- Flapress
- Flamengo x Racing: Os Preços dos Ingressos e a Justificativa da "Final Comercial"
Flamengo x Racing: Os Preços dos Ingressos e a Justificativa da "Final Comercial"
Por Redação Flapress em 12/10/2025 05:40
A divulgação dos valores dos ingressos para o confronto decisivo da semifinal da Conmebol Libertadores, entre Flamengo e Racing (ARG), agendado para o dia 22 de novembro no Maracanã, reacendeu um debate já familiar entre a torcida rubro-negra e a cúpula diretiva do clube. Com o bilhete mais acessível custando R$ 350 e o mais caro atingindo R$ 2 mil, a medida provocou, mais uma vez, um coro de insatisfação. Contudo, a diretoria mantém sua postura inabalável, reiterando a convicção de que a decisão adotada é a mais acertada para os interesses do clube.
O presidente do Flamengo , Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, ofereceu uma explanação para os preços elevados, categorizando as semifinais da Libertadores como a "final comercial" da competição. Segundo sua argumentação, a totalidade da receita gerada pela grande final, disputada em jogo único, é destinada à Conmebol. Neste ano, a decisão será novamente em Lima, no Peru, em 29 de novembro.
Em sua fala, durante o III Fórum Rio Empreendedor, Bap elucidou a complexidade por trás da precificação:
O preço dos ingressos depende do momento e das circunstâncias. O primeiro jogo do campeonato vai ser sempre o mais barato. Na Libertadores, o último jogo é todo da Conmebol. Então, a final, do ponto de vista comercial, é a semifinal. Se você coloca o preço barato, os ingressos acabam em duas horas e todo mundo diz que você é sacana. Se coloca muito caro, você tem reclamações. O Flamengo tem tido público recorde em todos os jogos. Estamos respeitando as prioridades dos sócios-torcedores. As vendas já abriram e está vendendo demais.
A Estratégia de Precificação e o Histórico Recente
Ainda que o clube ofereça descontos para sócios-torcedores, meia-entrada e uma cota para gratuidades em todos os setores, os valores integrais são significativamente impactantes. A seguir, detalhamos os preços para o embate contra o Racing:
| Setor | Preço Cheio (R$) |
|---|---|
| Sul | 350 |
| Norte | 400 |
| Leste Superior | 450 |
| Leste Inferior | 500 |
| Oeste | 600 |
| Maracanã Mais | 2.000 |
Ao se analisar o panorama histórico recente, a escalada nos preços é inegável. Comparando com as edições anteriores da Libertadores em que o Flamengo alcançou as semifinais, o aumento se mostra substancial. Em 2019, no confronto contra o Grêmio, o ingresso mais em conta custava R$ 140, enquanto o mais elevado chegava a R$ 1,2 mil. Já em 2022, na partida contra o Vélez Sarsfield (ARG), o valor mínimo era de R$ 160, e o máximo, R$ 1,6 mil.
| Ano | Adversário (Semifinal) | Preço Mínimo (R$) | Preço Máximo (R$) |
|---|---|---|---|
| 2019 | Grêmio | 140 | 1.200 |
| 2022 | Vélez Sarsfield (ARG) | 160 | 1.600 |
| Atual (Racing) | Racing (ARG) | 350 | 2.000 |
A Voz da Torcida: Protestos e Recordes de Público
A insatisfação dos torcedores rubro-negros com a política de preços ao longo da temporada não se limitou a meras reclamações. Manifestações concretas ocorreram, como o boicote das torcidas organizadas durante um jogo do Campeonato Carioca contra o Maricá, em fevereiro, onde optaram por não comparecer.
Outros atos de protesto pontuaram o ano. Antes de um clássico contra o Vasco, por exemplo, foi exibido um boneco de Judas representando Bap, acompanhado da frase: "Bap, inimigo do torcedor". No início do Campeonato Brasileiro, em um jogo contra o Juventude, o dirigente foi alvo de xingamentos e cânticos como "baixa o ingresso". Naquela ocasião, uma faixa foi estendida com a mensagem: "ingresso caro, arquibancada vazia", e o público pagante de 28.931 pessoas ficou bem aquém do usual para o Flamengo .
Apesar de todas as queixas e da persistente argumentação sobre a "elitização" da torcida do Flamengo , o próprio Bap expressa satisfação com a estratégia adotada. Ele enfatiza que, à medida que a temporada avança e o time atinge estágios cruciais, a percepção de valor do ingresso se altera. A despeito dos protestos iniciais, o clube registrou recordes de público. O empate em 0 a 0 contra o Cruzeiro, em 2 de novembro, por exemplo, marcou o maior público de jogos entre clubes no novo Maracanã (reinaugurado em 2013), com 67,8 mil pagantes e 72,5 mil presentes, gerando uma receita de R$ 5,8 milhões.
A visão do presidente sobre o processo de precificação é clara:
Ninguém quer pagar mais, eu entendo, mas são escolhas. Cabem 70 mil no Maracanã. A gente tem lotado a casa. Na segunda rodada, quando você não sabe se seu clube vai longe, R$ 80 é caro. Agora, na rodada 27, R$ 80 é barato para ver o Mengão tratorar e virar o líder do campeonato de novo e se encaminhar para ganhar a p.... toda (risos). Muitas vezes você marca preço em cima de variáveis. Você acerta e você erra. Mas duvido que alguém tenha acertado mais do que o Flamengo nesse ano. É só olhar o público médio pagante, presente e o atendimento aos sócios-torcedores. Estou satisfeito com o processo.
A tensão entre a maximização da receita e a acessibilidade para a base da torcida permanece um ponto de atrito constante, com a diretoria defendendo sua estratégia comercial e os torcedores clamando por valores mais justos, em um cenário onde o sucesso em campo parece, por vezes, validar as decisões financeiras do clube.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros