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Flamengo Exige Fim do Sintético e Revolução Financeira no Futebol Brasileiro

Por Redação Flapress em 11/11/2025 15:01

Em um movimento que promete reverberar profundamente no cenário esportivo nacional, o Clube de Regatas do Flamengo tornou público, na última segunda-feira à noite, um documento contundente. Intitulado "Fair Play Financeiro", o comunicado detalha uma série de sugestões para aprimorar a sustentabilidade do futebol brasileiro. Entre as propostas mais impactantes, destacam-se a exigência pelo término dos gramados artificiais em competições profissionais e a imposição de restrições rigorosas a agremiações que se encontram em processo de recuperação judicial.

Essas discussões foram pauta de uma recente reunião na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), onde outros tópicos relevantes, como a implementação do impedimento semiautomático, também foram abordados.

Uma das bandeiras levantadas pelo clube carioca é a erradicação imediata dos gramados sintéticos de todos os torneios profissionais no país. A justificativa apresentada é multifacetada: além de acentuar desequilíbrios financeiros devido à disparidade nos custos de manutenção em relação aos campos de grama natural, o Flamengo argumenta que essas superfícies artificiais comprometem a integridade física e a saúde dos atletas.

Paralelamente, o documento rubro-negro aponta para a necessidade de um tratamento específico para clubes imersos em processos de Recuperação Judicial (RJ) ou Extrajudicial (REJ). A intenção é coibir que essas instituições capitalizem o período de suspensão de pagamentos de dívidas ? compreendido entre a decretação da RJ/REJ e a homologação do acordo ? como um benefício competitivo indevido. Para tanto, o Flamengo sugere o bloqueio do registro de novos jogadores durante essa fase, além da aplicação de sanções como a perda de pontos.

A Revolução Financeira: Gramados e Recuperações Judiciais na Mira

Tal proposição, caso implementada, teria implicações diretas em casos como o do Vasco da Gama, cujo processo de recuperação judicial tem sido alvo de contestações. Documentos submetidos à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro evidenciam supostas irregularidades na condução da assembleia de credores e um tratamento discrepante entre partes de uma mesma categoria.

No campo da gestão financeira, o Flamengo advoga por uma definição mais abrangente dos custos relacionados aos elencos. A visão do clube é que o controle não se limite apenas à "folha salarial" (CLT), mas englobe a totalidade dos dispêndios, como direitos de imagem, luvas, bônus por desempenho, comissões de agentes e encargos tributários. Essa medida visa a uma transparência mais acurada sobre o verdadeiro investimento em cada atleta.

Outro ponto crucial é a vedação de brechas contábeis. O Flamengo propõe que se impeça a "maquiagem" de custos do futebol profissional masculino, que por vezes são erroneamente registrados como investimentos em categorias de base ou no futebol feminino, por meio de rateios supostamente fictícios. Tal prática, segundo o clube, distorce a realidade financeira e compromete a integridade dos balanços.

Transparência e Governança: As Propostas do Flamengo para o SSF

Ainda no âmbito da saúde financeira, o documento sugere a implementação de um controle de caixa mínimo. Isso envolveria a adoção de indicadores preventivos, como a exigência de um capital de giro robusto, para mitigar o risco de crises de liquidez que afetam a estabilidade dos clubes.

A questão das transações com partes relacionadas também é abordada com rigor. O Flamengo propõe que sejam desconsideradas ou limitadas operações entre um clube e empresas de um mesmo proprietário, por exemplo, que possam artificialmente inflar receitas ou dissimular custos. Aportes de capital, neste contexto, não deveriam ser computados como receita recorrente, garantindo uma visão mais fidedigna da sustentabilidade operacional.

Para incentivar a excelência na gestão, o clube sugere a implementação de um sistema de classificação, similar aos "ratings" utilizados por consultorias especializadas. Clubes que demonstrarem uma gestão superior, com classificações elevadas, teriam maior flexibilidade e margem de manobra, fomentando a busca por boas práticas administrativas.

No que tange às sanções, a proposta rubro-negra enfatiza a necessidade de eficácia. As punições deveriam se concentrar em restrições nas janelas de transferência e serem integralmente cumpridas, mesmo que a causa da infração seja resolvida posteriormente. O objetivo é desencorajar a protelação e garantir a seriedade das penalidades.

