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Flamengo de Filipe Luís: Controle Defensivo e o Enigma dos Gols

Por Redação Flapress em 14/08/2025 11:21

O Flamengo, sob a batuta de Filipe Luís, apresentou-se novamente com um roteiro que intriga e divide a torcida: domínio absoluto da posse de bola, um ritmo cadenciado e uma vitória por placar mínimo. No embate das oitavas de final da Copa Libertadores, o triunfo de 1 a 0 sobre o Internacional, em casa, reacendeu o debate sobre a real capacidade ofensiva de uma equipe que se mostra impenetrável na defesa. A pergunta que ecoa entre os torcedores, após testemunhar o controle da partida, é quase uníssona: ?Poxa, mas só um gol? Não dava para ser mais??

É imperativo, contudo, contextualizar e valorizar o resultado. Trata-se de um clássico nacional, um confronto de alto calibre contra um adversário de tradição e peso. Conquistar uma vitória por 1 a 0 em seus domínios é um desfecho positivo e, de forma alguma, deve ser subestimado. O próprio Filipe Luís , em sua coletiva pós-jogo, fez questão de sublinhar esse ponto, buscando mitigar a fervorosa e, por vezes, irrealista expectativa da Nação, especialmente diante de um oponente tão bem estruturado e competitivo como o Colorado.

A Solidez Defensiva e o Enigma dos Gols Rubro-Negros

Apesar da sensação de que o volume de jogo poderia se traduzir em um placar mais elástico, essa percepção não configura, estritamente, uma falha. Afinal, o controle exercido sobre a partida e a meticulosa saída de bola também se configuram como uma estratégia defensiva. O Flamengo alcançou a notável marca de trinta jogos na temporada sem ser vazado, e, o que é ainda mais significativo, sem conceder ao adversário sequer uma chance clara de finalização. Isso demonstra uma maturidade tática e uma organização que poucas equipes no cenário nacional conseguem replicar.

Existe, sem dúvida, uma expectativa arraigada de que o time, devido à sua história e ao calibre de seu elenco, deveria golear em todas as oportunidades. Essa é uma premissa irrealista, mesmo nos mais competitivos campeonatos globais. Atualmente, o Flamengo frequentemente se depara com a dificuldade de desmantelar defesas compactas e de encontrar espaços em profusão. Há méritos inegáveis dos adversários, como o Internacional, que soube se postar defensivamente e neutralizar a blitz inicial rubro-negra. Contudo, é preciso admitir que também existem lacunas no próprio modelo de criação ofensiva.

Flamengo de Filipe Luís: Controle Defensivo e o Enigma dos Gols
Foto: (Adriano Fontes/Flamengo)

A Arquitetura Tática de Filipe Luís: Controle da Posse e Movimentação

No momento em que detém a posse de bola, Filipe Luís dispõe de um elenco com profundidade e versatilidade, permitindo diversas adaptações táticas. Com a presença de Emerson Royal em campo, por exemplo, observou-se Allan recuando para compor uma linha de três na saída de bola. Essa manobra liberava os laterais para avançarem intensamente, enquanto Jorginho assumia a função de um ?camisa 8?, atuando como o principal articulador e ditando o ritmo das investidas ofensivas.

No terço final do campo, o quarteto ofensivo demonstra uma mobilidade constante, trocando posições, acelerando as jogadas e explorando ultrapassagens nas costas da defesa adversária. Todo esse movimento é fruto de um trabalho meticuloso nos treinamentos, concebido por Filipe Luís , que prioriza a serenidade na construção defensiva para, no momento oportuno, imprimir a intensidade necessária ao ataque. É aqui que o paradoxo se acentua: controle absoluto e uma defesa praticamente impenetrável, mas sem a conversão de um volume significativo de chances criadas em um número proporcional de gols.

O Desafio da Penetração e as Alternativas no Ataque

De uma perspectiva pragmática, a equipe ataca com um contingente reduzido de jogadores. O quarteto ofensivo recebe apoio, no máximo, de um ou dois laterais. Os volantes ? sejam eles Pulgar, Jorginho, Allan ou, futuramente, Saul ? participam de forma limitada da área adversária, priorizando a circulação da bola e a sustentação da posse. A ausência de Gerson, que cumpria com maestria a função de se infiltrar e chegar à frente, é sentida, e o time perdeu parte de seu volume ofensivo sem ele. Jorginho, embora ofereça apoio, não é um jogador que pisa na área com frequência; sua preferência é atuar como uma opção segura para receber e girar o jogo. Saul se comporta de maneira similar. Até mesmo Arrascaeta já não ostenta o mesmo vigor para desempenhar esse papel de infiltração.

Uma das soluções que Filipe Luís tem explorado é a liberação dos laterais. Jogadores como Emerson Royal e Alex Sandro têm sido incentivados a apoiar intensamente, com este último buscando inclusive jogadas por dentro para tentar romper as linhas defensivas do oponente. Não se trata de um problema tático inerente, mas sim de uma escolha deliberada. E, como em qualquer decisão estratégica no futebol, ela acarreta ganhos e perdas.

A Filosofia Pragmatista e o Legado de Simeone

Ao privilegiar uma saída de bola segura e uma estrutura defensiva robusta, o Flamengo , por consequência, diminui sua presença na área adversária e deposita suas esperanças na movimentação e velocidade de seu setor ofensivo. A ascensão de Lino, a capacidade decisiva de Bruno Henrique e a consistência de Luiz Araújo têm, de fato, elevado o poder de fogo da equipe. Contudo, contra defesas excessivamente fechadas, como a apresentada pelo Internacional, talvez se faça necessária uma intensificação da presença de jogadores na zona de finalização.

O segundo tempo da partida contra o Inter serviu para ilustrar a lógica por trás das escolhas de Filipe Luís , permitindo que o Flamengo demonstrasse resiliência e soubesse "sofrer" diante de um adversário qualificado que buscou o ataque. No cerne de sua abordagem, Filipe Luís revela-se mais pragmático do que muitos torcedores gostariam de admitir. A máxima "Ataque ganha jogos e defesa, campeonatos" é a síntese de sua filosofia, um preceito naturalmente assimilado por quem teve em Diego Simeone um mentor. Contudo, essa postura pode, inevitavelmente, colidir com as expectativas de uma torcida moldada pela história de um Flamengo que, em outros momentos, encantou com um futebol avassalador e recheado de gols.

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Bruno

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Comentado em 14/08/2025 16:10 Filipe Luís tá jogando com a cabeça, respeito demais.
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Comentado em 14/08/2025 14:40 O time tá controlando bonito, mano, vitória em casa contra o Inter é sempre braba, vamos com calma e fé!
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Comentado em 14/08/2025 13:00 Vitória guerreira, 1x0 já tá suave!
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