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Bruno Henrique: Manipulação de Apostas e Possível Banimento
Por Redação Flapress em 21/04/2025 04:10
O Cenário das Apostas Esportivas e a Justiça Desportiva
A deflagração da Operação Penalidade Máxima, em fevereiro de 2023, escancarou um problema latente no futebol brasileiro: a manipulação de resultados em prol de esquemas de apostas esportivas. Desde então, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) já julgou mais de 30 atletas envolvidos em tais práticas, um número alarmante que demonstra a extensão do problema.
Nesse contexto, surge a investigação envolvendo Bruno Henrique, atacante do Flamengo, pela Polícia Federal e Ministério Público do Distrito Federal. A apuração lança luz sobre a fragilidade do sistema e a necessidade de medidas mais rigorosas para proteger a integridade do esporte.
O caso de Bruno Henrique ganha contornos ainda mais sérios com seu indiciamento no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que versa sobre a fraude em competições esportivas. A pena prevista para tal delito varia de dois a seis anos de reclusão, além de responder por estelionato, com pena de um a cinco anos de prisão. Caso o Ministério Público ofereça denúncia, o jogador terá que se defender também na Justiça Comum.
O Que Acontece com Bruno Henrique? Análise dos Possíveis Cenários
Diante desse cenário, paira a dúvida: qual será o destino de Bruno Henrique ? O atacante do Flamengo corre o risco de ser banido do futebol? Para compreendermos a dimensão da situação, é crucial analisar o histórico de casos semelhantes julgados pelo STJD.
Embora o STJD ainda não tenha aberto inquérito formal, a Procuradoria já solicitou o compartilhamento do relatório da Polícia Federal, indicando a possibilidade de abertura de um processo. No âmbito esportivo, a punição pode variar desde uma suspensão de até dois anos até o banimento do futebol, a depender da gravidade das provas e da interpretação da Justiça Desportiva.
O presidente do STJD, Luís Otávio Veríssimo Teixeira, em entrevista ao ge, ressaltou a dificuldade de se obterem provas contundentes nesses casos: "A grande maioria dos alertas não vira processo ou redunda em absolvição, por causa da dificuldade de instrumentos persecutórios". Ele complementa que, "Num recorte de 2022 a 2024, nós temos mais de 150 alertas no Brasil em 2022, aproximadamente 120 em 2023 e 57 em 2024. Desses todos, nós tivemos, no âmbito da Justiça Desportiva, mais de 30 condenados. Todos esses condenados estão ligados a uma atuação persecutória do Estado".
Punições no Mundo do Futebol: Casos de Banimento e Suspensão
Para ilustrar a severidade das punições aplicadas em casos de manipulação de resultados, o ge reuniu 33 casos de jogadores investigados pelo STJD nos últimos anos, detalhando os motivos e as respectivas sanções. Entre os casos mais emblemáticos, destacam-se:
Jogadores Banidos do Futebol
- Diego Porfírio: Multado em R$ 60 mil por aceitar dinheiro para receber cartão amarelo quando defendia o Coritiba.
- Gabriel Tota: Multado em R$ 30 mil por aliciar companheiros de clube para o esquema de apostas quando atuava pelo Juventude.
- Matheus Gomes: Multado em R$ 10 mil por apresentar o jogador Fernando Neto ao chefe do esquema, Bruno Lopez de Moura, quando jogava no Olaria-RJ.
- Romário: Multado em R$ 80 mil por ser apontado como o pivô do esquema, aliciando outros atletas para a fraude quando defendia o Vila Nova.
- Ygor Catatau: Multado em R$ 70 mil por atuar como intermediário entre apostadores e jogadores do Sampaio Corrêa-MA.
Jogadores Suspensos e Próximos ao Retorno
- Gabriel Domingos: Suspenso por 720 dias e multado em R$ 80 mil por aceitar suborno para cometer um pênalti quando jogava pelo Vila Nova-GO.
- Moraes: Suspenso por 760 dias e multado em R$ 55 mil por aceitar dinheiro para receber cartões amarelos quando atuava pelo Juventude.
- Nino Paraíba: Suspenso por 720 dias e multado em R$ 100 mil por admitir ter recebido dinheiro para levar cartões amarelos em partidas do Paysandu.
- Paulo Miranda: Suspenso por 720 dias e multado em R$ 70 mil por ser acusado de aceitar dinheiro para forçar cartões amarelos em jogos do Juventude.
- Vitor Mendes: Suspenso por 720 dias e multado em R$ 70 mil por ser acusado de aceitar dinheiro para levar um cartão amarelo quando atuava pelo Juventude.
Esses casos demonstram a seriedade com que o STJD tem tratado as denúncias de manipulação de resultados, aplicando punições que podem comprometer a carreira dos atletas envolvidos.
O Papel da Justiça Comum e a Busca por Provas Concretas
A Justiça Comum desempenha um papel fundamental na elucidação desses casos, fornecendo instrumentos como quebra de sigilo bancário, extração telemática e delação premiada. Essas ferramentas permitem a obtenção de provas mais robustas, que podem ser utilizadas pelo STJD para dar prosseguimento aos processos.
No caso de Bruno Henrique , as provas que embasam a investigação são prints de conversas obtidos pela Polícia Federal, que só vieram à tona recentemente. A posse desses dados pode ser crucial para o andamento do processo e para a definição da punição, caso o jogador seja considerado culpado.
É importante ressaltar que, até o momento, Bruno Henrique é apenas um dos investigados na Operação Penalidade Máxima. A apuração ainda está em andamento, e o jogador terá a oportunidade de apresentar sua defesa e esclarecer os fatos. A presunção de inocência é um princípio fundamental do direito, e deve ser respeitada até que se prove o contrário.

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