Everton Ribeiro Detalha Transformação de Rogério Ceni Pós-Flamengo

O cenário do futebol brasileiro frequentemente nos brinda com reencontros e, com eles, análises profundas sobre trajetórias e desenvolvimentos. Recentemente, após a conquista da Copa do Nordeste, o meio-campista Everton Ribeiro, peça-chave do Bahia, ofereceu uma perspectiva singular sobre a jornada de Rogério Ceni, seu técnico, traçando um paralelo entre o período na Gávea e o atual momento no Esquadrão.

A relação profissional entre Ribeiro e Ceni é marcada por êxitos notáveis. Juntos, no Flamengo, celebraram títulos importantes como o Campeonato Brasileiro, o Campeonato Carioca e a Supercopa do Brasil, entre 2020 e 2021. Agora, sob a bandeira do Bahia, a dupla adicionou mais conquistas à sua coleção, com o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste, evidenciando uma parceria vitoriosa que transcende clubes.

Questionado sobre as distinções no comportamento de Ceni entre os dois clubes, Everton Ribeiro não hesitou em apontar uma significativa metamorfose. Segundo o atleta, o comandante passou por uma profunda evolução, especialmente no que tange à forma de lidar com os jogadores nos bastidores, um aspecto que, em sua visão, representou um entrave durante a passagem pelo Rubro-Negro.

O Legado de Ceni no Flamengo e a Percepção de Mudança

A percepção do craque do Bahia sugere que a gestão interna de pessoas por parte do treinador foi um fator determinante que, em seu período no Flamengo , pode ter comprometido o ambiente. As palavras de Everton Ribeiro ao Sportv são elucidativas:

Eu acredito que o Rogério (Ceni) vem se atualizando, vem mudando muito a forma de ser também com o grupo. Eu vejo diferença muito grande do que ele era com o Flamengo.

Essa declaração aponta para uma reflexão sobre como a rigidez ou a abordagem de Ceni no Ninho do Urubu pode ter sido interpretada pelo elenco. A exigência, característica intrínseca do ex-goleiro, parece ter sido recalibrada. O meia explica que, embora a intensidade pela vitória permaneça inabalável, a maneira de aplicá-la se suavizou consideravelmente.

A ambição de Ceni em construir uma história vitoriosa no Bahia é evidente, e para isso, aprimorou sua capacidade de compreender o cotidiano dos atletas. Everton Ribeiro detalha essa transformação:

A vontade de vencer (de Rogério Ceni) não muda, a cobrança diária é até maior, ele quer marcar a história também no Bahia, mas hoje ele já consegue entender um pouco melhor o dia-a-dia dos jogadores. Ele vê de longe o jogador que está mais chateado e não está jogando, então às vezes ele vem e fala uma palavra de consolo ali que vai deixar o jogador animado novamente.

Essa nova abordagem, mais empática e observadora, permite ao treinador identificar e intervir proativamente no estado de espírito dos atletas, mantendo a motivação em alta.

Gestão Avançada: O Impacto na Dinâmica do Grupo

A capacidade de Ceni em gerenciar o grupo, oferecendo suporte e oportunidades, é um dos pilares de seu sucesso recente. Ribeiro enfatiza essa qualidade:

Consegue fazer essa gestão muito bem e dá oportunidade para todos, isso eu acho que é o mais importante.

Um exemplo prático dessa evolução, conforme destacado pelo meio-campista, foi observado na decisão da Copa do Nordeste. A decisão de Ceni de incluir jovens talentos da base em um momento de alta pressão demonstra uma estratégia de gestão que visa não apenas o resultado imediato, mas também o desenvolvimento e a ambientação dos futuros atletas do clube.

A inclusão de garotos em partidas decisivas, como na final contra o Confiança, serve como um incentivo crucial para que eles se familiarizem com a intensidade de um estádio lotado e a importância de um jogo decisivo. Everton Ribeiro conclui sua análise reforçando a figura inspiradora de Ceni:

Na própria final (contra o Confiança), ele colocou meninos da base para jogar, incentivando para que eles possam já se ambientar com esse clima de estádio lotado, de final, jogo importante. Então, isso ele vem fazendo muito bem, é um cara super vencedor na carreira como jogador e agora como técnico, então isso acaba inspirando a gente ali dentro de campo e poder fazer sempre o melhor. Ele até fala depois dos jogos que ele é chato, realmente ele cobra muito, mas isso é bom, faz a gente crescer bastante.

Apesar de sua autocrítica sobre ser "chato" na cobrança, a percepção de Everton Ribeiro é que essa exigência, agora aliada a uma gestão humana mais refinada, é um catalisador para o crescimento coletivo e individual, pavimentando o caminho para novas conquistas. A análise do experiente meia, portanto, não apenas celebra os títulos recentes, mas também oferece um olhar profundo sobre a transformação de um técnico que parece ter aprendido e se adaptado, construindo um legado de gestão de pessoas que talvez tenha sido o elo perdido em sua passagem pelo Flamengo .