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Flamengo x Inter: Vitória Magra e Decisão Eletrizante na Libertadores
Por Redação Flapress em 14/08/2025 07:10
A confrontação com o Clube de Regatas do Flamengo, notadamente em duelos eliminatórios, transformou-se, nos tempos recentes, em um desafio hercúleo para a vasta maioria dos oponentes. É quase uma premissa inquestionável que, em algum ponto da disputa ? e por vezes, ao longo de toda ela ? a equipe adversária será compelida a uma retranca sacrificial, defendendo seu reduto como se a própria existência dependesse de cada bloqueio. Se a tradição rubro-negra evoca a posse de bola e o futebol ofensivo, as formações atuais, como a comandada por Filipe Luís, buscam uma hegemonia quase absoluta sobre o controle da partida.
Diante desse panorama, a imposição avassaladora do Flamengo no primeiro tempo do embate contra o Internacional, válido pelas oitavas da Libertadores, suscita uma indagação: seria uma manobra calculada de Roger Machado para assegurar que os Colorados regressassem com chances ao Beira-Rio, ou meramente a manifestação inegável da supremacia tática de Filipe Luís e da qualidade intrínseca do elenco flamenguista? A resposta, provavelmente, reside em uma combinação de fatores. Contudo, é inegável que o Rubro-Negro exibiu uma posse de bola quase tirânica, impulsionado pelas atuações inspiradas de Samuel Lino, Jorginho e Bruno Henrique, confrontando um Inter visivelmente recuado, que priorizava a proteção de Rochet enquanto tentava decifrar a intensidade do vendaval.
No entanto, para além do gol de cabeça assinalado por Bruno Henrique , a equipe carioca reincidiu em um de seus vícios mais notórios: a desproporção entre o volume de jogo e a efetiva criação de oportunidades claras. Prova disso é que Rochet, que para o torcedor colorado já se eleva à condição de maior uruguaio vivo (entre os treze uruguaios atualmente vivos), foi exigido em raras ocasiões de real perigo. Do lado alvirrubro, a ausência de um poder de fogo consistente ? reflexo do momento aquém das expectativas de Borré e Valencia ? lançou o jovem Ricardo Mathias a uma posição de sacrifício. Isolado na frente, o atacante lutava contra uma muralha defensiva, tentando dominar passes imprecisos que mais pareciam pedras do que bolas. A imagem de um centroavante abandonado à própria sorte no campo de ataque é, de fato, das mais melancólicas.
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Esse foi o cenário da obstinada resistência colorada, que se agarrava à defesa com unhas e dentes, se necessário fosse. Contudo, a existência não se resume apenas à capacidade de suportar, como bem compreendem aqueles que enfrentam labutas diárias, equilibrando anseios enquanto o cansaço os embala no trajeto de volta para casa ? uma metáfora para os "centroavantes solitários" da vida cotidiana. Há momentos em que a plenitude se faz necessária, e para isso existem os instantes de libertação. Foi precisamente essa a postura do Internacional na etapa complementar, que ensaiou um reencontro com sua melhor forma ao assumir maior controle da partida e, por vezes, até mesmo a assustar o adversário. Um período de notável redenção para alguns de seus atletas, a exemplo dos laterais Aguirre e Bernabei, e do intrigante Bruno Tabata.
Esse despertar colorado representou quase um levante diante do assombroso poderio técnico do Flamengo ? um poderio que se revelou ainda mais contundente ao final da partida, com a entrada de Pedro e Cebolinha, jogadores que, sem sombra de dúvida, teriam vaga garantida em qualquer escalação titular do continente sul-americano. Em meio ao temor que se supunha contido, a voz de um torcedor colorado, em algum estabelecimento em Alvorada, vestindo a camisa de Aguirregaray, reverenciando Nílson Esídio e marcado pela graciosidade discreta de Bobô, ecoava para si mesmo, mal audível, mas carregada de convicção: "dinheiro e medo nunca tivemos."
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Contudo, apenas uma parcela daquela afirmação popular encontra respaldo na realidade: uma dose controlada de receio é, paradoxalmente, um motor para a evolução humana e um catalisador para defesas memoráveis, tanto nos gramados quanto na jornada da vida. Embora apertada, a vitória confere ao Flamengo a vantagem do favoritismo. Não obstante, o Internacional não apenas sobreviveu, mas retorna ao Beira-Rio com um vigor surpreendente, demonstrando que ainda há muito a dizer. É para o palco colorado que, na vindoura semana, todas as expectativas e inquietações se direcionarão. A próxima quarta-feira, em sua essência, já se iniciou.
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