Flamengo: Bruno Henrique e a Estratégia de Defesa no STJD – O Caminho para a Redenção

A equipe jurídica que representa Bruno Henrique, atacante do Flamengo, encontra-se em compasso de espera pelo veredito referente ao pedido de efeito suspensivo, formalizado na terça-feira (9). Enquanto o processo avança, o advogado Alexandre Vitorino está meticulosamente elaborando a argumentação para a próxima etapa do julgamento, visando a anulação da sanção de 12 partidas aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Contudo, a meta transcende a mera absolvição; o objetivo primordial é a "redenção da reputação" do ídolo rubro-negro.

A Inocência em Questão: Falhas na Acusação do STJD

A defesa sustenta com veemência a inocência do jogador. Segundo Vitorino, "Nós temos a convicção de que Bruno é inocente. Existiu um equívoco na denúncia. Há uma modificação até de fatos que tornam essa discussão um pouco desfocada, na nossa opinião." O jurista aponta falhas na compreensão dos eventos, especialmente no que tange ao confronto contra o Santos. A denúncia sugere que Bruno Henrique teria comunicado ao irmão a intenção de receber um terceiro cartão amarelo antes da partida. Entretanto, o advogado esclarece que o terceiro cartão foi, na realidade, o sexto do atleta na competição, ocorrido no jogo subsequente contra o Botafogo. Ele já havia completado um segundo ciclo de advertências até o embate com o Santos. "Estão exagerando, como se ele pudesse fazer uma futurologia em relação a quatro novos cartões", argumenta o defensor ao portal "ge", destacando a inverossimilhança da acusação.

O ponto crucial, conforme sublinhado pelo advogado, reside na comunicação ocorrida em 15 de outubro. Naquela ocasião, quando seu irmão Wander o questionou sobre a eventualidade de um terceiro cartão contra o Santos, Bruno Henrique reagiu de forma incisiva, "usa até um palavrão para mostrar que não concorda com aquilo." Esta evidência, que na visão da defesa não recebeu a devida atenção no julgamento inicial, é vista como fundamental. "E essa informação não parece ter chamado a atenção da comissão que julgou esse caso em primeiro grau. Então nós temos a expectativa de virar no mérito", afirma. A relevância transcende a absolvição: "se nós conseguirmos demonstrar realmente que isso aconteceu, o Bruno não vai ser simplesmente absolvido. Ele vai passar por uma redenção de reputação. É um atleta que tem muitos títulos, o apreço da torcida do maior clube de futebol do Brasil e, além de tudo, é um sujeito que merece ter uma redenção em relação à sua reputação", conclui Vitorino, enfatizando o caráter moral da batalha judicial.

Foto: (AdrianoFontes/CRF)

Pilares da Defesa: Prescrição, Contexto e Comunicação Decisiva

Embora a data para o julgamento no pleno do STJD permaneça indefinida, Alexandre Vitorino já delineou os pilares argumentativos para contestar a decisão. A controvérsia sobre o suposto envolvimento do jogador com apostas esportivas origina-se de trocas de mensagens com seu irmão, Wander, que também figura como réu no processo.

A linha de defesa argumenta que, antes do embate contra o Santos em novembro de 2023, Bruno Henrique havia acumulado três cartões amarelos. A própria instituição, o Flamengo , teria orientado o atleta a buscar uma nova advertência para cumprir suspensão contra o Fortaleza, garantindo sua disponibilidade para o confronto crucial diante do Palmeiras, agendado para 16 de outubro.

Conforme detalhado pelo advogado, a estratégia incluirá, primeiramente, a invocação de um ponto técnico: a prescrição, que busca a extinção da prerrogativa de punir em razão do decurso do tempo. Em seguida, a defesa concentrará esforços na natureza da jogada em questão, ocorrida aos 95 minutos e sem impacto direto no placar final do jogo. Por último, mas não menos importante, será apresentada outra mensagem de Bruno Henrique , datada de meados de outubro, na qual ele expressa desaprovação e até mesmo um tom ríspido para com seu irmão, desautorizando qualquer sugestão.