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Léo Ortiz Desliga Redes Sociais: A Pressão Psicológica Velada no Futebol do Flamengo

Por Redação Flapress em 29/07/2025 19:00

No cenário contemporâneo do futebol, a exposição dos atletas nas plataformas digitais transformou-se em uma faca de dois gumes. Se, por um lado, as redes sociais oferecem uma vitrine sem precedentes para a interação com torcedores e o fortalecimento de marcas pessoais, por outro, representam um palco implacável para o julgamento público. Essa constante vigilância, muitas vezes desprovida de sensatez, tem cobrado um preço alto na saúde mental dos profissionais.

Recentemente, o zagueiro Léo Ortiz, figura central na vitória do Flamengo sobre o Atlético-MG por 1 a 0, veio a público para abordar um tema que ressoa com a crescente preocupação sobre o bem-estar psicológico no esporte de alto rendimento: sua decisão de desativar o perfil nas redes sociais. A atitude do defensor não foi um capricho, mas sim uma resposta direta a uma enxurrada de críticas, algumas delas com foco em sua condição física, manifestadas por parte da torcida.

Em suas declarações, Ortiz traçou uma distinção crucial entre a crítica construtiva e o ataque pessoal. Ele deixou claro que a análise tática ou de desempenho em campo não o incomoda. O problema reside na toxicidade de comentários que transcendem o jogo, atingindo a esfera pessoal e, por vezes, minando a confiança do atleta. O zagueiro expressou com clareza a natureza do incômodo:

"Não ligo para críticas da parte tática, de jogo. Zero problema com crítica. Mas achei que algumas pessoas começaram a trazer uma energia negativa, flamenguistas que acabam jogando mais contra o Flamengo e contra os jogadores, relacionando meu peso a um passe errado. Se eu tivesse feito um gol, ninguém falaria isso. Por isso desativei. Mas isso não me abalou"

O Atleta sob o Julgamento Digital

A fala de Léo Ortiz reflete uma realidade que muitos atletas vivenciam, onde a performance em campo é, por vezes, eclipsada por narrativas externas, muitas delas baseadas em suposições ou preconceitos. A associação de um erro técnico a questões físicas, como o peso, ilustra a superficialidade de certos comentários que buscam um bode expiatório em vez de uma análise contextualizada.

O caso do zagueiro do Flamengo não é um incidente isolado. Há pouco mais de dois meses, o meia Hércules, do Fluminense, enfrentou uma situação análoga. Após ser alvo de severas críticas sobre seu comportamento extracampo, em um período de desempenho abaixo do esperado de sua equipe, o jovem atleta optou por excluir seu perfil no Instagram. A gravidade da situação foi tamanha que até mesmo o experiente ex-jogador Felipe Melo interveio, gravando um vídeo de apoio ao colega.

Curiosamente, o destino de Hércules após o episódio de exclusão da conta social revelou um contraste notável. Durante a Copa do Mundo de Clubes, o atleta do Tricolor demonstrou uma notável capacidade de superação. Ao sair do banco de reservas em confrontos decisivos contra a Internazionale e o Al Hilal, nas fases de oitavas e quartas-de-final, Hércules não apenas entregou atuações consistentes, mas também balançou as redes em ambas as partidas, consolidando-se como um dos pilares da equipe na competição.

A Fragilidade da Imagem Pública e a Resiliência em Campo

A dicotomia entre a visibilidade e a vulnerabilidade nas mídias sociais é um tema que tem sido amplamente discutido por especialistas. Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM, aponta para a complexidade desse ambiente:

"As redes sociais são hoje a principal vitrine dos atletas, não só como competidores, mas também como embaixadores de marcas e embora ampliem o alcance, o engajamento e o valor comercial, também amplificam a cobrança, os julgamentos públicos e os impactos na saúde mental, tornando-se ao mesmo tempo uma ferramenta de visibilidade e uma fonte de pressão constante"

A experiência de Léo Ortiz e Hércules serve como um lembrete contundente dos desafios impostos pela era digital aos atletas. É imperativo que o ambiente do futebol, incluindo torcedores e imprensa, reflita sobre a responsabilidade do discurso e o impacto de cada palavra na vida daqueles que se dedicam ao esporte. A performance em campo, por mais que seja o foco, não deve justificar a desumanização ou o ataque pessoal, que, como se vê, podem ter consequências diretas na saúde mental e, paradoxalmente, no próprio desempenho dos jogadores.

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Comentado em 29/07/2025 20:40 Léo Ortiz mostrou chave de ouro, gol decisivo e desligou pra zueira, respeito total!
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