plata também merece atenção. Seu último gol registrado ocorreu em 15 de outubro, na vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo, no Estádio Nilton Santos. Desde então, o atleta tem enfrentado um período de seca, adicionando mais um elemento de preocupação à sua atual fase no clube.