Abel Ferreira Alfineta Críticos: Palmeiras Lidera, Flamengo Observa

A vitória expressiva do Palmeiras sobre o Juventude, por 4 a 1, no Allianz Parque, pela 12ª rodada atrasada do Campeonato Brasileiro, reacendeu a chama da disputa pela liderança. O triunfo consolidou o time paulista na ponta da tabela, alcançando 53 pontos e abrindo três de vantagem sobre o segundo colocado, o Flamengo, a apenas doze rodadas do término da competição. Contudo, mais do que os números, foram as declarações do técnico Abel Ferreira que reverberaram no cenário esportivo, provocando uma reflexão sobre a percepção de sucesso e fracasso no futebol brasileiro.

Em sua coletiva de imprensa, o treinador português não hesitou em recordar as intensas críticas que recebeu há pouco mais de dois meses, após a eliminação nas quartas de final da Copa do Brasil contra o Corinthians. Com um tom incisivo, Abel dirigiu-se diretamente àqueles que prognosticavam o encerramento de seu ciclo no clube alviverde, questionando a efemeridade das análises no futebol.

A Ironia do "Fim de Ciclo" e a Resiliência do Comando

O discurso de Abel Ferreira é um testemunho da pressão constante que envolve o futebol de alto rendimento. Sua retórica pós-vitória não foi de mero alívio, mas de um desabafo calculado, uma resposta veemente aos prognósticos pessimistas. A menção ao "fim de ciclo" foi tratada com ironia, sublinhando a volatilidade da opinião pública e midiática.

"Mas o ciclo não estava acabando? Não posso dizer tanto... (risos) Ah, meu Deus... Eu não vou alterar nada do que temos feito. Jogamos um jogo de cada vez. É descansar agora e preparar os jogadores. Daqui a três dias estamos a jogar contra o Bragantino. Dificilmente teremos os jogadores vindo das seleções. Em função da ida ao Mundial, daquilo que é o calendário brasileiro, da valorização dos jogadores que foram convocados... Portanto, é continuar com o nosso trabalho. Sim, é verdade (temos mini-metas), mas não posso dizer mais do que isso. Eu dedico muito mais tempo ao Palmeiras do que para a minha família. Agora, não posso dizer tudo o que eu faço. O que está dizendo é verdade. Mas é como as receitas dos bolos aqui do Brasil, maravilhosos... Pode me dar a receita? Dizem que tem ovo, farinha, mas nunca a quantidade que leva. Há coisas que são muito nossas e vamos continuar. Mas é verdade, isso (estabelecer mini-metas) cria desafios, cria ambição para a equipe"

O técnico enfatizou a manutenção da filosofia de trabalho e a importância das "mini-metas" como motivadores internos, comparando a complexidade de sua metodologia a uma receita de bolo, cujos segredos não são totalmente revelados. Essa postura reflete a dedicação e o foco, elementos cruciais para a consistência em uma temporada longa e desgastante.

Elogios à Gestão: Leila e Barros Blindam o Projeto

Um ponto central na explanação de Abel foi o reconhecimento explícito à presidente Leila Pereira e ao diretor de futebol Anderson Barros. O treinador elogiou a forma como a dupla conduziu o trabalho, especialmente nos momentos de instabilidade, destacando a capacidade de blindar o ambiente interno das pressões externas.

"Estamos na reconstrução, em boa fase, nunca perdemos o equilíbrio. A presidente é fora da caixa, está lá, sobretudo, nos momentos difíceis. Quando ela mais me ajuda e me liga é nos momentos difíceis. Tenho essa sorte. Tenho sorte porque as pessoas dentro do clube sabem o que fazemos, como estava o clube quando chegamos e a valorização. O caminho é esse. Expectativas máximas, independente do que digam. Agora, ainda mais. Vocês (imprensa) vão fazer tudo o oposto à o que fizeram contra o Corinthians. Se minha presidente e meu diretor dessem ouvidos, o treinador e metade da equipe já tinham ido embora, estava tudo mal. Nem éramos tão ruins como diziam, nem somos isso tudo como estão dizendo agora. É continuar com pés no chão e seguindo o nosso caminho. Temos Red Bull Bragantino, Flamengo, temos a Libertadores e um jogo dois dias depois"

Essa declaração é um recado direto não apenas à imprensa, mas também ao próprio clube, ressaltando a importância de uma direção coesa e resistente às oscilações. Abel argumenta que, se a cúpula do Palmeiras tivesse cedido à pressão externa, o projeto atual, incluindo o próprio treinador e boa parte do elenco, não teria sobrevivido. Ele reiterou a necessidade de manter o equilíbrio, não se deixando levar pelos extremos ? nem pela crítica excessiva, nem pelo elogio desmedido.

A Disputa Acirrada e os Desafios à Frente do Verdão

Apesar da euforia momentânea, o cenário à frente do Palmeiras é de intensa exigência. A liderança do Campeonato Brasileiro é um feito notável, mas a competição está longe de ser definida. A tabela de classificação reflete a proximidade entre os principais concorrentes:

Além da perseguição do Flamengo no Brasileirão, o Palmeiras enfrenta a semifinal da CONMEBOL Libertadores, onde terá pela frente a LDU. O calendário apertado, com jogos decisivos e a ausência de atletas convocados para suas respectivas seleções, impõe um teste de fogo à profundidade do elenco e à capacidade de gestão de Abel Ferreira.

As palavras do técnico do Palmeiras servem como um lembrete da intensa rivalidade e da alta voltagem que permeiam a disputa pelo título nacional. Para o Flamengo , a mensagem é clara: a consistência do adversário é um fator a ser respeitado, mas a competição segue aberta, exigindo foco e determinação máximos para superar a vantagem construída pelo time paulista.