- Flapress
- Paquetá Quebra o Silêncio: City, Flamengo e Absolvição
Paquetá Quebra o Silêncio: City, Flamengo e Absolvição
Por Redação Flapress em 13/11/2025 21:30
Com um semblante de felicidade, um espírito fortalecido e o receio finalmente superado. Assim Lucas Paquetá descreve seu estado de ânimo após ser inocentado da acusação de má conduta relacionada a apostas esportivas em solo inglês. Convocado para os compromissos da seleção brasileira na Europa, que incluem confrontos com Senegal e Tunísia, o meio-campista concedeu sua primeira entrevista ao ge, abordando o desfecho do prolongado processo que o envolveu.
Paquetá compartilhou os pormenores de como enfrentou o caso por um período de quase dois anos, admitindo ter necessitado de suporte psicológico. Foi no seio familiar e na sua fé que encontrou o refúgio para a angústia vivenciada. O atleta do West Ham relembrou que estava à beira de uma transferência para o Manchester City quando as acusações vieram à tona. Além disso, revelou ter dialogado sobre um possível retorno ao Flamengo em duas ocasiões distintas. Na mais recente, chegou a conversar com Filipe Luís e, conforme suas próprias palavras, "tentou muito" concretizar a volta ao clube rubro-negro.
Embora o foco de Paquetá esteja agora no futuro, com especial atenção à Copa do Mundo, ele ainda insiste que há aspectos de seu passado que necessitam ser esclarecidos. "Venho me preparando para, mais detalhadamente, poder contar a todo mundo o meu lado da história", asseverou o jogador.
A Trajetória de Paquetá: Da Angústia à Absolvição Total
Questionado sobre como lidou com a grave acusação e sua sensação atual após a absolvição, Paquetá não hesitou em expressar a profundidade do impacto. "Sem dúvida alguma foi um momento muito difícil, não só para mim, mas para minha família. Eu e minha esposa passamos por dois anos longos, dolorosos, mas com um final feliz. O mais importante foi ter entendido o porquê de tudo, de estar passando por tudo isso. Muitas especulações, muitos julgamentos antecipados, mas a gente se agarrou a Deus, se transformou, se ajudou muito", relatou.
O jogador enfatizou o fortalecimento de seus laços pessoais diante da adversidade. "Isso fortaleceu também o nosso casamento, nossa história como família: eu, ela e as crianças. Fico feliz de ter terminado da maneira que foi, lutei muito contra isso e é muito difícil você não poder falar, escutar várias narrativas e não poder contar o seu lado da história. É algo também que eu venho me preparando para, mais detalhadamente, poder contar a todo mundo o meu lado da história. Fico muito feliz de poder voltar à seleção brasileira, como foi no Maracanã, com um gol, reconquistar o meu espaço e brigar por uma vaga na Copa", complementou.
O Sonho Desfeito: A Transferência ao City e as Cicatrizes Psicológicas
Ao abordar os prejuízos, especialmente de ordem psicológica e social, decorrentes do processo, Paquetá foi direto. "Todo mundo sabe que realmente eu tinha uma transferência para o City. Provavelmente eu assinaria na semana que recebi a carta (da Federação Inglesa). Falando profissionalmente, eu perdi isso, essa transferência, dar um salto na minha carreira. Psicologicamente, acho que foi onde eu mais fui afetado, pelo medo dessa indecisão, a incerteza do meu futuro, apesar de saber quem eu sou, o que eu faço, o que eu fiz. Mas, devido às circunstâncias que eram as investigações e da forma com que a federação fazia tudo, isso gerava um medo na gente", explicou o meio-campista.
O impacto na saúde mental foi um ponto crucial. "Psicologicamente, foi difícil para mim, tive acompanhamento psicólogo para poder lidar com tudo isso, alguns problemas. Mas, como eu disse, ter entendido o porquê de tudo, que foi uma obra de Deus, para poder compartilhar um pouco desse meu encontro com Ele, ser um testemunho de fé, de resiliência, acho que isso é que eu levo, foi a minha vitória. Eu estou feliz, muito mais leve. Esse medo ficou para trás. O que diziam que seriam três meses que eu tinha durou dois anos e eu pude comprovar a minha inocência, vencer esse caso e poder fazer o que eu amo normalmente", afirmou Paquetá. Sobre a advertência da Comissão Reguladora independente da Federação de Futebol da Inglaterra por não colaborar, ele a enxerga como uma "vitória completa", sem punição real de tempo ou financeira, apenas uma formalidade processual. "Agora é desfrutar desse momento, poder voltar a jogar um pouco mais leve, sem esse peso, sem esse medo, e ser feliz dentro de campo", declarou.
