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Corte de Verbas no Flamengo Feminino: Um Retrocesso Inexplicável Antes da Copa do Mundo
Por Redação Flapress em 17/10/2025 19:30
É com perplexidade que observamos a recente comunicação do Flamengo, que na última quinta-feira, anunciou uma "readequação" no orçamento de sua equipe feminina. Em termos mais claros, trata-se de uma redução de investimentos. Tal medida se dá a apenas dois anos de um evento histórico: a primeira Copa do Mundo feminina a ser sediada no Brasil e em toda a América do Sul. Esta decisão contrasta drasticamente com a crescente valorização global do futebol feminino e vem de um clube que registrou um faturamento expressivo de R$ 1,3 bilhão em 2024, com projeções de alcançar R$ 1,85 bilhão em 2025.
As consequências dessa política restritiva já são visíveis. O ajuste orçamentário culminou na saída da técnica Rosana Augusto, uma profissional que havia revitalizado a equipe. Sob sua liderança, o time conquistou uma notável sequência de seis jogos invictos no Campeonato Brasileiro, um feito que não apenas recuperou a temporada, mas também garantiu a classificação para as quartas de final da competição nacional. Seu histórico no comando da equipe totaliza 19 partidas, com um saldo de 13 vitórias, três empates e apenas três derrotas.
Estatística | Valor |
---|---|
Jogos Disputados | 19 |
Vitórias | 13 |
Empates | 3 |
Derrotas | 3 |
O Descompasso Rubro-Negro: Um Olhar Crítico Sobre a Redução de Verbas
Essa manobra orçamentária revela uma perspectiva desanimadora por parte do clube em relação ao seu departamento de futebol feminino. A impressão que se forma é a de que a ambição não é a de fomentar a evolução ou construir um projeto duradouro rumo ao sucesso. O propósito parece ser meramente o de preservar a imagem de uma instituição que "possui uma equipe feminina" ? e nada além disso. É legítimo questionar o que gera tamanha resistência à ascensão e ao reconhecimento do talento feminino nos gramados. A retórica do clube, que incessantemente almeja o topo em outras esferas, parece estranhamente silenciar quando o assunto é o futebol praticado por mulheres.
Diversos indícios corroboram essa percepção de esvaziamento. A realocação da modalidade da aba do futebol para o setor de "Olímpicos", a evidente distância em relação à equipe masculina ? que inclui a ausência de treinos no Ninho do Urubu e a falta de planos para que isso ocorra ?, e a presença de gestores diretos que parecem apenas "cumprir processos", sem um engajamento mais profundo, são elementos que sublinham essa desvalorização.
Potencial Ignorado: O Custo da Indiferença no Futebol Feminino
O Flamengo , com sua estrutura e poderio financeiro, teria todas as condições para se consolidar como uma verdadeira potência no futebol feminino. Poderia trilhar um caminho de sucesso, gerando receitas significativas e projetando talentos para o cenário internacional ? exemplos de negociações milionárias não faltam, como as vendas de Tarciane pelo Corinthians e Amanda Gutierres pelo Palmeiras. Contudo, o que se observa é uma clara preferência por não permitir que esse sucesso se concretize. Sim, trata-se de uma decisão deliberada. Essa postura, inclusive, vem acompanhada de discursos que chegam a tecer críticas à realização de uma COPA DO MUNDO FEMININA em território nacional.
Aqueles que verdadeiramente acompanham e apoiam o futebol feminino persistem diariamente na árdua batalha para derrubar barreiras. A modalidade, praticada por mulheres, transcende preconceitos e a resistência daqueles que tentam frear seu desenvolvimento. Mantemos a convicção de que, no futuro, presenciaremos um Maracanã completamente lotado para um clássico feminino. Resta saber se, em algum ponto dessa jornada, o Flamengo optará por construir um legado histórico e progressista, ou se preferirá permanecer alinhado a um passado que, ironicamente, já proibiu meninas de sequer tocarem em uma bola de futebol.
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