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Flamengo: Acervo de 35 Mil Itens e Museu de R$ 23 Milhões - Como o Clube Preserva Sua História
Por Redação Flapress em 15/11/2025 11:10
A trajetória de uma instituição esportiva transcende o campo de jogo, manifestando-se na acumulação de sua história. O Clube de Regatas do Flamengo, ao longo de seus quase 130 anos, notavelmente nos últimos períodos de glória, tem acumulado um vasto portfólio de conquistas, indumentárias icônicas e artefatos de valor inestimável. Este legado é zelosamente preservado em seu acervo na sede da Gávea. O contemporâneo museu, inaugurado em 2023, oferece apenas um vislumbre da riqueza que compõe essa narrativa centenária.
A diligência na salvaguarda desse patrimônio é conduzida por um departamento especializado, composto por aproximadamente vinte profissionais. Estes são os custodiantes de um compêndio que ultrapassa 35 mil itens, um número que se renova anualmente. A seguir, uma síntese do acervo:
| Tipo de Item | Quantidade (última contagem) |
|---|---|
| Itens Totais no Acervo | Mais de 35.000 |
| Troféus | 7.071 |
Embora a concepção de uma missão para esta área remonte ao biênio 2011-2012, as iniciativas precursoras ganharam corpo entre 2016 e 2017, impulsionadas por Eduardo Vinicius, o "Dudu", figura emblemática como colecionador, curador do museu e conselheiro do clube, cujo falecimento ocorreu em junho de 2024.
O Monumental Acervo Rubro-Negro
A infraestrutura atual do museu, tal qual conhecemos hoje, foi concretizada em 2023, sob a administração de Rodolfo Landim. Uma versão mais modesta já existia na sede social, mas o projeto foi integralmente reformulado. O montante investido atingiu a cifra de R$ 23 milhões, com aportes oriundos, em parte, de uma corporação renomada na gestão de museus globais ? incluindo instituições como Juventus, Benfica, River Plate e o icônico Wembley Stadium ? e, em outra parcela, de patrocinadores que se valeram de incentivos fiscais providos pelas Leis Municipal e Estadual de Incentivo à Cultura e Esporte, além da Lei Rouanet.
A visão estratégica por trás dessa iniciativa é aprofundada por Guilherme Tardelli, pesquisador do patrimônio histórico do clube. Ele ressalta a evolução da área:
A pasta do patrimônio histórico é bem antiga no Flamengo. O quem vem acontecendo desde 2016 até hoje é um empenho na criação de um corpo técnico. Pessoas que são de fato do campo, são pesquisadores, teóricos. Trazemos o olhar da academia para dentro do patrimônio esportivo. Isso é um salto de qualidade não só para o Flamengo, mas para o desenvolvimento do campo. Hoje estamos aqui desenvolvendo pesquisas, produtos, ativações que ajudam a preservar a memória do esporte do Flamengo, mas contribui para o campo dos pesquisadores não só do clube, mas do esporte. Essa é a grande virada de chave que a gente gostaria de entregar, inclusive para a sociedade.
A Gênese de um Centro de Memória
Um projeto de expansão, concebido pela gestão anterior e inicialmente previsto para 2025, encontra-se estagnado. Segundo informações apuradas, esse planejamento, que visava o segundo andar do museu ? atualmente um espaço ocioso ?, ainda não progrediu e pode ser realocado para outras finalidades.
O alcance do departamento de patrimônio não se restringe ao museu físico. Sua influência se estende à concepção de indumentárias especiais, como as coleções "Identidade" e "Pherusa", recentemente lançadas. Estas coleções são fruto de meticulosas pesquisas sobre as representações da cultura rubro-negra. A expertise do departamento também foi crucial na curadoria para a criação do novo mural inaugurado na Gávea, em celebração aos 130 anos do clube.
Guilherme Tardelli detalha o processo curatorial, que é dinâmico e abrangente:
Esse processo de curadoria é sempre amplo, com bastante diálogo e debate. Considerando efemérides, questões que a gente queira e sejam necessários trabalhar em determinados momentos. O que costumamos fazer é que tem uma exposição de longa duração, que é a que está no museu, e usamos muito de intervenções ao longo do ano trazendo novos conteúdos e abordagens. Esse ano resgatamos a memória do Adílio, um cara que representa muito o que é ser Flamengo, através de uma intervenção no museu. Destacando o acervo que já é perene e de longa duração e trazendo novos acervos. Já fizemos com a memória das mulheres e vamos fazendo ao longo dos próximos meses e anos outras intervenções para dar rotatividade e trazer outros debates ao rubro-negro e aos visitantes do museu.
Estratégia e Ambições do Patrimônio
A coleção do acervo está em constante crescimento, com novos objetos sendo incorporados regularmente, seja por doações de familiares, torcedores ou outras fontes. Cada peça passa por um rigoroso processo de curadoria e catalogação. O Flamengo , reconhecido por possuir uma das abordagens mais modernas nesse campo no Brasil, compreende que esse zelo pode estabelecer um legado significativo para o patrimônio esportivo nacional.
Guilherme Tardelli reitera a importância dessa dedicação:
O que a gente trabalha aqui de todas as formas, desde a pesquisa até a intervenção e o acondicionamento físico dos nossos materiais é a conservação da memória. Dos bens materiais do Flamengo. Um legado que a gente visa é gerar um acúmulo para o campo. O patrimônio esportivo precisa andar de forma coletiva, pensar na memória do esporte e do povo brasileiro é uma memória coletiva. Não depende só do Flamengo, mas o clube se propõe a dar esse passo na conservação da memória esportiva. De alguma forma para o sócio e a nação estamos aqui para conservar os nossos bens materiais e imateriais e estamos dispostos também a contribuir e dialogar com o crescimento do campo do patrimônio esportivo como um todo.
O Legado da Memória Coletiva
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