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Julgamento de Bruno Henrique no STJD: Consequências Cruciais para o Flamengo

Por Redação Flapress em 13/11/2025 04:10

A atenção dos torcedores flamenguistas e da imprensa esportiva se volta para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), onde o destino do atacante Bruno Henrique será decidido. O julgamento do recurso apresentado pela defesa do jogador, que teve início nesta segunda-feira, será retomado na tarde de quinta-feira, às 15h, momento em que os votos dos auditores serão finalmente revelados. A sessão anterior foi interrompida após o relator do caso sugerir a absolvição do atleta e um dos auditores solicitar vista do processo, um procedimento que permite uma análise mais aprofundada dos autos.

Há dois meses, o craque rubro-negro havia sido penalizado com uma suspensão de doze partidas por uma decisão da primeira instância do tribunal. Desde então, Bruno Henrique tem atuado normalmente graças a um efeito suspensivo concedido pela justiça desportiva, demonstrando sua importância em campo ao marcar um gol fundamental na recente vitória sobre o Santos, no último domingo. A expectativa é enorme, pois o veredito pode alterar significativamente o panorama do Flamengo na reta final da temporada.

Os Cenários Possíveis e o Impacto no Flamengo

A situação atual apresenta quatro desfechos distintos, cada um com implicações diretas para o jogador e para o clube. As possibilidades variam desde a absolvição completa até um agravamento da pena inicialmente imposta. A defesa do Flamengo , com otimismo, busca reverter a decisão da 1ª Comissão Disciplinar, que considerou o atacante culpado por supostamente ter forçado um cartão amarelo em uma partida contra o Santos em 2023, visando beneficiar apostadores.

Contrariamente, a Procuradoria do STJD também protocolou um recurso, mas com o objetivo de aumentar a sanção de Bruno Henrique . A acusação sustenta que o jogador obteve vantagem pessoal ao informar seu irmão, Wander, sobre a intenção de receber o terceiro cartão amarelo. Além disso, argumenta-se que o Flamengo sofreu prejuízo, pois o envolvimento nesta controvérsia impacta diretamente o valor de mercado do atleta.

A tabela a seguir detalha os cenários e suas potenciais repercussões:

Cenário Possível Implicação para Bruno Henrique Implicação para o Flamengo
Absolvição Atleta livre para jogar imediatamente Alívio, manutenção da força máxima do elenco
Redução da Pena Suspensão por um número menor de jogos Perda temporária, mas o desfalque seria gerenciável
Manutenção da Pena (12 jogos) Suspensão significativa por 12 partidas Grande desfalque em momento crucial do calendário
Aumento da Pena Suspensão ainda mais extensa Impacto potencialmente devastador no final da temporada

Caso o tribunal opte pela suspensão do atacante, Bruno Henrique se tornará um desfalque em um período crítico para o Flamengo . Restam apenas seis rodadas para o término do Campeonato Brasileiro, torneio no qual o clube disputa o título ponto a ponto com o Palmeiras. A princípio, a penalidade seria cumprida na competição onde a infração ocorreu. No entanto, existe a possibilidade de a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acionar a FIFA, o que poderia estender a suspensão para a Copa Libertadores, cuja final o Flamengo disputará em 29 de novembro, novamente contra o Palmeiras.

O Relator do Caso e a Linha de Defesa

No decorrer do julgamento no Pleno, o pedido da defesa de Bruno Henrique pela prescrição do processo e seu consequente arquivamento definitivo foi unanimemente negado, com 9 votos a 0. A discussão então se concentrou nos fatos e na punição aplicada anteriormente. Enquanto a Procuradoria buscava o aumento da pena, a defesa pleiteava a absolvição ou, alternativamente, a redução da sanção. Os artigos 243 (atuar de modo prejudicial à equipe) e 243-A (atuar de forma contrária à ética desportiva com o fim de influenciar o resultado da partida) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) foram novamente postos em debate.

