Flamengo Dominante na Libertadores: Rumo à Glória Continental

Em um momento marcante do segundo tempo, observei os atletas suplentes do Flamengo posicionados atrás da meta defendida por Rochet. Eles interagiam com serenidade, exibiam sorrisos, realizavam movimentos leves e, ocasionalmente, direcionavam o olhar para o campo de jogo. Pareciam imbuídos da certeza inabalável de que nada, absolutamente nada, naquela disputa poderia comprometer a qualificação rubro-negra. E, de fato, estavam plenamente corretos em sua convicção.

A maior adversidade enfrentada pelo Flamengo nesta quarta-feira foi testemunhar seu elenco multimilionário ser coberto por uma profusão de papel picado. Em campo, o Internacional não conseguiu impor qualquer tipo de ameaça real. Sobre o reluzente gramado esmeralda do Beira-Rio, adornado pelos fragmentos prateados de papel que flutuavam como vaga-lumes junto aos refletores ? e que, paradoxalmente, prejudicaram o time da casa ao atrasar o início da partida em vinte minutos e dissipar o fervor da torcida colorada ?, o Flamengo exibiu a performance de uma equipe que avança para as quartas de final da CONMEBOL Libertadores da América com o rótulo de principal candidato ao título.

O triunfo por dois a zero no Beira-Rio desenrolou-se com uma naturalidade incontestável, quase hermética ? desprovida de qualquer vestígio de incerteza. O goleiro Rossi, por exemplo, poderia ter se deslocado diretamente do campo para uma cerimônia matrimonial sem ser taxado de desleixado, tamanha a sua ausência de trabalho. Com exceção de uma investida de Borré que culminou em bola na trave no segundo tempo, o Internacional demonstrou incapacidade de gerar perigo. Não conseguiu sequer aplicar a rudimentar, porém por vezes eficaz, estratégia de chutar de qualquer maneira para testar a sorte. E isso, vale ressaltar, mesmo necessitando de, no mínimo, um gol, visto que havia sido superado no confronto de ida, no Maracanã, por um a zero.

Flamengo: Superioridade Tática e Defensiva

Não faltou empenho por parte do time gaúcho, nem determinação ? esses atalhos argumentativos que oferecem explicações simplistas para desafios intrincados. O Internacional se movimentou intensamente, esforçou-se, tentou imprimir vigor à partida. No entanto, o Flamengo não permitiu. Alan Patrick foi neutralizado na faixa central, Wesley sucumbiu diante da marcação de Varela, e Ricardo Mathias, infelizmente, foi completamente dominado pelos defensores adversários. O sistema defensivo do clube carioca mostrou-se praticamente impenetrável, com pouquíssimos deslizes. Adicionalmente, demonstrou sagacidade para superar os momentos de pressão alta do Internacional e distribuir a posse de bola para o impressionante leque de talentos posicionado à frente.

Embora o Flamengo não seja imbatível, como esta temporada já evidenciou em alguns momentos, nenhuma das equipes que garantiram vaga nas quartas de final da Libertadores (tanto as já classificadas quanto as que ainda o farão) possui uma qualidade de elenco tão abrangente. Nesta quarta-feira, enquanto o centroavante titular do Internacional era um jovem recém-promovido das categorias de base, o centroavante reserva do Flamengo era ninguém menos que Pedro? que, aliás, entraria em campo para selar o placar com o segundo gol.

E, como se não bastasse, o Flamengo ainda se permite o luxo de ser uma equipe meticulosamente treinada. Trata-se de um time com vasto repertório tático, repleto de concepções de jogo: sabe iniciar as construções com o goleiro Rossi , domina a saída de bola com toques curtos pelo meio, utiliza com maestria os lançamentos longos para seus jogadores velozes e aproveita de forma eficaz as jogadas de bola parada. É um verdadeiro tormento para qualquer adversário tentar anular uma equipe com tamanha versatilidade. E quando o oponente supõe que o pesadelo já se manifestou, surge outro detalhe crucial: o Flamengo concede poucos gols ? foram apenas cinco nos últimos dez confrontos.

Foto: (Divulgação)

O Caminho Rubro-Negro Rumo à Glória Continental

A tabela de jogos agora coloca o Estudiantes como o próximo desafio nas quartas de final e, caso avance, outro clube argentino nas semifinais ? Racing ou Vélez Sarsfield. Embora não seja um percurso isento de dificuldades, o lado oposto da chave, com River Plate, Palmeiras, São Paulo e, possivelmente, Botafogo, apresenta um cenário ainda mais complexo. De qualquer forma, o clube carioca atingiu um patamar em que a apreensão recai muito mais sobre seus adversários do que sobre ele próprio.

Os embates contra o Internacional ratificaram aquilo que a própria classificação no Campeonato Brasileiro já sinaliza: que o Flamengo está consolidando seu modelo de jogo ? apesar da eliminação na Copa do Brasil para o Atlético-MG. Com aproximadamente um mês até as quartas de final da Libertadores, Filipe Luís terá a oportunidade de aprimorar ainda mais o padrão de desempenho da equipe, otimizando a integração dos valiosos reforços recém-contratados ? nomes como Saúl e Samuel Lino. Até lá, o torcedor terá argumentos de sobra para alimentar o sonho de mais uma decisão continental em Lima.