Um "Teste de Proprietários e Dirigentes" é outra medida inovadora proposta. Trata-se de uma avaliação com regras e critérios claros para determinar a aptidão de novos ou potenciais gestores e proprietários de clubes. A meta é salvaguardar a imagem e a integridade das competições e das próprias agremiações, assegurando que os responsáveis sejam confiáveis e possuam comprovada capacidade financeira.

Por fim, a exequibilidade do sistema é vista como fundamental. O Flamengo defende uma governança robusta, capaz de aplicar punições automáticas com base em dados financeiros e factuais, garantindo que as restrições e penalidades sejam efetivamente impostas.

Um Novo Patamar de Integridade: O Legado do Flamengo para o Futebol Nacional

O Flamengo , além de apresentar tais diretrizes, reiterou seu posicionamento como um agente ativo na construção de um futebol mais íntegro, oferecendo-se para atuar como "uma plataforma para elaboração e execução do Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF)", conforme a própria proposição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A seguir, o comunicado integral do clube:

"O Clube de Regatas do Flamengo vem participando ativamente das discussões sobre o Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF), um modelo brasileiro de Fair Play Financeiro, conduzidas pela comissão instituída pela CBF.

Com o intuito de contribuir para o aprimoramento das práticas de governança e sustentabilidade no futebol brasileiro, o Flamengo enviou, por escrito, sua posição detalhada à comissão responsável. O compromisso do Flamengo transcende os números, dedicando-se ao esporte, à competição justa e a um Fair Play que represente os verdadeiros princípios do futebol.

Tratamento de clubes em RJ/REJ: impedir que clubes utilizem o período de não pagamento de dívidas (entre a decretação da RJ/REJ e a homologação do acordo) como vantagem competitiva, bloqueando o registro de novos atletas neste período e perda de pontos.

Definição ampla de custos: controlar não apenas a "folha salarial" (CLT), mas também o custo total do elenco, incluindo direitos de imagem, luvas, bônus, comissões de agentes e impostos.

Bloqueio de brechas contábeis: impedir que custos do futebol profissional masculino sejam "maquiados" como investimentos em categorias de base ou em futebol feminino por meio de rateios fictícios.

Controle de caixa mínimo: Implementar indicadores antecedentes, como a necessidade de capital de giro saudável, para prevenir crises de liquidez.

Transações com partes relacionadas: desconsiderar ou limitar transações entre partes relacionadas (ex.: clube e empresa do mesmo dono) que possam inflar as receitas ou ocultar os custos. Aportes de capitais, por exemplo, não devem ser contabilizados como receita recorrente.

Uso de ratings: adotar um sistema de classificação (como o utilizado por consultorias especializadas), no qual clubes com melhor gestão (classificação elevada) tenham mais margem de manobra, criando um incentivo à boa governança.

Sanções eficazes: focar as sanções na restrição de janelas de transferência, e que estas sejam cumpridas integralmente, mesmo que a causa da punição seja sanada, para desestimular a procrastinação.

Implementação do "Teste de Proprietários e Dirigentes": criação de uma avaliação composta por regras e critérios para determinar se os novos (ou potenciais) proprietários e dirigentes de um clube são aptos para o cargo. O objetivo é proteger a imagem e a integridade da competição e dos clubes, assegurando que os indivíduos que gerenciam ou adquiriram clubes sejam confiáveis e tenham capacidade financeira comprovada.

Exequibilidade Efetiva do Sistema: implementar uma governança aparelhada para executar punições automáticas, com base em dados factuais e financeiros, incluindo a aplicação de punições e restrições.

Proibição de Gramados Artificiais: os gramados de plástico devem ser eliminados imediatamente de todos os torneios nacionais profissionais. A discrepância nos custos de manutenção entre gramados naturais e artificiais provoca desequilíbrios financeiros entre os clubes e prejudica a saúde física de jogadores e atletas.

O Clube de Regatas do Flamengo continuará participando da elaboração e execução do Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF), conforme a proposta da Confederação Brasileira de Futebol, e já cumprimenta a entidade pela louvável iniciativa"

Com essa postura proativa, o Clube de Regatas do Flamengo reafirma seu compromisso com a sustentabilidade e a competição justa, parabenizando a CBF pela iniciativa de buscar um novo patamar para o futebol brasileiro.

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