O jogador Bruno Henrique esteve presente na sessão. Seu advogado, Michel Assef, argumentou que não houve prejuízo ao Flamengo . Pelo contrário, a orientação para que o atacante recebesse o terceiro cartão amarelo teria sido uma estratégia. A defesa também sustentou que forçar um cartão amarelo não configura uma atitude antiética e que não houve intenção de alterar o resultado da partida.

O relator Sergio Furtado Filho foi o primeiro a proferir seu voto, posicionando-se pela absolvição de Bruno Henrique em relação aos dois primeiros artigos que previam suspensão. Ele sugeriu que a conduta do jogador do Flamengo fosse enquadrada no artigo 191 do CBJD, que trata de "deixar de cumprir ou dificultar o cumprimento do regulamento da competição", com a aplicação de uma multa máxima de R$ 100 mil. Em sua argumentação, o relator destacou:

"O acervo não demonstra que Bruno Henrique tenha atuado de maneira deliberada a alterar o resultado da partida. Os relatórios apontam movimentações suspeitas de apostas, mas não demonstram que o atleta tenha atuado de maneira deliberada com o irmão. O lance em si reforça falta de evidência de vincular o cartão a um ajuste prévio."

O pedido de vista do processo pelo auditor Marco Aurélio Choy interrompeu a sessão, e agora a expectativa recai sobre os votos dos outros oito auditores, que podem ou não seguir o entendimento do relator.

A Investigação Detalhada e a Condenação Inicial

Em abril do corrente ano, a Polícia Federal indiciou Bruno Henrique por fraude esportiva, com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que criminaliza a ação de "fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado", com penas que variam de dois a seis anos de reclusão. A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) foi aceita pela Justiça do Distrito Federal, indicando que o atleta do Flamengo ainda enfrentará um julgamento na esfera comum.

Além de Bruno Henrique , a investigação abrangeu outras figuras: Wander Nunes Pinto Júnior (seu irmão), Ludymilla Araújo Lima (esposa de Wander), Poliana Ester Nunes Cardoso (prima do jogador), e Andryl Sales Nascimento dos Reis, Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Douglas Ribeiro Pina Barcelos (amigos de Wander, conforme as apurações). É importante notar que Ludymilla e Poliana não constaram na lista de denunciados pelo STJD.

A investigação da Polícia Federal teve início em agosto do ano passado. Em novembro, o jogador e outros indivíduos considerados suspeitos foram alvo de uma operação de busca e apreensão. Conversas extraídas do aparelho celular de Wander forneceram a base para o indiciamento dos envolvidos. Segundo as informações apuradas, o atacante do Flamengo teria comunicado a Wander sua intenção de receber um cartão amarelo em uma partida contra o Santos, ocorrida em Brasília, em novembro de 2023, quando o jogador já estava pendurado com dois cartões. O volume e a natureza das apostas realizadas por Wander, sua esposa, uma prima e amigos sobre o cartão amarelo de Bruno Henrique levantaram suspeitas e chamaram a atenção das casas de apostas.

A Primeira Condenação: Artigos e Penalidades Aplicadas

Na primeira instância, a Procuradoria do STJD havia denunciado Bruno Henrique com base em diversos artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), incluindo o art. 243, §1º; art. 243-A, parágrafo único; art. 184 e art. 191, III, além do artigo 65, II, III e V, do regulamento geral de competições da CBF de 2023.

Embora tenha sido absolvido do artigo 243 do CBJD, que se refere a manipular e prejudicar uma equipe de forma deliberada, o atacante foi condenado por 4 votos a 1, sob o artigo 243-A, por ter agido de maneira contrária à ética desportiva. Essa condenação resultou na suspensão de 12 jogos, acompanhada de uma multa de R$ 60 mil. Agora, com a retomada do julgamento no Pleno, o cenário se desenha para um desfecho que pode ser crucial para a trajetória de Bruno Henrique e para as ambições do Flamengo nesta temporada.

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