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José Boto: A Estratégia para um Novo Flamengo

Por Redação Flapress em 15/12/2024 05:40

A Chegada de José Boto e a Nova Metodologia do Flamengo

O renomado profissional português, José Boto, assume a responsabilidade de remodelar completamente a estrutura do departamento de futebol do Flamengo. Embora sua contratação ainda não tenha sido oficialmente anunciada pela nova gestão de Bap, Boto já está atuando nos bastidores, delineando um novo caminho para o clube.

Com vasta experiência na Europa, esta é a primeira vez que Boto trabalhará no Brasil. Ele chega com o objetivo de implementar um projeto que valorize suas ideias e que esteja aberto a criar estratégias para aprimorar o desempenho do clube. Anteriormente, Boto atuava no NK Osijek, da Croácia, desde janeiro.

Sua trajetória profissional iniciou-se como treinador, mas rapidamente migrou para outras funções. Em 2010, destacou-se como chefe de scout do Benfica. Após oito anos, foi contratado como diretor esportivo do Shakhtar Donnestk, na Ucrânia, onde permaneceu até 2021. Em seguida, trabalhou no Paok, da Grécia, até 2023, antes de assumir o clube croata.

A Filosofia de Trabalho de José Boto

A escolha de Boto não foi aleatória; ele e Bap compartilham uma visão semelhante sobre a gestão do futebol. Ambos desejam estabelecer uma metodologia clara e consistente para todos seguirem, ao invés de se adaptar às preferências de cada treinador. Uma crítica à gestão anterior do Flamengo era a frequente troca de técnicos com estilos distintos. Agora, a ideia é que o clube siga uma filosofia unificada na busca por profissionais.

A contratação do português está alinhada com a intenção de fortalecer o "DNA Flamengo ", ou seja, um estilo de jogo ofensivo e atraente. Segundo Nuno Travassos, do site A Bola, de Portugal, "O José é defensor de um futebol ofensivo, atraente, valoriza o lado estético, e penso que isso vai ao encontro das necessidades do Flamengo . Mais do que um admirador do futebol brasileiro, é alguém com um conhecimento bastante profundo. A pressão no Flamengo é enorme, mas acho que está preparado para isso".

Sérgio André, do jornal O Jogo, destaca um ponto crucial: "O mais marcante no trabalho é a confiança nas pessoas com quem trabalha. Acredito que ele também prefere não trabalhar com uma lista muito grande de pessoas à sua volta. Gosta de menos gente, gente mais competente e de confiança."

O Olhar de Boto para o Mercado e os Jovens Talentos

José Boto sempre demonstrou interesse em trabalhar em um grande clube brasileiro, devido à sua paixão pelo futebol do país. Ao acertar com o Flamengo , chegou a conversar com Jorge Jesus. Além do mercado sul-americano, Boto também possui vasta experiência no mercado europeu, com um interesse especial por mercados alternativos como Sérvia, Croácia, Grécia e Holanda.

No Benfica, ele participou das descobertas de jogadores como Di Maria, Gaitan, Enzo Pérez, Ramires, Matic, Witsel e Javi Garcia. Ele também tentou levar Philippe Coutinho ao clube português, mas a negociação não se concretizou. Boto não se limita a executar tarefas, mas busca criar uma estratégia e uma política esportiva para o clube, evitando ser apenas mais um na equipe.

Para Boto, um bom scouting é aquele que arrisca e demonstra convicção na proposta feita. Ele foi pioneiro em scouting internacional em Portugal, influenciando outros profissionais da área. Fernando Urbano, do A Bola, afirma: "Ele pode tornar o método de scouting mais eficaz no Flamengo . Muitas vezes o método é tão ou mais importante do que a descoberta dos jogadores em si. Tem boa relação com muita gente, inclusive do mercado sul-americano, então ele vai levar essa capacidade de adaptação".

