- Flapress
- Absolvição Ninho do Urubu: Justiça Libera Réus da Tragédia no CT do Flamengo – Entenda o Caso
Absolvição Ninho do Urubu: Justiça Libera Réus da Tragédia no CT do Flamengo – Entenda o Caso
Por Redação Flapress em 22/10/2025 01:40
Uma decisão judicial em primeira instância, proferida pela Justiça do Rio de Janeiro, resultou na absolvição de sete indivíduos implicados no inquérito referente ao incêndio que devastou o Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu. O lamentável episódio, ocorrido em fevereiro de 2019, ceifou a vida de dez jovens talentos das categorias de base do clube. É fundamental ressaltar que a sentença ainda é passível de recurso.
O magistrado Tiago Fernandes Barros, atuante na 36ª Vara Criminal, considerou a ação improcedente, culminando na desobrigação dos acusados. O trâmite processual, que se estendeu por anos, teve início formal em janeiro de 2021.
Em contrapartida, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) havia pleiteado a condenação de todos os envolvidos, após uma exaustiva investigação que incluiu a oitiva de mais de 40 testemunhas. O órgão sustentou que a apuração "comprova plenamente a responsabilidade criminal dos denunciados que ocupavam cargos com ingerência na administração do referido CT, (...) dos acusados responsáveis pelos contêineres destinados ao alojamento dos adolescentes, (...), bem como do responsável contratado para realizar a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado".
A Polêmica Decisão Judicial sobre o Ninho do Urubu
O fatídico evento, amplamente reconhecido como "a maior tragédia da história do Flamengo ", conforme o próprio MPRJ, "poderia e deveria ter sido evitado". A peça ministerial detalhou, com rigor técnico, como as condutas dos denunciados foram cruciais para a deflagração do incidente que interrompeu a trajetória de dez adolescentes, refutando qualquer interpretação de que o ocorrido foi um mero acidente inevitável ou uma simples fatalidade.
Trecho da nota do MPRJ
O nefasto episódio, que ficou conhecido como "a maior tragédia da história do Flamengo", poderia e deveria ter sido evitado. Na peça apresentada, o MPRJ demonstra, com rigor técnico, como os comportamentos dos denunciados contribuíram para a ocorrência do delito que ceifou a vida de dez adolescentes, afastando completamente a percepção sobre o evento como um acidente inevitável ou uma simples fatalidade.
Inicialmente, a lista de denunciados abrangia onze pessoas. Entre as alterações no curso do processo, destaca-se a exclusão do ex-presidente do Flamengo , Eduardo Bandeira de Mello, em fevereiro de 2025. A decisão, acatada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), seguiu um pedido do próprio MPRJ. A motivação para tal exclusão residiu no fato de o processo ter superado quatro anos, e o ex-mandatário, com mais de 70 anos, beneficia-se de um prazo de prescrição reduzido pela metade. Bandeira de Mello esteve à frente da presidência do clube entre 2013 e 2018.
Outras absolvições e rejeições de denúncias também marcaram o processo. O monitor Marcus Vinicius foi absolvido. Já o engenheiro Luiz Felipe e o ex-diretor da base rubro-negra Carlos Noval tiveram as denúncias contra eles rejeitadas. Apesar dos recursos apresentados pelo Ministério Público, essas decisões foram mantidas.
As Vidas Ceifadas e o Legado Indelével
O incêndio no Ninho do Urubu resultou em dez perdas irreparáveis, todas de jovens atletas das categorias de base do Flamengo , com idades que variavam entre 14 e 16 anos. Além das vítimas fatais, outros três jovens sofreram ferimentos e necessitaram de hospitalização. O fogo se alastrou pelos contêineres que serviam como dormitórios durante a madrugada, em uma noite em que 26 meninos pernoitavam nas instalações do CT.
Os nomes dos jovens que perderam a vida na tragédia são:
| Nome | Idade |
|---|---|
| Athila Paixão | 14 anos |
| Arthur Vinícius | 14 anos |
| Bernardo Pisetta | 15 anos |
| Christian Esmério | 15 anos |
| Gedson Santos | 14 anos |
| Jorge Eduardo | 15 anos |
| Pablo Henrique da Silva Matos | 14 anos |
| Rykelmo Viana | 16 anos |
| Samuel Thomas Rosa | 15 anos |
| Vitor Isaias | 15 anos |
Acordos e Indenizações: Um Capítulo à Parte
Paralelamente ao desenrolar judicial, o Flamengo estabeleceu onze acordos de indenização com as famílias das vítimas fatais. O último desses acordos foi formalizado em fevereiro, com a família de Christian Esmério, que havia recorrido à Justiça para buscar reparação. Previamente, em fevereiro do ano passado, o clube havia sido condenado a efetuar um pagamento aproximado de R$ 3 milhões aos pais do jogador e ao seu irmão. A decisão da época, proferida por André Aiex Baptista Martins, estipulava que cada um dos genitores de Christian receberia R$ 1,412 milhão em indenização, além de uma pensão mensal de R$ 7.000. Cristiano Júnior, irmão do goleiro, teria direito a R$ 120 mil.
Os demais acordos com as famílias foram concluídos entre o período imediatamente posterior ao incêndio e dezembro de 2021. O último acerto individual foi firmado com Rosana de Souza, mãe de Rykelmo, cujo pai havia negociado separadamente com o clube, sendo um dos primeiros a selar um acordo.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros