Flamengo: Despedida de Braz e a polêmica punição do STJD

Polêmica Punição e Ausência de Despedida para Marcos Braz

Em contraste com a elaborada despedida planejada para Gabigol, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, encerrará sua trajetória no clube sem a cerimônia usual. A razão? Uma sanção imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que o afastou das atividades por quinze dias, período que se estende até 13 de dezembro, cinco dias após o término do Campeonato Brasileiro.

A decisão do STJD decorre de um incidente ocorrido na semifinal da Copa do Brasil, em 2 de outubro, quando o Flamengo derrotou o Corinthians por 1 a 0. O árbitro Wilton Pereira Sampaio relatou na súmula da partida os seguintes fatos:

- Relato que após o término da partida, quando a equipe de arbitragem se dirigia para o vestiário, na zona mista, o senhor Marcos Teixeira Braz, vice presidente do Clube de Regatas do Flamengo, proferiu aos gritos as seguintes palavras, repetidamente, em direção a equipe de arbitragem: "Vocês vão f... com o futebol brasileiro, vai tomar no c..., o VAR vai acabar com o futebol brasileiro".

Essa declaração resultou na denúncia de Braz pelo artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que abrange condutas contrárias à disciplina ou ética esportiva não especificadas em outras regras do código. A pena prevista para tal infração, aplicada a dirigentes, varia de 15 a 180 dias de suspensão.

Julgamento, Defesa e a Pena Mínima

O julgamento inicial, em 11 de novembro, na 1ª comissão disciplinar do STJD, culminou na aplicação da pena mínima de 15 dias de suspensão. Apesar de ter obtido um efeito suspensivo, o Flamengo optou por não aceitar uma transação penal que substituiria a punição por uma multa de R$ 40 mil, preferindo buscar a absolvição no Pleno do tribunal.

No julgamento final, realizado por videoconferência, Braz não esteve presente, sendo representado por seu advogado, Michel Assef Filho. A defesa argumentou pela consideração das circunstâncias, enfatizando a iminente saída de Braz do Flamengo e o seu trabalho voluntário ao longo de seis anos:

- O Marcos Braz vai deixar o futebol agora, já anunciou, ele não será mais dirigente do Flamengo e tem mais uma ou duas semanas para continuar sendo dirigente. Serviu durante todo esse tempo ao futebol e ao Flamengo sem ser remunerado, e ele está correndo risco de simplesmente não poder mais ir ao estádio. Então é uma situação que eu peço, aliás, uma atenção carinhosa de todos, como se fosse quase uma anistia a esse tema. Porque me parece injusto ele não poder se despedir por todo esse tempo que fez sem causar qualquer transtorno ao futebol, sem ter uma denúncia contra ele.

O advogado também destacou a ausência de histórico de infrações graves por parte de Braz, frisando o caráter injusto da impossibilidade de uma despedida após anos de dedicação ao clube.

A Decisão Final e o Impacto na Despedida

Apesar dos argumentos da defesa, o STJD manteve a condenação. A recusa da transação penal, devido ao valor considerado alto pelo Flamengo , selou a impossibilidade de Braz participar de qualquer evento relacionado ao clube nesse período, privando-o de uma despedida formal. A situação ilustra a rigidez das normas disciplinares do futebol brasileiro e as consequências de declarações públicas, mesmo para figuras proeminentes.

- A única questão que ele teve foi uma advertência, e ele foi absolvido na comissão disciplinar, mas vossas excelências entenderam por condená-lo na pena mínima e aplicar a advertência, e por isso que ele não pode ser mais divertido. E agora, com esta condenação, ele simplesmente não pode voltar ao estádio para se despedir de todo esse tempo que teve. Foi oferecida uma proposta de transação penal de R$ 40 mil para que a pena fosse substituída por essa multa, e o Flamengo achou muito alto. Ou seja, numa despedida, ainda ter que pagar R$ 40 mil para um dirigente, então o Flamengo não aceitou a transação.

O contraste entre a despedida planejada para Gabigol e a ausência de um evento similar para Braz destaca a disparidade de tratamento entre jogadores e dirigentes, mesmo diante de situações aparentemente similares de encerramento de ciclo no Flamengo .

Gabigol: Uma Despedida Celebrada em Contraste

Enquanto a saída de Braz é marcada pela controvérsia e pela ausência de uma despedida oficial, o atacante Gabigol terá uma despedida pomposa e organizada pelo próprio Flamengo . O clube preparou ações personalizadas para a partida contra o Vitória, no Maracanã, visando prestar uma homenagem ao jogador.

A diferença de tratamento entre as despedidas de Braz e Gabigol levanta questionamentos sobre o peso das figuras no contexto do clube e a maneira como as saídas de jogadores e dirigentes são tratadas pela instituição.

A ausência de uma despedida formal para Braz, num contexto de encerramento do seu ciclo no clube, reforça a necessidade de um olhar mais atento sobre o tratamento dado a figuras importantes na gestão do clube, especialmente considerando a dedicação voluntária e o tempo investido na instituição.