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Flamengo x Libra: Bloqueio de R$77 Milhões Aquece Disputa por Direitos de TV
Por Redação Flapress em 27/09/2025 17:50
O cenário do futebol brasileiro foi sacudido por uma recente decisão judicial que colocou o Clube de Regatas do Flamengo em rota de colisão com a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e alguns de seus principais membros. Uma liminar, concedida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, suspendeu o repasse de uma parcela significativa dos direitos de transmissão, gerando um forte e uníssono coro de desaprovação por parte de clubes como Palmeiras e São Paulo, além da própria Libra.
A atitude do clube carioca, que buscou o caminho judicial para contestar os termos de distribuição de receitas, travou R$ 77 milhões destinados aos participantes da Libra. Este montante, crucial para o fluxo de caixa de diversas agremiações, refere-se a uma porcentagem dos ganhos provenientes do pay-per-view, conforme contrato estabelecido entre a Liga e a TV Globo. A ação do Flamengo , portanto, não apenas impacta diretamente o financeiro dos demais, mas também expõe as tensões subjacentes na construção de um consenso entre os gigantes do esporte nacional.
A Dura Resposta dos Gigantes: Palmeiras e São Paulo Condenam Ação Rubro-Negra
A repercussão da medida flamenguista foi imediata e severa. A Sociedade Esportiva Palmeiras não hesitou em classificar a estratégia do Flamengo como ?predatória e torpe?, afirmando que seu objetivo seria ?asfixiar financeiramente? os clubes parceiros da Libra. A nota alviverde ainda sublinhou que a intenção final seria ?subjugá-los e extrair ainda mais benefícios individuais?, uma acusação grave que denota a profundidade do descontentamento.
Curiosamente, o Palmeiras, que poderia ser um dos beneficiários diretos de uma eventual alteração nos critérios de divisão, defendeu o crescimento coletivo do futebol brasileiro, afastando-se da postura individualista que atribui ao Flamengo . A agremiação paulista também fez questão de relembrar um episódio anterior, citando a recusa do Flamengo em assinar um manifesto contra o racismo nos gramados sul-americanos, sugerindo um padrão de conduta.
O São Paulo Futebol Clube também se manifestou em termos veementes. Em seu comunicado, o Tricolor Paulista declarou que ?a atitude do Flamengo não é condizente ao seu passado grandioso e tem como intenção atrapalhar financeiramente o futebol brasileiro?. A diretoria são-paulina enfatizou a necessidade dos clubes por essa verba para seu custeio e expressou confiança na avaliação imparcial da Justiça. Ambos os clubes esperam que a Justiça do Rio de Janeiro perceba as verdadeiras intenções por trás das ações do Flamengo e restabeleça a legalidade do acordo vigente.
O Cerne da Disputa: Entenda a Reivindicação do Flamengo
A ação judicial do Flamengo não surge do nada, mas de um descontentamento com os termos do contrato de direitos de transmissão firmado em 2024, com validade até 2029. O clube alega ter sofrido prejuízo com o acordo, que foi assinado por Rodolfo Landim, então presidente. Luiz Eduardo Baptista, sucessor e opositor de Landim, tem sido uma voz crítica aos termos, argumentando que a distribuição de dinheiro dentro da liga não reconhece o poder gerador de receitas do Flamengo .
A principal queixa rubro-negra reside na metodologia de divisão da receita de pay-per-view. O estatuto da Libra prevê um direito de veto legítimo, exigindo aprovação unânime para o critério de rateio dos valores de audiência. Contudo, em Assembleias Gerais Extraordinárias (AGEs) realizadas em 16/05/25 e 26/08/25, o Flamengo e o Volta Redonda votaram contra a proposta defendida pela Libra. O Flamengo argumenta que, apesar de sua torcida representar 47% do total entre os clubes da Libra, o critério atual lhe concede apenas 20,41% da receita de audiência, resultando em uma perda anual superior a R$ 100 milhões em comparação com o contrato anterior.
A divisão de receitas dos direitos de transmissão, imagem e som na Libra é estruturada da seguinte forma:
| Critério | Porcentagem da Receita |
|---|---|
| Divisão Igualitária entre Clubes | 40% |
| Classificação Final no Campeonato Brasileiro Série A | 30% |
| Audiência Gerada por Cada Clube | 30% |
O Flamengo reafirma sua busca por respeito à sua representatividade, à observância das regras estatutárias e legais da Libra, e ao reconhecimento justo do valor e da história de cada clube. Embora admita que é "péssimo para o Flamengo que as receitas devidas a título de audiência fiquem retidas judicialmente", o clube carioca insiste que não poderia concordar com uma solução que considera "absurda" e "tirânica" em seu prejuízo, e que a retenção judicial se refere apenas aos 30% da audiência, não aos outros 70% das receitas.
A Posição da Libra: Acordos Pacificados e Desgaste da Harmonia
A Libra, por sua vez, manifestou seu repúdio à "decisão unilateral e repentina" do Flamengo . A entidade expressou surpresa com a atitude, visto que o tema foi debatido exaustivamente e submetido à "vontade democrática de todos os membros, que votaram pela manutenção do formato atual". A Liga considera a medida uma "postura que privilegia o interesse particular de curto prazo", com os verdadeiros prejudicados sendo os clubes que dependem desses recursos para seu fluxo de caixa e pagamentos. A Libra se comprometeu a defender na justiça a legitimidade das decisões coletivas e o cumprimento dos contratos, reiterando seu foco na construção conjunta e no fortalecimento do futebol brasileiro.
A questão dos direitos de transmissão, complexa por natureza, expõe a fragilidade dos acordos coletivos quando interesses individuais colidem com a visão de grupo. Enquanto o Flamengo busca o que considera uma compensação justa por seu poder de atração de audiência, os demais clubes da Libra, e a própria entidade, veem a ação como um desrespeito a acordos já estabelecidos e um entrave ao desenvolvimento coletivo. O processo, que corre em segredo de Justiça e teve a liminar concedida em segunda instância, promete novos capítulos e incertezas sobre a harmonia e o futuro da distribuição de receitas no futebol nacional.
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