Flamengo x Libra: Ação Judicial Trava R$ 77 Milhões e Gera Reação Forte de Leila Pereira

Uma decisão judicial impetrada pelo Flamengo provocou um terremoto nos bastidores do futebol brasileiro, gerando um bloqueio de R$ 77 milhões que seriam destinados a diversos clubes membros da Libra. A medida cautelar, concedida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, trava o repasse de uma parcela vital dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, especificamente ligada aos ganhos de pay-per-view, conforme o contrato estabelecido entre a Libra e a Rede Globo.

Esta ação do clube carioca, que integra a própria Libra ao lado de agremiações como Palmeiras, Bragantino, São Paulo, Santos, Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Vitória, Remo, Paysandu, Volta Redonda, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa e Brusque, acende um alerta sobre a harmonia e a estabilidade financeira do grupo. O impacto imediato é a suspensão de valores cruciais para o planejamento dos clubes envolvidos, que agora veem sua previsibilidade financeira comprometida por uma disputa interna.

A Polêmica Ação Judicial Rubro-Negra

A reação mais veemente veio de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, que não poupou críticas à postura do Flamengo . Em declaração contundente, Pereira sugeriu uma medida drástica para o futuro da organização do futebol nacional, evidenciando a profundidade do descontentamento.

"Minha sugestão seria criarmos uma outra liga excluindo o Flamengo. Eu acho que o Flamengo tem que jogar sozinho, nenhum clube é maior que o futebol brasileiro. O Palmeiras não joga sozinho, o Flamengo não joga sozinho. Só se ele quer jogar contra o sub-20 dele, entendeu? Então acho que seria bonito nós formarmos uma nova liga excluindo o Flamengo e o Flamengo joga com ele mesmo. Eu quero ver a audiência que ele vai ter. Acho muito difícil gestores com essa mentalidade, isso não engrandece absolutamente nada o futebol brasileiro", afirmou Leila Pereira em entrevista.

A indignação da dirigente palmeirense reflete um sentimento de repúdio que, segundo informações, ecoa entre outros clubes da Libra, que veem a ação judicial do Flamengo como um ato que fragiliza a unidade e os acordos coletivos construídos com esforço.

Foto: (ALEXANDRE NETO/Photopress)

Os Argumentos do Flamengo e a Revisão Contratual

O cerne da contestação rubro-negra reside em um suposto prejuízo decorrente do contrato de transmissão, cujo prazo de vigência se estende de 2024 a 2029. Este compromisso foi originalmente selado por Rodolfo Landim, então presidente do Flamengo . Contudo, a gestão subsequente, liderada por Luiz Eduardo Baptista, demonstrou oposição aos termos firmados, buscando uma revisão na distribuição dos recursos financeiros dentro da liga.

Baptista, que já havia criticado os termos do vínculo durante o período eleitoral do clube no ano anterior, questiona abertamente a regra que baliza a divisão da parcela do dinheiro atrelada à medição de audiência no pay-per-view. Este critério é um dos pilares para determinar o montante a ser recebido por cada clube, e é precisamente neste ponto que o Flamengo alega injustiças.

Desgaste e Unidade na Libra: O Impacto da Decisão

A Libra, por sua vez, expressou surpresa diante da atitude do clube carioca, sublinhando que as discussões sobre o tema já haviam sido amplamente conduzidas em reuniões ao longo dos últimos meses. Em setembro do ano passado, os demais clubes rejeitaram a proposta apresentada pelo Flamengo e, em consenso, ratificaram um novo critério para a partilha dos valores referentes às audiências dos jogos. A entidade argumenta que a ação da atual diretoria rubro-negra gera um desgaste desnecessário e compromete a harmonia construída no grupo.

A situação impõe um desafio significativo à coesão da Libra e ao futuro da gestão coletiva dos direitos de transmissão no futebol brasileiro. A busca por um entendimento que contemple os interesses de todos os membros, sem que haja prejuízos individuais ou coletivos, torna-se agora uma tarefa ainda mais complexa e urgente, com repercussões que podem moldar o cenário competitivo nos próximos anos.