A Relação de José Boto com Equipes e Jogadores

Boto é um dirigente que gosta de estar próximo das equipes e treinadores. É comum vê-lo nos treinos e perto da equipe durante os jogos. Segundo Nuno Travassos, do A Bola, "Desde que assumiu funções de diretor desportivo, José Boto tem mostrado ser um dirigente sempre próximo das equipes e treinadores. É frequente vê-lo muitas vezes no campo, sobretudo nos treinos, mas também perto da equipe nos jogos. É alguém que procura criar boas relações nos clubes, de confiança. Gosta de interagir com os jogadores, muitas vezes até de forma descontraída, embora sabendo que é preciso algum distanciamento para tomar decisões."

Boto não é considerado uma pessoa problemática e prefere atuar nos bastidores, mantendo um bom relacionamento com dirigentes, jogadores e empresários. Ele possui uma vasta rede de contatos construída ao longo dos anos. Fernando Urbano, do A Bola, comenta que Boto "Tem uma rede de contatos que ele foi fomentando ao longo dos anos. Faz sempre uma observação muito técnica dos trabalhos e, quando alguém é indicado, ele mesmo faz questão de dar o aval."

Segundo Sérgio André, do jornal O Jogo, "Normalmente o José Boto é alguém que trabalha em rede, tem ligações com outras pessoas não pertencentes ao clube onde está, mas pessoas em quem confia. Muitas vezes são eles que fornecem algumas indicações e ele depois avança por esses jogadores. Essas escolhas estão condicionadas também pela capacidade financeira do clube. Ele vive muito a realidade dos clubes onde está e, quando pede informações sobre os jogadores, normalmente também quer saber como são eles fora do âmbito esportivo. A nível social, familiar, quer sempre ter um dossiê completo com todas essas informações e só depois disso avança para outros níveis da pesquisa."

O Foco nos Jovens e a Estrutura de Apoio

José Boto poderá trazer ao Flamengo uma atenção maior aos jovens, algo que o clube negligenciou nos últimos anos. Por isso, ele buscou JP Sampaio, do Palmeiras, com quem já tinha relacionamento. Apesar de não priorizar a base, Boto valoriza o cuidado com os jovens, sejam eles formados no clube ou que venham de fora. Ele defende uma estrutura com psicólogos, nutricionistas e especialistas em comunicação para auxiliar os jogadores a lidar com a pressão e a cuidar de sua saúde. A volta de um psicólogo ao futebol profissional, por exemplo, é um dos planos de Bap.

Boto tem a capacidade de identificar talentos jovens e também encontrar jogadores menos conhecidos com preços mais acessíveis. Ao longo de sua carreira, recrutou jogadores que se destacaram em grandes ligas europeias, gerando lucros expressivos para os clubes. Ele também influenciou a ascensão de técnicos como Luís Castro e Roberto de Zerbi. Nuno Travassos, jornalista do A Bola, ressalta que Boto "tem sintonia com a política esportiva dos clubes em que trabalha e evidencia capacidade para recrutar talentos jovens, mas também tem competência para descobrir nomes menos evidentes do mercado a preços melhores. Ao longo dos anos recrutou vários jogadores que saltaram posteriormente para algumas das principais ligas europeias e renderam muitos milhões de euros aos clubes. Também teve influência relevante na afirmação de técnicos como Luís Castro ou Roberto de Zerbi."

Segundo Fernando Urbano, do A Bola, "Ele está ligado a um momento importante do Benfica de buscar jogadores jovens para depois formar e vender para outros clubes na Europa, mas era um modelo de gestão do clube. O foco dele são os bons jogadores, independentemente da idade. Ele se adapta ao clube. Tem a capacidade, sim, de focar em jovens, mas tinha a ver com a necessidade e o modelo que existe em Portugal."

Para concluir, Sérgio André, do jornal O Jogo, afirma que "Por norma ele vai buscar os jogadores jovens, mas há um aspecto no Boto que é alguém que gosta de jogadores bons de bola. Independentemente da capacidade atlética desses jogadores, da envergadura física. Gosta de jogadores que tratem bem a bola, que sejam bons tecnicamente."

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