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Bruno Henrique Flamengo: Justiça libera provas para STJD e CPI | Investigação Manipulação Apostas
Por Redação Flapress em 01/05/2025 11:51
Um caso grave que envolve a manipulação de resultados no esporte brasileiro continua a desdobrar-se. O atacante Bruno Henrique, peça-chave do Flamengo, encontra-se no centro de uma investigação conduzida pela Polícia Federal. Ele, ao lado de outras nove pessoas, foi formalmente acusado no mês passado. A suspeita central gira em torno de um cartão amarelo recebido pelo jogador durante uma partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023. A tese da investigação aponta que houve um esquema coordenado para apostar nessa advertência disciplinar, com o conhecimento prévio de que o próprio atleta forçaria a infração.
A lista de indiciados pela Polícia Federal é extensa e inclui familiares diretos do atleta. Entre eles, destacam-se Wander Nunes Pinto Júnior, irmão de Bruno Henrique , sua esposa, Ludymilla Araújo Lima, e a prima do jogador, Poliana Ester Nunes Cardoso. Segundo as apurações, esses três indivíduos teriam efetuado apostas relacionadas ao cartão. Um segundo grupo de envolvidos, descrito como amigos de Wander, também foi indiciado: Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos.
As implicações legais são severas. Bruno Henrique e seu irmão foram indiciados com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que trata da fraude em competições esportivas, crime punível com reclusão de dois a seis anos. Ambos também enfrentam acusação por estelionato, cuja pena varia de um a cinco anos de prisão. Os demais indiciados respondem apenas pelo crime de estelionato.
Detalhes da Investigação e as Provas
O pontapé inicial para esta complexa investigação ocorreu em agosto do ano passado. Operadores do mercado de apostas no Brasil demonstraram preocupação com padrões de apostas anormais relacionados ao cartão amarelo de Bruno Henrique na 31ª rodada do Brasileirão de 2023, em jogo contra o Santos, realizado em Brasília. A intensidade das apostas chamou atenção: três plataformas emitiram alertas.
Em uma delas, impressionantes 98% de todas as apostas em cartões para aquela partida concentravam-se no jogador do Flamengo . Outra casa de apostas registrou um percentual similar, atingindo 95%. A operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal, que incluiu acesso ao telefone celular do atleta, revelou comunicações comprometedoras.
Em uma troca de mensagens, o irmão de Bruno Henrique , Wander, questiona o jogador sobre quando ele receberia o terceiro cartão amarelo. A resposta do atacante rubro-negro, encontrada no relatório policial, foi direta: "Contra o Santos".
É relevante notar que Bruno Henrique entrou em campo contra o Santos já "pendurado" com cinco cartões amarelos acumulados em 22 jogos anteriores no campeonato. O cartão em questão foi recebido nos acréscimos do segundo tempo, após uma falta em Soteldo, com o placar já desfavorável ao Flamengo (2 a 1). Posteriormente, o jogador foi expulso por reclamação ao árbitro Rafael Klein.
Decisões Cruciais da Justiça
Em um desenvolvimento recente e crucial para o caso, a Justiça do Distrito Federal proferiu decisões significativas. Nesta quarta-feira, o juiz Fernando Brandini Barbagalo indeferiu um pedido apresentado por familiares do atacante Bruno Henrique que visava impor sigilo à investigação em curso. O inquérito busca determinar se o jogador do Flamengo agiu de forma deliberada para beneficiar apostadores ao receber o cartão amarelo na partida contra o Santos em 2023.
Adicionalmente, o magistrado concedeu autorização expressa para que a Polícia Federal compartilhe integralmente o conjunto de provas reunidas até o momento com o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Esta medida abre caminho para que o órgão máximo da justiça esportiva brasileira inicie um novo procedimento investigativo contra o atleta.
Em outra frente, a Justiça do DF também rejeitou uma solicitação do próprio Bruno Henrique . O jogador pedia a reconsideração de uma decisão prévia que já havia liberado o compartilhamento das mesmas evidências com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, em funcionamento no Senado Federal.
Um ponto de atenção na decisão judicial recente refere-se à casa de apostas Blaze. O juiz Barbagalo ordenou que a plataforma forneça dados específicos relacionados a quatro dos indivíduos indiciados pela Polícia Federal. A Blaze foi mencionada em diálogos extraídos dos celulares apreendidos, sugerindo seu envolvimento no fluxo das apostas, mas até então não havia cooperado plenamente com os investigadores, retendo informações solicitadas.
Posição do Clube e do Atleta
Apesar de ter sido formalmente indiciado pela Polícia Federal em um caso de tamanha gravidade, o Clube de Regatas do Flamengo optou por não afastar Bruno Henrique de suas atividades com o elenco principal. O jogador segue treinando normalmente e a expectativa é que continue a ser escalado em partidas futuras.
Por sua vez, o atacante mantém sua posição de negação veemente, refutando qualquer acusação de que tenha agido intencionalmente para beneficiar apostadores ao receber a advertência disciplinar contra o Santos.
Com a conclusão do relatório da Polícia Federal e a liberação das provas pela Justiça, o próximo passo crucial é a análise do material pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Caberá ao MP decidir se há elementos suficientes para apresentar uma denúncia formal contra Bruno Henrique e os demais indiciados, dando início a um processo criminal.

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