O Coração Rubro-Negro: As Duas Tentativas de Retorno ao Flamengo
A especulação sobre uma possível punição restrita à Inglaterra gerou um clamor dos torcedores do Flamengo por seu retorno. Paquetá confirmou ter havido conversas com a diretoria rubro-negra em dois momentos distintos. "Na verdade, foram dois momentos diferentes. O primeiro momento era ainda quando o (Marcos) Braz estava estava no Flamengo , existiu esse contato. Eu sei do desejo do Flamengo , e eles sabem do meu desejo, da minha paixão pelo clube, então é algo que sempre acontece", revelou.
Ele detalhou a primeira abordagem. "Assim que eu fui acusado, que ia iniciar todo o processo de julgamento, o Braz foi à minha casa, fez a proposta, perguntou o que eu pensava. Óbvio, eu sempre quero voltar para o Flamengo , mas naquele momento ainda estava meio balançado da minha decisão, do que eu ia fazer, e aí eu conversei com o diretor do West Ham também e falei: Braz, eu quero voltar, sei que vou me sentir bem no Flamengo , mas não posso ser ingrato com o clube que está me apoiando muito. Eles me apoiaram muito em todos os momentos, me ajudaram em diversas situações, então eu não podia forçar uma saída de um lugar onde estava sendo acolhido, respeitado. Eles respeitavam a mim, minha esposa, minha família. Então eu falei assim: eu quero que vocês resolvam isso. Mas existiu, sim, essa troca com o Flamengo ", explicou o jogador.
A segunda tentativa, ainda mais forte, ocorreu quando a absolvição se desenhava. "O segundo momento, por incrível que pareça, foi quando eu já sabia que poderia continuar jogando normalmente. Foi quando eu senti mais vontade ainda de voltar ao Flamengo . Talvez eu nem pudesse falar isso, mas eu tive algumas conversas com o Filipe (Luís), que é um amigo, além do trabalho que ele está fazendo no Flamengo . Eu realmente demonstrei o desejo de voltar e também demonstrei aos meus empresários. Era uma decisão difícil, porque eu tenho 28 anos, é muito cedo e ainda tenho muito mercado aqui fora, venho fazendo meu trabalho bem feito, mas era um desejo muito grande. E eu tentei muito, só que infelizmente mais uma vez entrei naquela de respeitar o meu clube, de não forçar nada, porque é um clube que me apoiou, que eu tenho carinho enorme. Então deixei acontecer e realmente não aconteceu. Eu entendi que não era o momento, mas as portas sei que vão estar sempre abertas para mim. Sei que em algum momento essa volta vai acontecer", concluiu Paquetá, demonstrando seu vínculo inabalável com o clube carioca.
O Amparo da Seleção e a Força da Fé: A Reconstrução de Paquetá
Apesar de ter sido afastado de algumas convocações em determinado período, Paquetá não foi completamente excluído da seleção brasileira, o que, para ele, representou um crucial acolhimento. "Com certeza, até quero ressaltar aqui o meu respeito pela CBF, pelo Rodrigo Caetano (coordenador de seleções masculinas), que desde o princípio me ajudou, confiou em mim. O Caetano me conhece desde os meus 16 anos, ele foi muito importante para mim aqui dentro. Muitas pessoas criticavam a CBF por eu estar sendo convocado em meio a investigações. Mas, sem dúvida alguma, estar na Seleção era algo que me ajudava muito. As pessoas talvez não enxergassem esse lado, mas estar com meus companheiros, falando a mesma língua, meus amigos de longa data, isso me fortaleceu muito", destacou o atleta.
