Censo IBGE revela impacto de Arrascaeta e ídolos do Flamengo em nomes brasileiros

O cenário cultural brasileiro, profundamente entrelaçado com a paixão pelo futebol, foi mais uma vez evidenciado pela recente atualização do portal Nomes do Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última terça-feira (4). Baseado nos dados do Censo de 2022, o documento mais recente oferece uma perspectiva detalhada sobre a crescente tendência de homenagens a figuras do esporte nas certidões de nascimento, revelando um elo inegável entre o campo e a identidade nacional.

Entre os dados mais notáveis da pesquisa, destaca-se a influência do craque Giorgian De Arrascaeta, ídolo do Flamengo, ao lado de nomes como Neymar. O levantamento pormenoriza que o camisa 10 rubro-negro inspirou registros tanto pelo seu prenome quanto pelo seu sobrenome, sendo este último adotado por 53 indivíduos em território nacional. A análise do IBGE não só quantifica, mas também contextualiza a frequência e a distribuição de prenomes e sobrenomes ao longo das décadas, sublinhando como a cultura esportiva permeia a escolha de nomes para as novas gerações, que agora carregam a identidade de atletas como Neymar, Romário, Zico, Raí, e, mais recentemente, Arrascaeta ou Deyverson.

Arrascaeta: O Fenômeno Uruguaio Que Enraíza no Brasil

O impacto de Giorgian De Arrascaeta , maestro do Flamengo e figura central para uma geração de torcedores, transcende os gramados. Seu sobrenome, agora uma assinatura para 53 brasileiros, simboliza uma conexão profunda. Destes, 17 registros estão concentrados no estado do Rio de Janeiro, local onde o jogador reside desde 2019, comprovando a proximidade da homenagem com o epicentro de sua trajetória no clube carioca. Esta não é uma mera coincidência, mas um reflexo da admiração e do legado que o uruguaio vem construindo.

Consagrado como o estrangeiro com o maior número de títulos e gols na história do Flamengo , o meia se encontra em um momento crucial de sua carreira, próximo de uma renovação contratual que solidificará ainda mais sua permanência. Sua coleção de feitos significativos pela equipe rubro-negra é vasta, e sua atual fase, onde se destaca como artilheiro do time na temporada, apenas reforça a pertinência dessas homenagens. Além do sobrenome, o primeiro nome do atleta, Giorgian, também capturou a atenção dos pais brasileiros, com 42 pessoas atualmente registradas com esta denominação.

No panorama das homenagens ligadas ao clube, o maior ídolo da história do Flamengo , Zico, mantém uma liderança inquestionável. Com 582 pessoas batizadas em sua honra, e uma idade mediana de 41 anos, o "Galinho" continua a ser uma referência atemporal, demonstrando a perenidade de sua lenda no imaginário popular brasileiro.

Ídolos Globais e a Marca nos Nomes Brasileiros

A influência de atletas como Neymar transcende fronteiras e gerações, manifestando-se de forma expressiva nos registros civis brasileiros. Na década de 1950, o nome Neymar era uma raridade, com apenas 23 ocorrências. Contudo, esse número disparou para 1.468 no período de 2010, coincidindo com o auge da popularidade do jogador. A ascensão de sua carreira internacional impulsionou ainda mais essa tendência, resultando em 2.443 pessoas registradas com o nome de Neymar em todo o país. Curiosamente, 50 desses registros são de mulheres, com uma idade mediana de 11 anos, evidenciando a transversalidade do fenômeno.

A ubiquidade do nome Neymar é notável, com presença em todos os 27 estados brasileiros. Minas Gerais lidera com 372 registros, seguido por São Paulo (340), Amazonas (239) e Bahia (232), ilustrando a capilaridade de sua fama. Outro campeão mundial, Romário, também se destaca como uma fonte de inspiração, com 50.538 pessoas carregando seu nome no Brasil, numa média de 29 anos de idade, confirmando o impacto duradouro de sua trajetória no futebol.

A Geração dos Nomes Inspirados: De Messi a Mbappé

O estudo do IBGE revela uma categoria fascinante de nomes que emergiram no Brasil quase que exclusivamente após a consagração de jogadores no cenário internacional, particularmente aqueles laureados com o Ballon d'Or. Casos como Kaká, Messi, Ronaldinho e Zidane são exemplares dessa tendência. Os dados são claros: esses nomes eram praticamente inexistentes em décadas anteriores ao reconhecimento global de tais atletas. Kaká, por exemplo, vencedor do prêmio em 2007, marcou o início de registros com seu nome. Lionel Messi, eleito o melhor do mundo em nove ocasiões entre 2009 e 2023, também impulsionou uma onda de homenagens em certidões brasileiras.

O mesmo padrão se observa com Ronaldinho ? tanto o Gaúcho quanto o Fenômeno Ronaldo? e o ícone francês Zinedine Zidane, cuja Bola de Ouro em 1998 inspirou registros. A influência se estende a outros grandes nomes do futebol, como Sócrates (1.836 registros), Dalessandro (847) e Deyverson (695). Até mesmo adversários históricos de clubes brasileiros, como o argentino Juan Román Riquelme, surgem entre os homenageados, com o nome "Riquelme" registrado 25.942 vezes no Brasil, apesar de seu protagonismo ter sido principalmente no Boca Juniors.

A nova geração do futebol mundial já começa a deixar sua marca nos nomes brasileiros. O nome Kylian, em homenagem a Mbappé, registra 138 ocorrências, enquanto Ousmane, referindo-se a Dembélé, soma 28, demonstrando a rapidez com que a popularidade de astros contemporâneos se reflete na escolha de nomes. A seguir, uma síntese dos dados mais relevantes do Censo 2022 do IBGE: