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Flamengo lidera ranking de jogadores da base no Brasileirão 2025
Por Redação Flapress em 24/12/2025 10:00
O cenário do futebol brasileiro em 2025 reforçou a tendência de que a sustentabilidade financeira e técnica das grandes instituições passa, obrigatoriamente, pelas categorias de base. Mais do que uma necessidade esportiva para suprir lacunas deixadas por lesões ou convocações, a promoção de jovens talentos tornou-se um pilar estratégico de negócios, especialmente com a consolidação das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs). Nesse contexto, a busca por lucro através da exportação de promessas acelera processos de transição.
Guilherme Bellintani, CEO da Squadra Sports e figura central na implementação do Grupo City no Bahia, analisa esse movimento sob a ótica das Multi-Club Ownerships (MCOs). Segundo o executivo, a margem de lucro em negociações dentro dessas plataformas é significativamente superior. ?Sabemos da importância da formação de um atleta, ainda mais quando estamos falando de uma plataforma MCO, in que as negociações possuem uma margem de lucro maior entre as operações. Hoje, temos categorias sub-11 e sub-12 já fortalecidas e estamos focando na captação de jogadores entre 18 e 23 anos, faixa etária em que o jovem podem subir de forma mais rápida para o profissional, o que pode acarretar em uma negociação para outro mercado e alavancar as receitas?, explica Bellintani.
A tecnologia e a psicologia no suporte aos novos talentos
Para que essa transição não seja traumática, a indústria esportiva tem recorrido à inteligência artificial e ao suporte emocional especializado. A precisão na identificação de padrões físicos e cognitivos antes mesmo do surgimento do atleta nos holofotes principais é uma das promessas da tecnologia moderna. Sven Muller, CMO do aplicativo alemão CUJU, destaca que o modelo tradicional de avaliação já não atende às exigências do esporte contemporâneo.
?A transição da base para o profissional exige cada vez mais precisão na tomada de decisão. A avaliação tradicional, por si só, já não acompanha a complexidade do futebol moderno. A tecnologia permite entender o atleta de forma muito mais profunda, analisando os padrões de desempenho, evolução física e cognitiva, além de identificar potencial antes mesmo de ele aparecer nos grandes palcos. Quando os clubes têm acesso a informações mais consistentes, a chance de errar diminui e o caminho do jovem se torna mais claro e estruturado. Esse é o tipo de virada que pode transformar a formação no Brasil nos próximos anos?
Paralelamente ao avanço tecnológico, o aspecto mental ganha contornos de prioridade. A pressão externa, alimentada por redes sociais e expectativas familiares, muitas vezes atropela o tempo natural de maturação. Mariah Theodoro, psicóloga da Volt Sports Science, defende uma intervenção inteligente para garantir que o desenvolvimento do jovem não seja interrompido por ansiedades precoces.
?É fundamental cuidar do atleta por inteiro ? nas esferas técnica, emocional e social ?, e o psicológico é a base para que ele não se deixe levar por ruídos externos. Quando o ambiente inteiro entende que o desenvolvimento não é uma linha reta, o atleta se sente seguro para crescer sem pânico ou urgência. Isso reduz a ansiedade, diminui o ruído externo, e aumenta o desempenho real. Por isso dizemos que é fundamental intervir de forma inteligente em todo esse processo, para favorecer o amadurecimento e a autonomia, além de possibilitar que o atleta aprimore a tomada de decisão e mantenha os pés no chão?
Estratégias regionais e o debate sobre a pressa na formação
No Sul do país, o Internacional adota uma política de acompanhamento individualizado para garantir que a oportunidade, quando surgir, seja aproveitada com estabilidade. Luiz Caldas Milano Junior, diretor das categorias de base colorada, reforça esse compromisso: ?Temos um compromisso constante de preparar nossos atletas para a transição ao elenco profissional. Cada jovem recebe acompanhamento individualizado, técnico e psicológico para que possa evoluir gradativamente. Sabemos que o futebol é imprevisível e a oportunidade pode aparecer quando menos se espera. Por isso, nosso objetivo é prepará-los de forma integral para que, quando eles receberem essa chance, possam ter tranquilidade para entrar em campo e performar em alto nível?.
Enquanto isso, o Juventude buscou na internacionalização o diferencial para seus jovens, firmando parceria com o Osasuna, da Espanha. O Sport também colheu frutos com Zé Lucas, de 17 anos, que acumulou 34 partidas no time principal. Lucas Nóbrega, coordenador de captação do clube pernambucano, atribui o sucesso ao investimento em estrutura: ?O caso de atletas como o Zé Lucas é o reflexo direto de um trabalho estruturado e contínuo. O investimento feito pelo clube nos últimos anos, tanto em estrutura quanto em metodologia, tem sido fundamental para que esses talentos se desenvolvam dentro de um ambiente de alto nível?.
Contudo, nem todos os treinadores concordam com a velocidade imposta ao processo. No Fluminense, Luis Zubeldia expressou preocupação com a influência do entorno dos jogadores juvenis. O treinador argentino aponta que a pressa do mercado prejudica a formação adequada.
?O processo hoje em dia no futebol está muito rápido. Não te deixam formar com tranquilidade os jogadores juvenis. Todo o entorno lhe faz crer que é a figura, o melhor. E vem o empresário, o pai, a mãe, o irmão, os meios de comunicação, as redes sociais e fazem o mesmo?
Flamengo e São Paulo lideram o ranking de utilização em 2025
Apesar das discussões filosóficas sobre o tempo de maturação, os números do Campeonato Brasileiro de 2025 mostram que o uso da base é uma realidade incontornável. Flamengo e São Paulo encabeçam a lista, tendo utilizado 17 jogadores formados em casa cada um. No caso do clube da Gávea, a estatística foi impulsionada pelo uso massivo do elenco sub-20 no confronto contra o Mirassol, ocorrido após a garantia matemática do título nacional. Já o Tricolor Paulista mesclou nomes históricos como Lucas Moura e Oscar com novatos como Matheus Alves e Ryan Francisco.
O Santos, sob a gestão de Marcelo Teixeira, mantém sua tradição de revelar talentos, utilizando 12 jogadores da base, incluindo o experiente Neymar. O mandatário santista ressalta a função social do clube nesse processo: ?O futebol tem uma razão especial, que é a ação social. Meninos e meninas buscam nas grandes equipes uma oportunidade de vida, e nós temos o dever de oferecer isso. É um erro um clube planejar suas divisões de formação apenas pensando no placar. O Santos tem que continuar sendo referência em revelar talentos para transformar vidas?.
Confira abaixo os clubes que mais deram espaço aos seus jovens talentos na última edição do Brasileirão:
| Clube | Jogadores da Base Utilizados |
|---|---|
| Flamengo | 17 |
| São Paulo | 17 |
| Corinthians | 13 |
| Santos | 12 |
| Palmeiras | 11 |
| Cruzeiro | 10 |
| Internacional | 10 |
| Vasco | 10 |
É importante notar que, em clubes como o Cruzeiro, o número é composto também por atletas veteranos que retornaram à instituição, como Fabrício Bruno e Lucas Silva. No entanto, a predominância de oito equipes utilizando pelo menos dez jogadores da base evidencia que o futebol brasileiro continua sendo um celeiro inesgotável, ainda que o desafio de equilibrar performance imediata e formação integral permaneça no centro do debate esportivo.
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