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Flamengo vs. Libra: Entenda o Bloqueio de R$ 77 Milhões e a Disputa por Direitos de TV

Por Redação Flapress em 08/10/2025 11:31

As complexas relações entre o Flamengo e a Liga Brasileira de Futebol (Libra) atingiram um novo patamar de tensão, após o presidente do clube rubro-negro, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, expor sérias falhas operacionais na entidade. As revelações, feitas durante uma reunião do Conselho Deliberativo na última terça-feira (7), foram detalhadas por Mauro Cezar Pereira no UOL News Esporte, do Canal UOL, lançando luz sobre uma controvérsia que culminou no bloqueio judicial de R$ 77 milhões pela Justiça do Rio de Janeiro.

De acordo com o colunista, o Flamengo sustenta acusações graves contra a Libra, que incluem a manipulação indevida de atas de reuniões, a ausência de transparência nos processos e a autorização de pagamentos de direitos televisivos com base em critérios que não obtiveram a unanimidade necessária, contrariando expressamente o estatuto da própria Libra. Este cenário de desavenças não apenas gerou o vultoso bloqueio financeiro, mas também intensificou uma guerra de versões e insinuações entre os clubes integrantes.

As Acusações do Flamengo: Alterações em Atas e Falta de Unanimidade

Mauro Cezar Pereira elucidou a dinâmica das acusações, destacando a natureza crítica dos pontos levantados por Bap. A essência da disputa reside na alegação de que a Libra teria alterado a ata de uma segunda assembleia, removendo da pauta um assunto crucial que não havia encontrado consenso na reunião anterior. O jornalista detalhou a situação, comparando-a a um impasse em uma reunião condominial:

Ontem, na reunião, alguns pontos até graves foram apontados pelo Flamengo. Eles não chegaram a um acordo, fizeram uma primeira reunião, nessa reunião não houve acordo. Imagina uma reunião de condomínio. Vamos definir se as vagas das garagens vão ser fixas ou livres. Não chega a um consenso, você faz o quê? Você marca uma nova assembleia. Nessa nova assembleia, você tem que ter a continuidade dessa discussão. O Flamengo alega que, da primeira assembleia sem acordo para a segunda, tentou dialogar com alguns clubes e não houve acordo. E que, na segunda assembleia, a ata da reunião é alterada pela Libra. Ou seja, o assunto é tirado da pauta.

Um dos pontos mais sensíveis da controvérsia envolve a remuneração dos direitos de transmissão. A Libra, segundo o Flamengo , teria autorizado a Globo a efetuar o pagamento da primeira parcela utilizando um critério que, embora "aprovado pela maioria, mas sem unanimidade", contraria frontalmente o estatuto da liga, que exige consenso absoluto para tal tipo de deliberação. Diante da consumação do pagamento sob essas condições, o Flamengo , em sua defesa dos interesses do clube, decidiu recorrer à esfera judicial.

Flamengo vs. Libra: Entenda o Bloqueio de R$ 77 Milhões e a Disputa por Direitos de TV
Foto: (Mariana Sá/CRF)

O Papel do Presidente e a Desinformação no Debate

Para Mauro Cezar, a conduta de Luiz Eduardo Baptista, ao questionar o acordo nos termos apresentados, é não apenas justificada, mas representa o cumprimento de sua obrigação como presidente do Flamengo . O comentarista também teceu críticas veementes à proliferação de informações imprecisas em torno do caso, identificando duas causas principais para esse fenômeno:

Tudo que foi apresentado ontem foi grave, boa parte do que ele mostrou ontem, o Rodrigo Mattos já tinha publicado no blog dele, e eu acho que o que está acontecendo é muita desinformação. E essa desinformação vem por duas razões. Uma, preguiça de parte da mídia, de que não quer se aprofundar no assunto, mas quer ter opinião, o que é assustador. Eventualmente, a história contada é pela metade, sem você apresentar todo o conteúdo, o documento tem que ser apresentado inteiro, não um pedaço. Isso não está certo.

Adicionalmente, Pereira refutou a narrativa, supostamente disseminada por outros clubes, como o Palmeiras, de que o Flamengo estaria buscando uma posição isolada. Ele enfatizou que a essência do embate é estritamente comercial, e que a atuação do presidente rubro-negro se limita à defesa dos interesses de sua instituição:

Além disso, a narrativa que é vendida especialmente pelo Palmeiras, que desvia o assunto, 'vai jogar sozinho'. Não é isso que está em discussão. Isso não vai acontecer. É uma discussão meramente comercial. E o presidente do Flamengo, me parece, está fazendo a obrigação dele. Ele foi eleito para isso, que é defender os interesses do clube.

A Validade Contratual: O Foco da Justiça

A análise do colunista Rodrigo Mattos reforça a seriedade da situação. Em sua avaliação, o contrato da Libra possui uma "lacuna" que o torna impraticável, e é exatamente essa falha que será o cerne do julgamento judicial. Mattos salientou que qualquer entendimento ou pacto estabelecido pelo ex-presidente do Flamengo , Rodolfo Landim, com a Libra, deve estar formalmente registrado em contrato para ter validade legal:

É bom lembrar que o que vale não é o que o Landin diz, o que vale é o que tá no contrato, né? É o que tá escrito, é o que tá assinado. E o que tá assinado é um documento, pelo menos até 2024, com uma lacuna que o torna inaplicável. Então, o Landim amanhã pode dizer que fez algum acordo, não sei qual é a posição que ele vai ter, mas o que interessa pra Justiça é o que tá assinado. E o que tá assinado tem um problema e por isso que tá na Justiça, porque tem uma lacuna que não dá pra aplicar aquele critério de audiência.

O cenário delineado pelos especialistas e pelas acusações do Flamengo aponta para uma disputa de alta complexidade, onde a transparência, a conformidade estatutária e a validade contratual são os pilares em jogo. O desfecho dessa controvérsia terá implicações significativas não apenas para o Flamengo e a Libra, mas para o futuro do modelo de gestão dos direitos de transmissão no futebol brasileiro.

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