Flamengo e Bayern: A Verdadeira Estratégia Global Rubro-Negra Revelada

A busca por uma projeção internacional e a ambição de alcançar um patamar de excelência global têm sido pautas recorrentes na diretoria do Clube de Regatas do Flamengo. Nesse contexto, o Bayern de Munique emerge não como um espelho idêntico, mas como uma referência estratégica fundamental. O gigante alemão, hipotético adversário em um confronto de oitavas-de-final da Copa do Mundo de Clubes, tem sido objeto de profundo estudo por parte do clube carioca, solidificando-se como um paradigma inspirador.

Essa orientação estratégica não se consolidou na gestão atual de Rodolfo Landim, apesar das recentes discussões sobre os possíveis formatos para a edificação do novo estádio no Gasômetro darem essa impressão. Na verdade, a gênese dessa ideia remonta a uma concepção anterior, forjada na mente do então vice-presidente e atual presidente do Conselho de Administração, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap.

A Ambição Global do Flamengo: O Espelho Bávaro

"A Adidas criou uma agenda para nossos encontros pré-final da Champions League, na Europa. O Bayern foi um destes parceiros", revelou o dirigente, em alusão à parceria que facilitou o intercâmbio de conhecimentos. A Adidas, além de fornecedora de material esportivo do Flamengo , detém uma parcela significativa de 8,3% das ações do Bayern. Na Alemanha, a legislação vigente impõe que o clube preserve uma participação majoritária de 50% mais uma ação. O rubro-negro, em dado momento, chegou a examinar estruturas análogas para a concepção de seu futuro estádio.

Durante a administração de Rodolfo Landim, foram veiculadas declarações que aventavam modelos de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) nos quais acionistas poderiam possuir percentuais de participação, desde que a agremiação mantivesse a maioria do controle acionário. A complexidade jurídica, entretanto, reside na distinção entre os sistemas.

Modelos de Gestão e a Realidade Alemã: O Mito da SAF

"O Bayern fez uma SAF vendendo três fatias de 8,3% das ações e mantendo 75%", afirmou Rodolfo Landim em dezembro de 2023, após a visita organizada pela Adidas. Contudo, essa afirmação exige um esclarecimento. Não há um modelo de Sociedade Anônima do Futebol na legislação alemã. Embora a estrutura do Bayern possa servir de exemplo em termos de governança e atração de investidores, ela não se equipara formalmente ao conceito de SAF, como o defendido por Landim. Trata-se de uma empresa com formato distinto, visto que a legislação alemã não contempla sociedades dessa natureza, diferentemente da Espanha, onde existem as Sociedades Anônimas Deportivas (SADs).

Luiz Eduardo Baptista, Bap, é enfático ao afirmar que o Bayern não se configura como um modelo replicável para o Flamengo , dadas as singularidades de cada instituição. "Modelo o Bayern não é, porque cada clube vive realidade diferente. Mas é uma referência", pontua o influente dirigente. Bap participou da comitiva que visitou a Alemanha em 2023, acompanhando Rodolfo Landim, então presidente. "Discutimos o modelo deles, sua governança. Foi circunstancial", acrescenta.

Parceria e Referência: A Visão dos Dirigentes

Em 2021, a Fla TV promoveu um encontro virtual marcante entre Gabigol e Robert Lewandowski. Ambos, vestindo as icônicas camisas nove de suas respectivas equipes, eram patrocinados pela mesma marca das três listras. Naquele período, Lewandowski havia conquistado a Champions League de 2020 pelo Bayern, enquanto Gabigol havia levantado a taça da Libertadores pelo Flamengo em 2019.

Lewandowski expressou seu entusiasmo: "É interessante falar com Gabi. Me sinto muito bem com isso. Fazer online é diferente para mim". O atacante rubro-negro retribuiu: "O prazer é todo meu. É muito bom falar com um cara de quem sou fã e que hoje é o melhor jogador do mundo".

Essa interação foi uma das iniciativas colaborativas entre os dois clubes. Atualmente, não há outras ações formalmente agendadas. No entanto, a relação entre as duas potências do futebol mundial é de intensa diplomacia e parceria estratégica. O Bayern de Munique persiste como uma baliza fundamental para o Flamengo em sua aspiração de se consolidar como uma marca globalmente reconhecida e uma força dominante no cenário nacional. A eventualidade de um confronto direto, como o previsto para as oitavas-de-final da Copa do Mundo de Clubes, transcende a mera disputa esportiva, tornando-se um embate entre duas filosofias de gestão que, de diferentes formas, buscam a supremacia em seus respectivos universos.