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Fair Play Financeiro no Brasil: Propostas e Limites de Gastos
Por Redação Flapress em 17/05/2025 10:10
Fair Play Financeiro: Uma Necessidade Urgente no Futebol Brasileiro
A discussão sobre a implementação de um fair play financeiro no futebol brasileiro ressurgiu com força nos últimos anos, após uma tentativa frustrada da CBF há uma década. Um dos principais defensores dessa ideia é Bap, presidente do Flamengo, que participou ativamente de um evento recente sobre o tema.
Bap, mesmo tendo compromissos familiares importantes, priorizou sua presença no II Simpósio de Direito Esportivo, realizado nas Laranjeiras. O evento contou com a participação de outros presidentes de clubes e CEOs, proporcionando um espaço para o dirigente rubro-negro apresentar suas propostas para um fair play financeiro eficaz.

Limite de Gastos: A Proposta Central de Bap
Um dos pontos cruciais levantados por Bap é a necessidade de estabelecer um limite de gastos para os clubes de futebol no Brasil. Ele argumenta que, apesar das diferentes realidades financeiras entre os clubes, um limite razoável poderia ajudar a equilibrar o cenário.
Bap ilustra a situação do Flamengo , um clube com grande capacidade de arrecadação, mas que também precisa sustentar diversas modalidades esportivas. Ele defende que, mesmo com a permissão legal para gastar 100% da receita com futebol, o clube não consegue fazê-lo devido a essas outras responsabilidades. Sua proposta é limitar os gastos com futebol a 75% da receita, o que ele considera uma medida viável e benéfica para o sistema.
? Tem SAFs, clubes de tamanhos diferentes... Muita gente fala que o Flamengo é um clube rico. Mas é como se fosse um pai com 11 filhos, um deu muito certo, mas os outros 10 dependem dele e do pai. Nós temos muitos esportes dentro da casa que custam. Outros clubes não têm. Por mais que digam que você pode gastar 100% do que arrecada no futebol, eu não consigo fazer. Por mais que a lei permite. Acho que no Brasil você colocar um limite para gastar com futebol, 75% só com futebol já é bastante coisa. Acho que isso poderia ajudar. Como tem situações diferentes, vai ser muito difícil ficar criando critério único que vai atender a todos.
Punições Severas: A Chave para a Eficácia
Bap enfatiza a importância de implementar punições esportivas para os clubes que não cumprirem as regras do fair play financeiro. Ele concorda com a sugestão de Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, de que "Não pagou, não joga". No entanto, ele acredita que, com o tempo, a perda de pontos deve ser uma sanção inevitável.
O dirigente rubro-negro argumenta que a ausência de punições efetivas inviabiliza qualquer solução. Ele cita exemplos de clubes que se tornaram SAFs e, mesmo assim, não honram seus compromissos financeiros. Bap defende que a mudança deve ocorrer "pela dor", com sanções que afetem o desempenho dos clubes.
? Sugestão do Mário (Bittencourt, presidente do Fluminense) é boa, simples, fácil e rápida de implementar ("Não pagou, não joga"). Mas entendo que com o tempo deva haver punições esportivas de perda de pontos. "Ah, mas clube virando SAF vai pagar tudo". Tem clubes reconhecidamente fortes hoje em dia que viraram SAF e não pagam ninguém. Onde não houver sanção, não acredito que haverá solução. Pelo amor não vamos mudar esse aspecto, tem que ser pela dor. Ter punições, afetar a performance dos clubes.
Responsabilização dos Dirigentes: Uma Medida Necessária
Além das punições aos clubes, Bap defende a responsabilização dos dirigentes. Ele propõe que, em caso de dívidas, os dirigentes se tornem inelegíveis em seus clubes. O dirigente compartilha uma experiência pessoal, revelando que foi aconselhado a parar de pagar impostos para investir em contratações, com a justificativa de que o tamanho do Flamengo o protegeria de qualquer consequência.
Bap critica essa mentalidade, que ele considera parte de um problema cultural no Brasil, onde se acredita que tudo pode ser resolvido com "jeitinho". Ele alerta para os riscos dessa postura e defende a necessidade de uma mudança de mentalidade.
? Uma coisa que funcionaria é punir os dirigentes. Se está devendo, está inelegível nos seus clubes. Logo que ganhei as eleições, cara chegou para mim e disse: "Sabe que se parar de pagar impostos você contrata dois Alcaraz por ano aqui no Flamengo?" A gente ganha tudo e lá na frente vê como ajusta isso. Estou dividindo isso com vocês. Ele acredita que pelo fato do Flamengo ser um clube rico, paga suas obrigações em dia, se eu parasse de pagar nada iria acontecer pelo tamanho. Acho que tem um aspecto cultural, que com jeitinho resolve tudo, e isso é ruim.
Transição Gradual: Um Prazo de Adaptação Essencial
Bap reconhece que a implementação do fair play financeiro exige um período de adaptação para os clubes. Ele defende a criação de um prazo de "carência" para que os clubes se ajustem às novas regras. Ele sugere uma gradação nas punições, começando com medidas menos severas e evoluindo para a perda de pontos e a restrição na compra de jogadores.
? E precisa ter um período para os clubes se adequarem. "Ah, cinco anos é muito tempo". Nada em um clube de futebol é tão simples de ser mudado. "Esse ano não tem punição esportiva, mas ano que vem perde tantos pontos, não pode comprar jogador"... Tem que ter uma gradação para permitir que os clubes se programem.
Ecossistema Saudável: A Atração de Investimentos
Bap argumenta que um ecossistema financeiramente saudável é fundamental para atrair investimentos para o futebol brasileiro. Ele relata que muitas empresas, apesar de possuírem recursos financeiros significativos, se afastam do futebol brasileiro devido à falta de regras claras e à percepção de falta de profissionalismo.
O dirigente rubro-negro ressalta que a responsabilidade de criar um ambiente confiável é de todos os envolvidos no futebol. Ele destaca que o Flamengo , mesmo cumprindo suas obrigações financeiras, é prejudicado por jogar contra clubes que não o fazem, contaminando o sistema como um todo.
? Como empresário que fui durante mais de 30 anos, sei que algumas mazelas do nosso futebol afastam empresas que têm um caminhão de dinheiro para colocar no nosso negócio. Por uma questão de respeito e educação não nos dizem dessa forma. Eles dizem: "Parabéns, você foi campeão, mas esse ano estamos com uma readequação orçamentária". Às vezes a conversa interna é: "Não bota dinheiro nesse troço porque é um bando de picaretas, não tem regra em p... nenhuma e vamos ter nossa imagem manchada". Então nós temos responsabilidade em relação ao ecossistema. O Flamengo paga tudo, mas joga com clube que não paga, o ecossistema está contaminado.
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