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Djeni do Flamengo Expõe CBF: "Precisa Evoluir Junto" em Brasileirão Feminino
Por Redação Flapress em 09/08/2025 18:00
A ascensão do Flamengo Feminino à fase eliminatória do Campeonato Brasileiro, um marco significativo para o clube e para a atleta Djeni, não representa apenas a concretização de um objetivo esportivo. Ela serve como palco para uma discussão mais ampla e necessária sobre o futuro da modalidade no Brasil. A camisa 8 rubro-negra, uma flamenguista de berço, não se limita a celebrar o sucesso em campo; ela usa sua voz para cobrar avanços estruturais essenciais, direcionando um olhar crítico à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O retorno do clube carioca ao mata-mata, após um 2024 onde a equipe terminou a fase inicial na nona posição, é um testemunho da resiliência e do investimento do Flamengo . Contudo, para atletas como Djeni, o compromisso dos clubes precisa ser acompanhado por uma evolução paralela da entidade máxima do futebol nacional, sob pena de frear o potencial de um esporte em plena expansão.
O Grito de Alerta para a CBF: Prioridade e Profissionalismo
Em um contexto onde o futebol feminino experimenta um "boom" global, impulsionado por eventos como a Copa do Mundo de 2019 na França, a disparidade entre o esforço dos clubes e o apoio institucional torna-se cada vez mais evidente. Djeni, com a autoridade de quem vive o dia a dia da modalidade, não hesita em apontar as lacunas. A busca por patrocinadores, a premiação adequada e, sobretudo, um calendário previsível e bem planejado são pontos cruciais que a CBF, segundo a meia, precisa endereçar com urgência.
"Os times estão investindo cada vez mais, porque querem elevar o futebol feminino, tornar uma potência também. Acho que a CBF precisa evoluir junto com o campeonato, na questão de se interessar por patrocinadores, premiações. Não podemos ter um Campeonato Paulista maior que nosso campeonato. A Federação Paulista não pode ser maior que nossa Confederação"
A comparação com o Campeonato Paulista, que em certos aspectos supera o torneio nacional em organização e visibilidade, é um "puxão de orelha" eloquente. A profissionalização do futebol feminino brasileiro, longe de ser uma mera aspiração, é uma realidade que exige da CBF uma postura proativa e um comprometimento que vá além do discurso. A falta de clareza nas datas dos jogos e a dificuldade em planejar pré-temporadas são exemplos práticos de um descaso que impede o pleno desenvolvimento da modalidade.
"A CBF tem que ter esse cuidado, cuidar do calendário e soltar as datas antes. Precisa se preocupar mesmo com a modalidade. Às vezes, não sabemos quando vamos jogar, começo do ano ficou uma luta para saber. Como o clube se planeja para fazer a pré-temporada? O futebol feminino se profissionalizou muito, não é mais o coitadinho. Esse puxão de orelha é para CBF andar junto com a modalidade."
A Essência da Luta: A Trajetória e Mentalidade de Djeni
A voz de Djeni carrega não apenas a experiência de uma atleta de alto nível, com passagens destacadas, como pelo Internacional de 2020 a 2023, mas também a perspectiva de alguém que conhece o valor da superação. Sua trajetória é um espelho da persistência necessária para se firmar no futebol feminino. Oriunda de uma família com recursos limitados, a meia enxerga no esporte não apenas uma paixão, mas um meio de construir um futuro e honrar suas raízes.
"Tenho minha cabeça muito firme. Não venho de família rica, sei o quanto meus pais batalharam por isso. Sou muito grata todos os dias pela oportunidade de poder fazer o que amo, de ter um salário para isso e tento mostrar dentro de campo."
Essa mentalidade, forjada na gratidão e na consciência de que a carreira de atleta é finita, impulsiona Djeni a buscar constantemente seu melhor. A frase "matar um leão por dia", tão comum no vocabulário de quem luta por espaço, ressoa com especial força no contexto do futebol feminino, onde a prova de valor é uma constante. O apoio familiar, fundamental em sua jornada, reforça a base sólida que a mantém focada em seus objetivos.
"Não vou jogar até os 50 anos, tenho que aproveitar ao máximo. Tenho essa mentalidade de onde vim e o que quero buscar, o que quero construir através do futebol. Nós, mulheres, temos sempre que provar nosso talento, matar um leão por dia, é isso que carrego para minha vida"
A Virada Rubro-Negra: O Impacto de Rosana Augusto
A classificação do Flamengo para o mata-mata do Brasileirão Feminino não é apenas fruto do talento individual, mas também de uma significativa reestruturação interna. A chegada de Rosana Augusto ao comando técnico da equipe, em um momento crucial da primeira fase, marcou uma verdadeira mudança de chave. A resposta positiva do elenco, que engatou uma sequência de vitórias, demonstra a assimilação de uma nova metodologia e postura em campo.
A experiência de Rosana como ex-atleta é, para Djeni, um diferencial inestimável. Essa vivência proporciona à treinadora uma leitura de jogo e um entendimento das nuances do vestiário que agregam consideravelmente à performance da equipe. A capacidade de se colocar no lugar da jogadora, compreendendo as dinâmicas e necessidades do campo, é um trunfo na preparação para os desafios do mata-mata.
"A chegada da Rô fez com que déssemos uma mudada de chave dentro de campo, a postura da nossa equipe passou a ser outra. Cada treinador tem sua metodologia, mas nós entendemos a dela muito bem, assimilou."
"Por ter sido ex-atleta, a leitura de fora dela é muito boa. A Rô tem esse sentimento de jogadora, acho que isso é um diferencial muito grande, ela sabe o que dá e o que não daria para fazer. Isso agrega muito à equipe"
O Desafio do Mata-Mata: Revanche Contra o Palmeiras
O próximo adversário do Flamengo na fase eliminatória é o Palmeiras, em um confronto que promete ser intenso e equilibrado. Na primeira fase, o embate entre as duas equipes resultou em uma derrota expressiva para o Rubro-Negro, por 5 a 2. Contudo, a equipe carioca, agora sob nova liderança técnica e com uma postura renovada, projeta um cenário diferente para o duelo decisivo.
Para Djeni, enfrentar o Palmeiras neste domingo, às 10h30 (horário de Brasília), com transmissão do Sportv e da TV Globo, representa não apenas um desafio profissional, mas também uma realização pessoal. Sendo uma flamenguista de coração, a meia confessa que a ansiedade inicial de vestir o manto sagrado, especialmente no ano passado, deu lugar a uma naturalidade que otimiza sua performance. Essa conexão emocional com o clube, aliada à sua experiência e à melhora do time, a coloca como uma peça fundamental na busca pela taça do Brasileirão Feminino.
"Sempre fui flamenguista, e isso me causou uma certa ansiedade no último jogo ano passado. Agora, consigo controlar isso. Tinha aquela questão de ser o primeiro, queremos derrubar essas coisas. Tudo está mais natural."
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