A pausa nas convocações foi uma decisão conjunta. "No período que eu deixei de ir (para a Seleção) foi mais uma conversa minha com o Rodrigo, porque já era em meio ao julgamento e eu preferi também, falei com ele para não estar presente porque queria concentrar minhas forças ali. Passei dois anos sem poder falar e estava próximo do dia de eu realmente poder me expressar, não só publicamente, mas também dentro do caso. Acho que a CBF foi muito importante. Meus companheiros também me apoiaram muito, e eu fiquei muito grato a eles por isso", afirmou. Sobre a credibilidade, Paquetá revela uma transformação. "Cara, hoje em dia, zero. Até um tempo atrás (sim), porque no início foi ruim, era duro. Como eu disse, estou me preparando para contar mais sobre tudo que passei e acho que as pessoas vão entender melhor o meu lado, mas no início foi bem difícil passar por essa situação. Para o final (do processo) eu comecei a lidar melhor com isso. Hoje não me afeta mais graças a Deus, era uma coisa que eu pedi a Deus também para deixar de lado, porque hoje poderia responder de outra maneira depois de tudo que passei, mas o meu intuito aqui não é glorificar a mim que ganhei o caso, que comprovei a minha inocência, não. É glorificar a Deus por tudo o que Ele fez na minha vida. Então hoje eu lido muito bem com isso", assegurou.
O Futuro e a "Obra Completa": A Nova Fase de Lucas Paquetá
Apesar das dificuldades psicológicas admitidas, a ideia de abandonar o futebol nunca se concretizou. "Cara, deixar o futebol não, mas existiram vários momentos em que você não aguenta mais passar por tanta coisa, coloca na sua cabeça: cara, não preciso estar me provando dessa maneira. Mas é o que eu falo, a gente tem um sonho e sempre fui muito comprometido com o meu sonho, ele sempre foi inegociável em qualquer parte da minha vida. Então isso que me mantinha vivo em jogar e obviamente a minha família, minha esposa, os meus filhos, ter eles comigo me motivava. Vai lá, briga até o final porque você precisa provar quem você é, isso me tranquilizava e me dava força", explicou o jogador.
A fé, para Paquetá, foi um pilar inabalável. "Eu entendi que Jesus é a verdade, o caminho, a vida. Eu acho que essa transformação que tive de passar por tudo isso (serve) até para quem olha de fora poder entender que não é só uma história. É algo para compartilhar com as pessoas, que eu quero poder tocar as pessoas e trazê-las também para perto de Deus através da minha história, do que vivi. E hoje é a base da minha vida, né? Eu entendi tarde, mas entendi o recado. Fico muito feliz de ter tido esse encontro. Deus transformou a minha vida, a minha família, a minha casa. Espero poder compartilhar também desse encontro que eu tive para alcançar outras pessoas", afirmou.
Em relação à Seleção, Paquetá se mostra versátil. "Eu tenho estado muito confortável. Estou voltando, reconquistando meu espaço, me colocando à disposição, como sempre fiz. Eu me sinto muito à vontade de jogar no meio-campo, de um segundo nome no ataque, de um 10 por trás do camisa 9. É uma formação que eu tenho algumas opções para jogar e isso me favorece. Acho que o Ancelotti também enxerga isso. Como eu disse, sempre me coloco à disposição para estar ajudando a equipe, para poder jogar onde ele desejar. Acho que essa confiança, essa troca existe, e ele me conhece bem. Sei que ele também sabe que eu posso estar aqui para ajudar", comentou.
A Copa do Mundo de 2026 é uma meta clara. "Cara, é um sonho de criança que eu já realizei, mas toda vez que chega nesse período os olhos brilham, a gente quer estar lá, porque não tem nada igual, não tem uma competição que seja igual à Copa do Mundo. Pela seleção brasileira é um momento muito especial. Acho que o ápice da carreira do jogador é poder disputar uma Copa do Mundo. E eu tenho o privilégio de poder disputar uma Copa do Mundo pelo Brasil. Acho que é uma junção de muitas lembranças, mas também desse desejo, dessa vontade de poder não só disputar, de vencer essa Copa do Mundo e poder dar alegria ao povo um pouco, que acho que a gente está precisando", finalizou. Para definir seu sentimento em uma palavra após esses dois anos, Lucas Paquetá escolheu duas: "obra completa". "Eu tenho usado muito isso que... Eu tenho certeza que é isso que Deus tem para mim e eu sei que já estava escrito esse momento. Estou muito confiante na minha fé de que isso tudo estava preparado para mim, é uma obra completa", concluiu.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros