Estádio do Flamengo: BAP Detalha Custos Estratosféricos e Alerta com Lição do Corinthians

A ambição de dotar o Clube de Regatas do Flamengo de uma casa própria, um estádio moderno e grandioso, confronta-se com uma realidade financeira que exige a máxima cautela. Recentemente, em declaração proferida nos Estados Unidos, onde o Rubro-Negro participa de um torneio internacional, o presidente Luiz Eduardo Baptista, conhecido como BAP, trouxe à tona informações cruciais que redefinem a perspectiva sobre o projeto. Os estudos preliminares, segundo ele, demonstraram uma subestimação significativa dos custos e do cronograma original.

"Os estudos demonstram que não dá para fazer no tempo que foi dito e nem no preço que foi comentado", asseverou o dirigente, revelando que a projeção atual para a edificação da arena se aproxima dos R$ 3 bilhões, um montante que quase duplica as estimativas iniciais.

O Desafio Financeiro e a Prudência Necessária

Essa nova cifra impõe um freio à euforia e reforça a postura de prudência adotada pela atual gestão. BAP foi enfático ao sublinhar que a concretização de um empreendimento dessa magnitude não pode ser guiada unicamente pelo entusiasmo. "Fazer algo com base apenas na emoção não é o caminho", pontuou. A construção de um estádio, para a diretoria, transcende o desejo imediato e se configura como um legado de longo fôlego.

"O estádio é um projeto para 50 anos", declarou, traçando um paralelo com a longa jornada para a edificação do Centro de Treinamento Ninho do Urubu, um processo que se estendeu por décadas até sua plena materialização. Fica claro, portanto, que a premiação advinda de competições como o Mundial de Clubes não será direcionada para essa finalidade, visto que são fontes de recursos com destinações distintas.

A Lição Crucial do Parque São Jorge

Para fundamentar essa postura de contenção, o presidente rubro-negro recorreu a um caso que serve de advertência no cenário do futebol nacional: a experiência do Sport Club Corinthians Paulista. Em sua análise, BAP rememorou o otimismo que cercava o clube paulista após suas conquistas na Libertadores e no Mundial de 2012.

"Em 2012, foi campeão da Libertadores e do Mundial. Meus amigos corintianos diziam: 'Daqui dois anos vamos ter estádio e vocês vão ver o que vai acontecer'. E o que aconteceu?"

indagou BAP, aludindo às notórias dificuldades financeiras que o Corinthians enfrentou subsequentemente à edificação de sua arena. Essa referência não é fortuita; ela ilustra os perigos inerentes a investimentos grandiosos que, se mal planejados ou executados, podem comprometer severamente a saúde financeira e, por conseguinte, o desempenho esportivo de uma agremiação. A diretoria do Flamengo , portanto, tem como premissa inegociável que qualquer avanço na construção do estádio será condicionado à total garantia de que a estabilidade econômica e a capacidade competitiva do clube permanecerão intocadas.

O Terreno do Gasômetro: Próximos Passos e Avaliações Técnicas

A despeito da complexidade e dos custos elevados, o projeto não está paralisado. Os estudos concernentes ao terreno do Gasômetro, área adquirida em leilão por R$ 138,2 milhões em julho de 2024, prosseguem ativamente. Atualmente, três companhias especializadas foram comissionadas para conduzir inspeções e avaliações pormenorizadas no local, com um horizonte de seis meses para a entrega dos resultados.

O propósito é acumular um volume robusto de dados técnicos e ambientais antes de se deliberar qualquer passo decisivo. Essa metodicidade, embora possa frustrar a impaciência natural da massa de torcedores, reflete a seriedade e a responsabilidade com que o Flamengo aborda um investimento de tamanha magnitude, assegurando que o sonho da casa própria se construa sobre bases sólidas e não sobre areia movediça.